Sobre Lu Maia na FUNESC

Nasci em João Pessoa, capital da Paraíba, há 51 anos, pouco antes que os primeiros fundamentos do Espaço Cultural viessem a ser pensados pelo então governador Prof. Tarcísio de Miranda Burity e sua equipe. Dessa forma, o Espaço existe graças a sua formação intelectual, suas vivências culturais regionais, nacionais e internacionais e sua condição de um tanto “visionário” – que lhe rendeu a consciência das necessidades culturais futuras da Paraíba, tendo em vista que, tradicionalmente, sempre foi um dos Estados brasileiros mais produtivos no que diz respeito aos fazeres artísticos em todas as suas modalidades e estilos.

E é aquele Espaço Cultural “do futuro” idealizado por Burity que existe agora. Porque há quase 32 anos – aniversário de existência da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC), cujo patrono é o escritor paraibano José Lins do Rego – nascia o Espaço Cultural, a despeito de alguns de seus opositores alegarem que se tornaria inevitavelmente um inútil “elefante branco”, digno de sua implosão minutos depois de sua inauguração.

Mesmo que administrações posteriores ao Governo Burity tenham negligenciado a importância do Espaço Cultural – naturalmente um reflexo da desimportância conferida à produção artística de modo geral – tendo as tais administrações auxiliado à progressiva e perceptível degradação de sua infra-estrutura, mesmo deficiente o Espaço foi palco de grandes espetáculos de todos os gêneros artísticos, produzidos neste e em outros lados do Brasil e do mundo. Mas, pesar do brado pretensamente integrador dos personagens “Três Mosqueteiros” – que se comprometem a ser “um por todos e todos por um” – o tal brado só funciona entre eles, na ficção. Na vida real, entre a gama de políticos profissionais eleitos, por exemplo, na maioria há falta da verdadeira consciência cidadã nas atuações dos papéis dos muitos que, muitas e muitas vezes inadequada e repetidamente, foram eleitos e reeleitos para administrações dos poderes públicos a que, quando de suas posses, quase sempre consideraram “privados”.

Entre eles, entre trocas de mandatos e gestões, antes da gestão do novo governo da Paraíba – administrado pelo cidadão Ricardo Coutinho – nunca houve interesse de um gestor a finalizar ou mesmo fazer desenvolverem-se obras iniciadas por outros, entre outras descontinuidades destrutivas, procedimento resultado da reminiscência de uma consciência politiqueira tacanha, idiossincrática interiorana vampiresca, “coronelista” – como dizem os do interior. Não fossem os de boa vontade entre nós e eles já teriam conseguido vampirizar completamente os quatro cantos do devastado Estado paraibano, atualmente em fraco processo de recuperação, estando entre as obras feitas, ou sendo feitas, as instalações da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC) – que deverão ser concluídas nos primeiros meses de 2014.

Entre os e as muitas presidentes da FUNESC em três décadas de existência, a Bibliotecária e fotógrafa nortista Lucinéia Maia Bezerra (Lu Maia) foi convocada pelo governador Ricardo Coutinho, entre seus assessores, a administrar a Fundação – estando ela atualmente na função de Vice-Presidente, cargo antes ocupado pelo jornalista William Tejo, sendo seu novo Presidente o poeta gaúcho Lau Siqueira, antes Presidente da Fundação de Ação Comunitária (FUNDAC).

Mas aqui, para fazer jus aos esforços de Lu Maia enquanto Presidente da Fundação – que, antes de chegar Lau Siqueira, deu os pontapés iniciais ao difícil início das reformas por que passa agora a FUNESC, entre outras – precisarei relembrar ações que foram realizadas em sua gestão, tendo sido muitas iniciadas antes que Lau viesse a somar forças e, como fez Lu Maia, dividir os méritos de sua participação administrativa com seus auxiliares.

Assim, na administração da então Presidente Lu Maia se realizou (aqui não por ordem cronológica) a Semana Cultural Zé Lins do Rego, que teve ampliadas suas atrações no âmbito do Cinema, do Teatro, da Música, da Literatura, das artes visuais e da Cultura Popular, em parceria com a escola estadual que leva o nome do escritor (porque são sempre fundamentais as parcerias com as escolas, onde deve existir todo conhecimento sobre nossa produção cultural); o Dia de Brincar, no dia das crianças, com incentivo a leituras, oficina de Desenho, Pintura e brinquedos educativos, resgate de brincadeiras de outrora (pula corta, pega-pega, adivinhações...); elaboração e aprovação de projeto para aquisição de equipamento de luz para o Teatro Santa Roza em edital do Ministério da Cultura; elaboração e aprovação de Emenda Parlamentar para compra de equipamento para a Escola Especial de Música Juarez Johnson; cursos e oficinas (violão popular, harmonia musical, Xilogravura, Desenho, Serigrafia, Oficina do Escritor, Circo e Teatro – este último possibilitando a criação do espetáculo “Deus, Zeus, Sei lá”, com Roberto Cartaxo); realização de ações no âmbito da educação e cultura no Trânsito, levando a algumas cidades espetáculos teatrais sobre o tema (em Cabedelo, Pilões, Pocinhos e Areia) numa importante parceria com o DETRAN.

