BARROCO MINEIRO

Os sinos das igrejas barrocas de Minas eclodem em responsos: pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O barroco, essa tendência artística, surgiu na Europa no século XVII, desenvolvendo primeiramente nas artes plásticas e depois, estendendo-se à literatura.

A espiritualidade e o Teocentrismo dominante em eras anteriores contribuíram para o surgimento dessa arte contrastante com o antropocentrismo e o racionalismo vividos naquele período. A Igreja vivia mudanças.

O barroco português influenciou diretamente o brasileiro, mineiro. Em Raposos, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, primeira igreja matriz de Minas Gerais, aproximadamente em 1690, traços do Barroco Joanino, em homenagem ao D João V, pode ser observado nos retábulos, nos altares da igreja, na ostentação e na opulência da era do ouro naquele município. Porém, com o tempo, em outras localidades essa arte foi assumindo características próprias.

A grande produção artística barroca no Brasil e nos municípios mineiros ocorreu nas cidades auríferas, no chamado século do ouro (século XVIII). A riqueza dessas cidades ajudou a proporcionar uma intensa vida cultural e artística e as marcas desse período permaneceram nas obras de Aleijadinho e do Mestre Ataíde.

Nas cidades históricas, sempre em pontos de destaques, as torres das igrejas fazem lembrar os presépios, enfeitando as paisagens naturais das colinas mineiras. Suas abóbodas acompanham os contornos arredondados das montanhas que tanto confirmam o solo de Minas.

O período colonial brasileiro nos legou o mais importante acervo arquitetônico e artístico preservado nas cidades históricas de Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, Diamantina entre outras de igual relevância.

Sinônimo de cabelos cacheados, os anjinhos barrocos, alados ou não, atravessam séculos sustentando sobre seus ombros, nos frontões dos altares, as colunas e os entalhes de madeira revestidos, uns, de ouro.

Pelas estreitas ladeiras, quase sem passeios, os casarios apontam para os beirais numa mescla de claridade e sombra. Os lampiões iluminando a noite nas sacadas enfileiradas contribuem para a observância dos conjuntos de telhados já enegrecidos pelo tempo formando um retrato emoldurado.

Dos varandões com corrimãos de madeiras entalhadas, escadas de pedra conduzem ao porão ou salão de reuniões secretas. O mineiro sempre foi discreto até para se reunir.

Os doze profetas de pedra sabão, sempre alertas, mantem-se fixos distribuídos em seus lugares no adro da igreja por séculos, recebendo os turistas e perpetuando a história de um povo com um passado rico em ensinamentos.

Minas Gerais sentindo a importância de preservação, e de comemoração de seu Barroco, o Governador do Estado, Antônio Anastasia, por meio do decreto 46.309 sancionou a Lei 20.470/2012 que celebra o Dia do Barroco Mineiro, nesta segunda-feira (18).

De agora em diante quando ouvirem por entre os vales e montanhas os sinos repicarem em responsos, não será necessário perguntar por quem os sinos dobram, pois com certeza, eles dobram pelo Barroco Mineiro!

Palavras-chave

Dia do barroco mineiro, Aleijadinho, Mestre Ataíde, Raposos, Ouro Preto, Diamantina, Mariana, Sabará, responsos.