Chico Rei

“A história nos traz a “oralidade” como fonte de memória e conhecimento, a oralidade/memória, diverge de acordo com cada indivíduo. Desta forma, a oralidade se torna crença e a crença se torna História”.

Desejo, nesta data, tão especial, prestar homenagem à  Chico Rei, um valoroso Rei Africano que nasceu em Galanga no Congo como um monarca guerreiro e foi capturado com toda sua corte por comerciantes portugueses de escravos e vendido com seu filho Muzinga, no Rio de Janeiro em 1740.
Foi comprado por um proprietário de minas de ouro em um lote de escravos. Já em Vila Rica, o Rei de calças de algodão, busto nu, abria a marcha como se dirigisse suas tropas cercado de honrarias. O Rei Negro fora batizado com o nome de Francisco e os negros escravos, em voz baixa, juntavam os dois títulos supremos do ex-soberano. O chamavam pelo nome cristão e o predicado real, o escravo passou a ser “Chico Rei”.
Foi um escravo muito esforçado em cumprir suas atividades, seu trabalho era incansável e lhe rendeu as pepitas de ouro necessárias, para comprar sua esposa também escrava. Com o passar do tempo Chico Rei tornou-se um homem livre, mas continuava trabalhando para comprar seus filhos e vassalos em torno de 400 cativos, entre os quais, integrantes de sua corte africana.
Chico Rei comprou um lote de terras na Encardideira, o qual era uma mina de ouro, desta forma, ficou rico e ampliou os limites de seu domínio reunindo os homens livres e construindo seu reino perdido. Sua devoção a Santa Ifigênia cresceu e sentiu a necessidade de erguer uma igreja para a santa, cuja capela se fincou com modéstia no Alto da Cruz, uma igreja no alto do morro para ser vista por todos.
Rei de manto e coroa Chico Rei era aclamado nas festas de Nossa Senhora do Rosário, com o poder de um direito que fora conquistado com lágrimas, sofrimentos e martírios. Nenhuma autoridade era superior à sua voz, voz do Rei no mando, sem esquecer os anos igualitários no eito da escravidão.
Foi Chico Rei que introduziu a Congada no Brasil, um bailado dramático, em que os figurantes representam com cantos, danças, cortejos, cavalgadas e música a coroação de um Rei do Congo, mesclando cultos católicos e africanos, rituais dedicados à protetora tradicional dos negros no Brasil, Nossa Senhora do Rosário e outros santos negros como São Benedito e Santa Ifigênia.
Transformou-se numa figura lendária, considerada o símbolo da liberdade no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Após sua morte, boa parte da comunidade formada por cativos alforriados abandonaram Ouro Preto, os prováveis motivos foram por esgotamento total da mina de Encardideira, a perda de prestígio e segurança, sem a presença do rei-escravo.
verita
Enviado por verita em 13/05/2012
Código do texto: T3665680
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