No universo áudio-visual, realizou cursos e oficinas com grandes parcerias, como o curso de Cinematografia Digital, curso “Política, poética e processo no cinema brasileiro dos anos 1960 e 1970”, “Interpretação para o Cinema”, “Roteiro, animação, direção de atores”, em parceria com o Centro Audiovisual Norte-Nordeste (CANNE) e o Núcleo de Produção Digital da UFPB (NPD).

A difusão do Cinema, não só paraibano, foi possível pelas sessões do Tin-tin Cineclube, bem como projetos da FFUNESC como o “Ver o Brasil, para exibição de filmes nacionais em parcerias com a Secretaria de Estado da Cultura, sendo realizada também a continuidade da Mostra Estadual de Dança, incluindo atrações de Circo, com captação de eventos através de contratos (com valores sem reajustes) e boas parcerias com contrapartidas de disponibilização dos artistas participantes para um bate-papo com alunos, jornalistas e pessoas interessadas – a exemplo de Lobão, que teve sua participação em transmissão online.

Entre lançamentos de Editais, houve o de ocupação dos teatros, priorizando participações de artistas paraibanos; edital para o projeto Music From Paraíba, que vem cumprindo o calendário de execução, assim como para o Prêmio Literário José Lins do Rêgo e sua edição 2013/14, que homenageia o poeta Augusto dos Anjos (em resgate das Edições FUNESC – que não funcionava há mais de 17 anos, aproveitando para regularizar a inscrição da FUNESC também como Editora na Biblioteca Nacional, com aquisição de seu ISBN).

Também, na área de Cinema, houve a elaboração, e desenvolvimento, de edital para o projeto “Curtas PB na Tela”, em processo burocrático para o seu lançamento, contemplando produtores paraibanos, assim como no âmbito das artes visuais, com Edital de ocupação da Galeria de Arte Archidy Picado.

Nas artes cênicas, foi lançado Edital de Ocupação dos Teatros administrados pela FUNESC, priorizando espetáculos paraibanos. Além disso, houve concurso para músicos à Orquestra Sinfônica da Paraíba, bem como abertura de inscrições para os coros sinfônicos.

No interior do Estado, em Cajazeiras, aconteceu a reforma do Teatro Iracles Pires e sua ampliação. Agora, o teatro conta com Sala de Dança, sala para Oficina de Música, assim como ampliação do número de seus acentos e construção de uma cantina – com festejo do aniversário de 27 anos do teatro, com apresentação dos grupos vencedores da Mostra de Teatro e Dança da Paraíba.

Entre as suas inúmeras realizações, sob a presidência de Lu Maia e sua equipe a FUNESC realizou o Dia mundial do Teatro, o Dia da Dança, do Circo, oficinas pelo interior, capacitação para organização de bibliotecas, apresentações das orquestras sinfônicas jovem, adulta e infantil, assim como dos coros sinfônicos e a organização administrativa da Escola Especial de Música Juarez Johnson, bem como da própria FUNESC, com a confecção de fardamentos para os vigilantes, concessão de Vale Refeição e, principalmente, respeito e consideração à classe (conhecia pelo nome cada um, pois em muitas vezes o gestor nem um bom dia dava aos mesmos), motivando a interação social entre os funcionários – entre outros benefícios conquistados.

Para o incremento das ações, foram feitas parcerias também com várias entidades governamentais e privadas, como a Cinemateca, a ABD, UFPB, SEBRAE, Secretaria das Mulheres (um exemplo, quando da realização do show de Ellen Oléria, Val Donato etc.), show dos Paralamas do Sucesso, Dominguinhos com Orquestra Sinfônica, Elba Ramalho e Flavio José, sempre com a realização de campanhas para arrecadação de alimentos em parcerias com outras secretarias, como foi com toda equipe da FUNESC no Festival de Areia, realizado em parceria com a SECULT.

Apesar de o montante de obras realizadas e projetos elaborados na gestão de Lu Maia ser considerável, não poderei aqui detalhá-los mais, restando-me dizer que, considerando o baixo orçamento da FUNESC, injustas serão quaisquer críticas destrutivas feitas a administração de Lu Maia – assim como transferir méritos exclusivos do que vier a ser realizado para o administrador-poeta Lau Siqueira que, de acordo com seus ex-auxiliares da FUNDAC – que o têm em alta conta – também demonstrará (como lá demonstrou) todo seu empenho a trabalhar, em parceria com Lu Maia e o resto de sua equipe, em benefício do desenvolvimento cultural de nossa Paraíba, Estado que, há mais de vinte anos, tanto adotou Lu Maia quanto Lau Siqueira como filhos.