VAN GOGH E THÉO - O FASCÍNIO DA AMIZADE

O genial pintor Van Gogh, em suas cartas a Théo [seu irmão] nos contempla, além da sua experiência artística, com o que há de mais belo na amizade sincera entre duas pessoas.

Suas cartas compõe um conjunto no qual se lê valores tão fundamentais na partilha humana, e que hoje, diante das transformações econômicas e sociais drásticas, nas quais os sentimentos humanos perdem a cada passo o valor solicitado na prática.

É bom amar tanto quanto possamos, pois nisso consiste a

verdadeira força, e aquele que ama muito realiza grandes

coisas e é capaz, e o que faz por amor está bem feito.

[Cartas a Théo, Van Gogh].

Theo, sempre o irmão dedicado, servindo-se ao pintor em suas necessidades vigentes... É ele quem “banca”, os sonhos de Van Gogh em se tornar um bom pintor de telas, enviando a este o dinheiro para que tenha abrigo, alimentação, vestimentas, cores, telas e tudo mais que necessitasse em seu encontro com a arte.

Caro Théo, obrigado pelo dinheiro, pelas tintas e telas. Com a

sua ajuda posso ir adiante, sinto a força para trabalhar

crescendo em mim a cada dia. Você percebe Théo, que o que

eu estou fazendo é novo. [Cartas a Théo, Van Gogh].

O pintor tão excêntrico no uso das corres, tão “violento” em suas pincelas, tão entregue a arte com a sede inexorável do entender seus signos e significados, procura sempre agradar a seu irmão oferecendo retorno a sua aposta.

Os sofrimentos do pintor, a sua agonia, sua excitação pelas cores somada à enfermidade e o sentimento de fracasso o leva, em certo ponto da vida, a atirar contra seu próprio peito, ocasionando sua morte dois dias depois. Chocado com a perda do irmão, Théo, inesperadamente, fica em estado paralitico e, passado alguns meses, também morre.

Agora vivemos num mundo em que a pintura, está tomada de

pessoas que ganham muito dinheiro. E não pense você que

estou imaginando coisas. As pessoas pagam muito pela a obra

quando o próprio pintor se suicida. [Cartas a Théo, Van Gogh].

O livro das “Cartas a Théo” traz a agonia do pintor com tanta intensidade que nos leva aos ambientes nos quais o pintor viveu sua experiência extraordinária com a arte. É possível sentir o cheiro de tinta impregnada em cada uma de suas cartas.

Estou possuído pelo novo prazer que sinto nas coisas que

vejo, porque tenho uma nova esperança de fazer algo que

tenha alma. Estou a tal ponto lambuzado de cores que há

cores até nesta carta... [Cartas a Théo, Van Gogh].

A BBC nos presenteia um documentário excelente intitulado “Pintando com palavras” (2010), no qual destaca com originalidade partes das cartas de Van Gogh a Théo, apresentado por Alan Yentob e tão bem representado pelo ator Benedict Cumberbatch, no papel do pintor Van Gogh.

Vale a pena assistir ao Trailer disponível no seguinte endereço:

https://www.youtube.com/watch?v=lrf7K96BO7c

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Bibliografia:

VAN GOGH, Vicent. Trad. Pierre Ruprecht. Castas a Théo. Porto Alegre: L&PM, 2007.

Blog pessoal do autor: http://arterevistadigital.blogspot.com.br/