MISÉRIA E CRIMINALIDADE

MISÉRIA E CRIMINALIDADE

“Na sua mente, há uma câmara preciosa. É um ponto central que tudo interfere e analisa. Ali, os seus pensamentos se encontram com a atuação de Deus. Por isso, é divina, luminosa, sensível e intocável. Tudo passa por essa câmara. Ela mede o seu grau de adiantamento espiritual. É a sua consciência”. (Lourival Lopes).

As relações existentes entre Estado/governo e partes privilegiadas da sociedade brasileira, se sobressaem entre as demais formações humanas pertencentes a esse rol e a esse écrã. Denominada de “elite” financeira e oligarquias, elas existem em detrimento das classes conhecidas como subalternas que predominam nos estudos sócio-antropológicos, econômicos e políticos, todos centrados na problemática nacional. As elites dominantes se inserem na política brasileira fazem moradia e não querem mais sair. O poder é algo fascinante, mormente as causas inesperadas que podem massacrar a população mais pobre e menos protegida. Na apatia política o pobre não está integrado na vida política da cidade e do país. Existem políticas internas, interesse, destaque e informação política com participação eleitoral, onde se destaca a ação política direta e o uso de canais administrativos, alienação, demanda de mudanças estruturais, consciência de classe e nacionalismo. Todos esses apetrechos formam o ciclo do Radicalismo Político, devido às suas frustrações, desorganização social e anomia, os pobres são inclinados para o radicalismo de esquerda, visto que devido às necessidades são fáceis de manobra.

Os políticos mais sagazes observam essa fraqueza e usam o assistencialismo devorador para proveito próprio. No pós-guerra, a economia substitutiva de importação chegou a oferecer brechas para a mobilidade social ascendente e incremento do emprego sob a proteção da legislação trabalhista. As duas últimas décadas de regressividade distributiva, com forte componente de exclusão de força-trabalho, geraram grandes tensões e rupturas na estrutura social. As disparidades de renda aproximam o Brasil das regiões mais pobres e injustas do globo. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1999 revelam que a renda dos 10% mais ricos da população é 30 vezes maior que a renda de 40%mais pobres. Apesar dos dados seres de 1999 a situação não se modificou muito, visto que o investimento no social nesse período foi muito anêmico não surtindo nenhum efeito de melhora para a classe dos menos aquinhoados. Podemos ressaltar que a classe rica está mais rica e a pobre mais pobre.

Estamos inseridos na geografia da fome. As regiões Norte e Nordeste continuam sendo discriminadas e as regiões interioranas sofrem os efeitos da seca e das enchentes e o quadro social não modifica, pois os maiores recursos são destinados às regiões Sul e Sudeste gerando um caos social muito grande. No social se encaixa a desorganização interna e o surgimento de favelas que não possuem organização social interna, seus residentes são solitários e isolados. Existe também o isolamento externo, visto que o favelado não está integrado na cidade, não se utiliza muito do contexto urbano e nele nunca se sente a vontade. Muitos aspectos como a adaptação urbana, familiaridade com a cidade, heterogeneidade de contatos, uso da cidade, uso de órgãos urbanos e a exposição aos meios de comunicação de massa inexiste. Por que a violência, o tráfico de droga, o assalto, os crimes de vários matizes se perpetuam nesse meio? Resposta muito fácil de dizer, visto que essa parte da população se encontra ausente das ações governamentais, não existe saúde, educação, segurança e as comunidades que lá existem não interagem por interferência dos provocadores do mal.

As autoridades tem receio de enfrentar a violência que se instalou nesses morros, guetos, ruas estreitas e sem saídas proporcionando aos malfeitores traçarem seus planos satânicos de guerra. A violência no Brasil cresceu em proporções insustentáveis fazendo contraponto com a corrupção que assola todo o Brasil, como se fosse um vírus destruidor e devorador. Na cultura do tradicionalismo, a favela é um enclave de paroquialismo rural na cidade. Um dos vetores para minimizar essa situação seria a orientação religiosa sem a busca perniciosa do vil metal, abertura à inovação, orientação para a família, empatia, fatalismo, deferência para com a autoridade. A Polícia pacificadora já é um caminho para a diminuição das mazelas, mas isso só não basta. O social deve ser potencializado com mais escolas, lazer para a gurizada, assistência social, jurídica e médica em tempo integral e a possibilidade de emprego para os que se encontram no ócio coletivo.

