James O' Barr sob a sombra do Corvo


Fruto das obsessões auto-destrutivas de seu autor, personagem parece destinado a se tornar clássico.

James O' Barr, nascido em janeiro de 1960, cresceu no subúrbio de Detroit e estudou três anos na Wayne State University. Uma de suas preferências na universidade era analisar trabalhos renascentistas, principalmente de Michelangelo. Frank Frazzeta foi um dos artistas que o inspiraram, assim como Egon Scheil Howard Pyle, entre outros. Sem um estilo definido, o desenhista sempre está atento à assimilação de novas técnicas da aquarela, que utiliza para retratar mulheres.
 
O' Barr começou a criar seus trabalhos já na adolescência (1978), desenhando manuais de combate para fuzileiros navais, quando prestava serviço militar na Alemanha. Nas horas vagas começou a desenhar e colocar em prática sua maior criação, "O Corvo", que era uma forma de expressar seus sentimentos pela perda da namorada, atropelada e morta por um motorista embriagado. O' Barr diferia dos demais artistas de sua época na variação dos tamanhos de seus quadrinhos, na ênfase dispensada às expressões da personagem, nos ângulos de linhas e, principalmente, na valorização dos sentimentos, expressos nitidamente em sua arte.
 

James O' Barr

O Corvo tem, como ponto de partida, a história de Eric Draven, líder de uma banda de rock assassinado junto com sua noiva. O desejo de vingança que toma conta da alma de Eric faz com que ele volte à vida por meio de um corvo, que lhe dá o poder necessário para começar sua vingança. Tudo isso no estilo gótico que imperava no mundo em 1978. Nos anos 80, porém, seu trabalho foi recusado por vários editores, que reconheceram o interesse da obra de O’ Barr, mas julgaram-na muito lenta. Apenas sete anos mais tarde é que seu trabalho seria publicado por Gary Reed, dono de uma loja que O’ Barr freqüentava. Reed fundou a Caliber Press, que publicou duas aventuras de Eric Draven em Caliber Presents (no primeiro número e na edição de Natal) e, mais tarde, uma série específica do herói, infelizmente cancelada. O Corvo só retornaria em 92, quando a editora Tundra, de Kevin Eastman, republicou o material de Caliber inclusive a esperada conclusão da história.
 
Em 1993 o filme baseado em The Crow começou a ser rodado. Também naquele ano, a Kitchen Sink adquiria a Tundra. Na opinião de O' Barr, o projeto foi a única conseqüência boa do trabalho, já que desenhar O Corvo aumentava ainda mais as tendências auto-destrutivas do artista. Em 94 a Kitchen Sink lançou a edição encadernada que incluía, além da série, as duas pequenas histórias de Caliber Presents. A edição original em capa dura, com uma tiragem limitada de apenas 2.500 cópias, traz um CD com letras de O' Barr e executadas por John Bergin e Brett Smith, que serviu de trilha sonora para os quadrinhos.
 
Brandon Lee ganhou o papel central no filme inspirado na obra de O' Barr. Na noite do Demônio (conhecido como Halloween Eve), em uma cidade anônima, um homem - Eric Draven - galga seu caminho para fora da tumba. Ressuscitado por um corvo, a alma de Draven é transportada através do pós-vida e de volta à Terra. Gradativamente, o herói recorda-se de que ele e sua noiva haviam sido brutalmente assassinados por quatro marginais. O que Draven descobre é que o assassinato de sua amada foi mais do que deliberado. Conforme vai eliminando cada um de seus alvos, mais se aproxima do sádico vilão Top Dollar (Michael Wincott), que controla o crime organizado. Incapaz de ser morto enquanto o corvo se mantiver vivo, Draven enfrenta Top Dollar e seus capangas, tudo isso com uma impecável trilha sonora composta por Graeme Revell e que inclui bandas como The Cure, Stone Temple Pilots e Medicine, entre outras.
 
Por mais irônico que seja, Brandon Lee já estava em vias de rodar suas últimas tomadas quando foi morto acidentalmente no set de filmagem, alvejado por uma pistola que não fôra adequadamente inspecionada. Por conta disso, a produção foi cancelada e, meses mais tarde, concluída por meio de computação gráfica. 
 
Brandon Lee no papel do Corvo

O sucesso de O Corvo acabou gerando um segundo filme baseado na obra de O' Barr, The Crow - City of Angels (A cidade dos anjos). Desta vez, a história girava em torno de um pacato mecânico chamado Ashe Corvin (Vincent Perez) que testemunha, junto ao filho, um assassinato cometido pela gangue liderada pelo bandidão Curve (Iggy Pop). Ele e o garoto acabam sendo mortos e, como não poderia deixar de ser, Ashe volta através do corvo, para vingar-se da gangue. A trilha sonora, desta vez, deixa a desejar, se comparada com a do primeiro filme. Neste CD há bandas como Seven Mary Three, White Zombie, NY Loose, Iggy Pop e outras. No mercado americano é possível encontrar jogos para PC e games como Saturn e Playstation com título do segundo filme. Também não faltam camisetas, chaveiros, bonés e outros artefatos para a grande legião de fãs da saga, que vem crescendo em todo o mundo.
Sr Arcano
Enviado por Sr Arcano em 09/09/2012
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