Fenomenologia em Hegel.

Hegel, filósofo alemão, de suma importância, fundador principal do Idealismo Alemão. Defende o preceito historicista, no entanto, elaborou uma filosofia idealista da realidade.

Foi o grande sistematizador da dialética e da Filosofia ocidental de maior importância na Europa, particularmente influenciou o marxismo, em referência a diversos aspectos.

Possibilitou o nascimento de uma lógica filosófica complexa, como sustentação da Filosofia e do Idealismo Absoluto.

Tinha como objetivo defender um sistema integrado e desenvolvido da relação dialética entre a mente e a natureza, do mesmo modo, com igual complexidade, sujeito e objeto do conhecimento, a questão do Estado e da história, a Filosofia como ciência da análise e da compreensão.

Desenvolveu a ideia que o espírito, o significado de Geist, formou-se de modo sistemático em um conjunto de contradições e oposições, em uma lógica dialética contínua e não radical.

Integram-se e se desassociam sem a possibilidade da eliminação total dos pólos. Por outro lado, a redução epistemológica da dialética. Esse é o grande método hegeliano proposto à história da Filosofia como instrumento crítico.

Sua escola influenciou escritores famosos de diversos matizes, entre eles: Strauss, Bauer, Feuerbach, Stirner, T. H. Green, Marx, F. H. Bradley, Dewey, Sartre, Küng, Kojève, Fukuyama, Žižek, Brandom, e seus detratores Schopenhauer, Schelling, Kierkegaard, Nietzsche, Peirce, Popper, Russell, Heidegger.

Hegel representa o cume do idealismo alemão, referente especificamente ao século XIX influenciando de forma determinante o materialismo histórico de Karl Marx.

Despertou para Marx uma nova elaboração da dialética, visão da história em uma perspectiva diferente, visando a eliminação num dos pólos, referente à compreensão de análise da contradição.

Elaborou um sistema para compreender a história da Filosofia e do mundo, a qual foi denominada dialética, tendo nessa elaboração certa sistemática de progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução para as contradições inerentes ao movimento anterior.

Supera-se sempre em parte, mas não na totalidade e, dessa forma, consequentemente a história produzindo mudanças necessárias ao desenvolvimento.

Para Hegel a História evolui com os erros, esses são constantes dentro da lógica de transformação, defende que o ser é idêntico a si mesmo, de certa forma, eliminando coerentemente seu oposto, o que significa o principio da identidade e de contradição.

Ao mesmo tempo o autor sustenta que a realidade é naturalmente a mudança, o devir histórico, o que havia refletido Heráclito de Éfeso, porém a mudança de um elemento ao seu oposto não é tão simples em razão de ser apenas complementar e, realiza-se de modo parcial, em forma de fragmentos.

O que podemos constatar é que a dialética seja um dos aspectos do sistema hegeliano, foi naturalmente objeto de má compreensão durantes anos, até mesmo pela Filosofia política marxista.

Para entender melhor essa questão, o caminho da reflexão ontológica do princípio da contradição, o fundamento da epistemologia na análise dos conceitos aristotélicos de potência e ato.

O que significa essa explicação em referência a Aristóteles produzido pelo pensamento árabe particularmente Averróis: o ser não é ao mesmo tempo ato e potência; essa a nova ideologia da sistematização do tomismo aristotélico.

Um ser que é ao mesmo tempo potência e ato refere-se ao aristotelismo, não traduzido ou então na concepção dos objetos como unos e múltiplos ao mesmo tempo.

Tudo se realiza numa mecanicidade permanente, a efetivação, de fato, seria na verdade a negação da dialética e ao mesmo tempo a impossibilidade da efetivar a História.

Concepção política das transformações.

Hegel utiliza-se do sistema dialético para entender a História e Filosofia como ciência do fundamento, a arte da política para atingir a compreensão política do Estado, sendo que o mesmo incorpora o espírito como lógica universal.

Nenhuma mudança poderá ser realizada, a não ser por intermédio da formulação da própria política, na superação dos estágios, mas não na eliminação das contradições totais.

Essa visão da História foi duramente criticada por Marx ainda no século XIX. Posteriormente, próximo dos nossos dias, o senhor Karl Popper, crítico pertinaz de Hegel em seu grande livro: A Sociedade Aberta e Seus Inimigos. Popper deixa claro que o sistema de Hegel é uma justificação oculta do governo de Frederico Guilherme III.

Naturalmente que nesse aspecto Popper não estava totalmente certo, pois o método da fenomenologia de Hegel é muito maior que a circunstância do tempo e da política.

Outros críticos de Hegel, aquele que formula uma apologia do poder estatal, como se ele fosse o precursor do totalitarismo do século XX. Foi duramente criticado por Herbert Marcuse em Razão e Revolução.

Naturalmente que Hegel elaborou o nascimento da teoria social. Marcuse não gosta da apologia que Hegel faz a certo tipo de Estado ou forma de autoridade, mas o mesmo defende um Estado que tem de ser obviamente racional.

Já Arthur Schopenhauer foi muito mais cruel, desprezou Hegel por seu historicismo e o chamou formulador de uma falsa Filosofia.

Podemos entender como seu trabalho não era de consenso, desenvolve-se a partir de um rol de complexidades.