Exterminar o comércio informal com a formação de técnicos que poderiam alavancar meios para crescimento dessa sociedade tão sofrida e esquecida. Desde 1985, a primeira posse de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República, segundo Cadastro Geral de Empregados e desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, o país perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho na economia formal. Levantamento divulgado pela FESP indica que na vigência do Plano Real a indústria paulista eliminou 570 mil postos de trabalho e que há sete meses consecutivos o setor só demite. A redução da oferta na produção está criando uma situação social explosiva. São ações de um presidente sociólogo que afirmou transformar e enriquecer a nação brasileira.

Veja, no Sistema Previdenciário, dos 18 milhões de aposentados cerca de 12 milhões recebem apenas um salário mínimo cronicamente defasado. Desde 1985, o salário mínimo para sobrevivência deveria ser, em janeiro de 2002, de R$ 1.100, olhem que já estamos em 2012 e com novo governo e suas políticas em pleno andamento, ainda não chegamos à metade dessa quantia prevista há 10 anos. A cultura da pobreza faz com que o menos favorecido e o favelado, tenham como reação e adaptação à sua penúria, se elabora uma perpétua cultura de pobreza. Surge à desconfiança dos outros, crime e violência, dissolução da família, pessimismo e aspirações. São Paulo ganha uma favela a cada oito horas. Sob viadutos, pendurada em encostas ou invadindo áreas públicas e privadas. Em locais como esses surgiram 464 favelas em São Paulo na última década. Esse desprazer não é somente de São Paulo, visto que já atinge o Brasil inteiro. Os dados de estudo do governo revelam um movimento social preocupante. A uma década mais de 1 milhão de pessoas existia nas favelas. Hoje o número é bem maior já que esse percentual refere-se ao ano de 2000. É triste e lamentável, mas é verdade nua e crua. Na economia vem o parasitismo econômico, onde os favelados representam um dreno na economia urbana, tomando mais do que dão. Emprego e renda, consumo, contribuição à infraestrutura não existe. No Paroquialismo econômico tanto a cultura do tradicionalismo como a cultura da pobreza contribuem para o paroquialismo econômico do favelado. A ética no trabalho, a Instrução e o treinamento profissional e os valores empresariais seriam brilhantes nas mãos de pessoas que nunca tiveram contato com algo de valor inestimável.

As primeiras manifestações da crise da moradia no Rio de Janeiro remetem ao período que compreende a Segunda Grande Metade do século XIX e as três primeiras décadas do século XX. É o período da urbanização/industrialização, de mudanças de ordem econômica, social e espacial. Entre elas destacam-se as abolições da escravidão, que culmina a substituição do trabalho escravo pelo assalariado, a formação de mercados e a mercantilização de bens, a decadência da na província fluminense, o desenvolvimento dos setores secundários e terciários da economia, as grandes migrações, a definição de novas elites no poder, com a queda do império e a proclamação da República. O crescimento urbano foi intenso (235.000 em 1870, 522.000 habitantes em 1890) e foram criados modernas infraestruturas e serviços públicos. Nessa fase de crescimento os pobres foram esquecidos e eles buscavam sobrevivência na área central, onde se concentravam moradia e trabalho. Surgiram então os cortiços e depois as favelas.

Parecem atraentes as teorias que relacionam as favelas e o radicalismo, conforme cita Janice E. Periman em seu livro “O Mito da Marginalidade – Favelas e Política do Rio de Janeiro”. Muitos teóricos, todavia, sustenta que o principal problema a ser compreendido é o oposto-não o ativismo, mas na verdade a apatia e a ausência de interesse político. Essa ausência de interesse político perdura até os dias de hoje e a situação tende a se complicar ainda mais, pois desviaram o foco, eles não querem mais combater a pobreza e sim enricar a todo custo, enquanto isso acontece cresce a pobreza no Brasil e a violência se espalha em ritmo acelerado. Algum político de bom senso saberá contornar a situação, difícil é saber quem será o herói, pois a ausência de líderes é fenomenal. Pense nisso1

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA CI- DA ACE- DA UBT- DA AVSPE- DA ALOMERCE E DA AOUVIRCE.

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 16/07/2012
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