POESIA FAZ BEM

Quem disse que ler Quintana, Rilke, ou Drummond é inútil? Em um mundo pragmático em que se pergunta: “Para que serve a filosofia, ou a poesia?”, a Universidade de Liverpool, na Inglaterra, trouxe um dado científico. Segundo um estudo publicado no último dia 15, a leitura de textos poéticos estimula mais o cérebro que a de livros de autoajuda, por exemplo.

Segundo notícia publicada na Folha de São Paulo (15/01/2013), os resultados apontaram que a atividade cerebral “dispara” quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidano. Foram utilizados no estudo textos de poetas como John Donne e Philip Larkin. Ou seja, é mais útil ler um poema de Cecília Meireles que ficar horas lendo revistas de fofoca ou postagens bobas no facebook.

Contudo, devemos ficar atentos a uma questão: E se a pesquisa mostrasse o contrário? E se amanhã outra universidade apresentar um resultado inverso? Será que sempre estaremos em busca daquilo que “dá certo” (normalmente relacionado a aspectos financeiros), em detrimento daquilo que é belo e bom?

Quem ama a poesia não está preocupado em saber se ela “dispara” alguma parte do cérebro. Quem lê textos poéticos pensando em melhorar a sua atividade cerebral corre o risco de perder o melhor da festa. Poesia é abrir fresta em uma fortaleza, é ser surpreendido pelo sublime, se deixar enlaçar pela trama de belas letras, viajar por lugares altos sem sair do chão, aprender de um modo mais profundo e tocante.

A poesia não nos aliena do mundo, mas nos faz transcedê-lo. Alguns anos atrás, aprendi que os poetas antecederam os filósofos na tarefa de explicar o mundo. O próprio apóstolo Paulo citou um poeta grego ao anunciar o evangelho na culta e cosmopolita Atenas. As Escrituras judaico-cristãs estão repletas de textos poéticos. São salmos, provérbios e cânticos que procuram, não somente nos comunicar a Verdade, mas nos fazer apreciá-la, amá-la e vivê-la. Deus é o maior poeta.

Multipliquem-se, pois, os estudos sobre a poesia. Descubram-se seus benefícios cerebrais. Nada disso a tornará melhor do que já é, pois como afirmou o poeta francês Jean Cocteau: “Tenho certeza de que a poesia é indispensável, mas não me perguntem por quê”.

George Gonsalves
Enviado por George Gonsalves em 17/01/2013
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