A importância da criação de um Arquivo Público em Altaneira-CE

Durante muito tempo, o arquivo foi tido como um depósito de papel velho e sem utilidade e, no seu interior, o arquivista, visto simplesmente como o profissional que “mexe com papel”. Toda via como o passar do tempo, esse conceito vem sendo constantemente redefinido na medida em que cresce o interesse pela reconstrução do passado. Mas afinal, qual a função e a importância do arquivo público e do profissional que nele trabalha para a sociedade?

Discute-se muito hoje a necessidade de preservação do Patrimônio Histórico-Cultural, a valorização do passado, bem como a memória coletiva dos municípios alicerçada em diversas áreas do conhecimento humano. Aqui, os arquivos entendidos como locais de memória dos grupos sociais aparecem a um só tempo como de fundamental importância nesse contexto. È nesses arquivos onde se armazenam os diversos relatos de cultura e da tradição de uma sociedade.

Esse espaço público possui grande relevância para as sociedades ao passo que recolhe, organiza, preserva e tomba documentos escritos e iconográficos das instituições públicas e privadas, contribuído para o resgate da memória dos sujeitos históricos.

Ao profissional do arquivo cabe estimular e cooperar por meio do desenvolvimento de atividades visando à divulgação e visitas aos bancos de dados deste importante acervo. Isso permite a estudantes, professores e pesquisadores a realização de pesquisas, fortalecendo a construção do conhecimento histórico.

Assim, o arquivista exerce função de destaque, uma vez que seu trabalho é voltado exclusivamente para a valorização dos documentos, pois compreendem os registros da sociedade que ele está inserido, suas recordações e suas memórias que irão ajudar na construção de sua identidade e história.

Diante do exposto pode-se dizer que o arquivo, como espaço de produção histórico-cultural, representa uma produção simbólica e material, carregada de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais de uma sociedade.

O município de Altaneira, com pouco mais de meio século de emancipação, exatos 54 anos, localizado na região do cariri, sul do Estado do Ceará, é um dos poucos desta região que ainda não dispõe de um espaço adequado que vise preservar o vasto acervo cultural que lhe marca.

Vale destacar que com o rápido, mesmo que desordenado crescimento do município, há uma progressiva perda e descaracterização do Patrimônio Histórico, bem como também do descuido para com os espaços onde se encontram os materiais, vindo a contribuir para a destruição destes. Diante desse contexto há ao mesmo tempo a necessidade de se refletir acerca da constante transformação dos espaços urbanos, paralelo às implicações referentes à qualidade ambiental e preservação do patrimônio construído.

Nunca é demais lembrar que nos espaços sociais vivem seres humanos que possuem memória própria e é parte integrante da história. Por esse motivo, não pode passar despercebido pelos habitantes da cidade, tampouco pelo gestor municipal à destruição da casa de seus antepassados, bares, as documentações e outros prédios históricos. Afinal, Toda essa “destruição do patrimônio” faz com que se perca um pouco da identidade e identificação com o local onde vivem.

Portanto, preservá-lo é um dever do gestor e a comunidade precisa participar desse debate e cumprir seu dever como cidadão cobrando ações nesse sentido. É importante lembrar que um município sem algo que o identifique, é um município morto.