A epistemologia de Hegel tem fama de ser difícil, devido às complexidades dos temas que pretendem abarcar.

Coloca sua Filosofia como sistema para entender a História e a política, de certo modo o mundo articulado. Chama essa metodologia de dialética do sujeito em análise ao objeto.

Procura dar à dialética uma progressão infinita numa dinâmica interminável, segundo cada movimento sucessivo que surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.

Tudo está dentro de tudo, o espírito dentro da sua lógica de entendimento das contradições necessárias ao movimento da História.

Ao analisar o verdadeiro espírito da Revolução Francesa, Hegel entende veementemente pela primeira vez na perspectiva da História, o espírito da liberdade e lógica da constituição das mudanças, não sendo necessária nenhuma revolução, motivo do endurecimento da dialética posteriormente desenvolvida pelo marxismo.

Os filósofos que estudaram Hegel, principalmente os marxistas, não reconheceram o valor da sua dialética Tríade. No entanto, o historicismo cresceu tanto para a Filosofia do mesmo, como para o materialismo histórico da oposição, ou seja, a constituição do pensamento dialético do marxismo.

Hegel entendia que a formulação da História era o caminho correto, o estudo da Ciência, da sociedade,destacando alguns aspectos da compreensão da História.

Sua epistemologia oferecia o eixo para o entendimento da sociedade e o caminho para mudanças sociais, estabelecendo o tribunal para aplicação da justiça do mundo: o Estado era naturalmente hegeliano.

O preceito fundamental de Hegel é a defesa de que tudo o que é real é lógico e racional, consequentemente a mesma perspectiva, o que é racional é real. A finalidade da História era, para Hegel, o desenvolvimento dela mesma.

Hegel teve coragem de formular a síntese após ter documentado sobre o estado de todas as ciências positivas do seu tempo, cujo conteúdo experimental deveria ser colocado em seu sistema, concebendo-o num entendimento evolucionista, graças ao seu exuberante método dialético. Sem perspectiva radical, a mudança seria um caminho natural do próprio movimento da História, pela realização da dialética por meio do Estado político.

A sua dialética bem entendida não parece ser como a princípio, simplesmente, a negação da contradição, até porque não nega em absoluto esforço contínuo para livrar-se dela mesma por meio de uma noção sintética e reconciliadora do modelo.

Com efeito, a tese como princípio traz já na sua elaboração a lógica da antítese, isso numa revolução permanente, porém não superativa, escolhido o modelo o caminho é ad eternitum.

O que significa não ter fim, a História não termina, mas reformula, consecutivamente, a cada momento na determinação de novas fases, essa compreensão era inadmissível para a epistemologia da dialética marxista como fundamento do novo materialismo histórico.

Para Hegel, a mediação de transformação era sempre elaborada pela classe detentora da revolução. Como em referência, tratava-se da Revolução Francesa, Marx chamou essa perspectiva da dialética hegeliana da construção metafísica mistificadora, a realização da anti-história.

Hegel não estava preocupado com esse tipo de crítica, uma vez que em sua opinião, a epistemologia formulada por ele estava determinada a realizar-se na História.

Apenas o espírito pensa verdadeiramente a contradição: esse é o caminho. Efetivamente, de toda ideia abstrata, se a interpretarmos segundo o idealismo absoluto, chegaremos a essa mesma lógica, porque então teria de se preocupar com outra epistemologia, fundamentada na superação das contradições, mudando o caminho da construção da liberdade pela perspectiva operária.

Sua trilogia era perfeita em todas as situações, apenas uma questão de aplicação do método, a questão típica do ser e do não ser, a lógica do devir, o fundamento do movimento.

O que é naturalmente abstrato, o que não é senão o ser, com a lógica precisa, o fundamento da relação, não o conceito vazio do entendimento. É, com efeito, coerente, pois toda realidade representa a si mesma na sua formulação contínua do aperfeiçoamento.

Tudo o que é real é real, mas em si mesmo nada é, pois o que se identifica ao mesmo tempo, com realidades que se excluem o que não é verdade, a exclusão nessa análise é apenas parcial e não na perspectiva total das identidades próprias.

O mundo não muda pela radicalização, a História constitui na formulação lenta dos fatos e nada justifica o paradigma da sua contrariedade, proposição fundamental ao método e a sua dialética permanente do devir histórico.

O grande fundamento é ,psicologicamente, impossível imaginar o ser idêntico a tudo e não imaginar o nada: a tese obrigatoriamente traz a sua antítese e o mudar-se em não ser, porém esse mecanismo é exatamente o ser, que é consecutivamente superior.

No entanto, se permanecer nele mesmo transforma-se em uma dialética refratária e não atende mais à dinâmica da natureza do movimento.

O mundo, a natureza de tudo, não é uma realidade estática, mas transformadora. O ser que significa o devir organizará os modos de ser da contradição.

É a análise desse mecanismo que o citado autor que nomeia as fases da trilogia fundamental, fonte de indeterminadas aplicações onde teremos todas as ciências humanas fundamentadas de acordo com a fenomenologia do espírito.

Isso é o que se denomina de o idealismo radical e, que se encontra de forma específica em cada campo de análise.

Para Hegel a sua dialética, que é essencial ao método é também indispensável à História, como fundamento para transformação, isso em seu tríplice domínio pelo mecanismo do Estado.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 29/03/2015
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