VICO

 
Giovanni Battista Vico nasceu em Nápoles, Itália, 23 de junho de 1668, filho de um livreiro. Ele recebeu sua educação formal em escolas secundárias locais, a partir de vários tutores jesuítas, e na Universidade de Nápoles onde se graduou em 1694 como Doutor em Direito Civil e Canônico. Como ele relata em sua autobiografia (Vita di Giambattista Vico), no entanto, Vico considerava-se como "mestre de si mesmo", [1] um hábito que ele desenvolveu sob a direção de seu pai, após uma queda na idade de 7 ter causado três anos de ausência da escola. Vico relata que "como resultado deste contratempo ele cresceu com um temperamento melancólico e irritável tal como a de homens de talento e profundidade" (Vita, 111). Vico deixou Nápoles em 1686 para Vatolla onde, com os retornos ocasionais à sua cidade natal, ele permaneceu durante os próximos nove anos como tutor para os filhos de Domenico Rocca. Vico voltou a Nápoles em 1695 e quatro anos mais tarde se casou com Teresa Caterina Destito com quem teve oito filhos. De seus filhos sobreviventes (três deles morreram), seu filho mais novo Gennaro era um dos favoritos e passou a uma carreira acadêmica; sua filha Lusia alcançou o sucesso como cantora e poeta menor, e Ignazio é conhecido por ter sido uma fonte de decepção para ele. Dos outros (Angela Teresa e Filippo) pouco se sabe. Vico nunca foi rico e a lenda de sua pobreza deriva de embelezamento da autobiografia de Villarosa. Ele, no entanto, devido a enfermidades, falhou em sua ambição de alcançar a cadeira de Jurisprudência na Universidade de Nápoles ao longo da vida, tendo que se contentar em vez disso com uma cátedra mais baixa e mal paga em Retórica. Ele manteve esta posição até 1741, quando foi sucedido por seu filho Gennaro. Vico morreu em Nápoles, em 22-23 janeiro de 1744, aos 75 anos.
 
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Vico é um crítico da filosofia de Descartes e se diferencia dos pensadores iluministas por refletir sobre a religião e a política de forma conservadora tendo por base as teorias do passado e utilizando uma linguagem essencialmente teológica.


A história para Vico é um fluxo evolutivo de acontecimentos que nos leva a uma razão esclarecida, mas para ele existem verdades humanas que não podem ser demonstradas através das evidências racionais como as verdades da história, da poesia, da pedagogia da medicina, do direito, da política, da arte e da moral.


O método racional geométrico cartesiano não nos garante a verdade dos nossos conhecimentos sobre as coisas humanas; a razão e a geometria funcionam muito bem com os números e grandezas mas não tem a capacidade de abranger e explicar as outras matérias, especialmente as humanas. O conhecimento e o entendimento sem defeitos é uma característica de Deus, a nós humanos resta um pensar limitado que vamos reunindo conhecendo algumas características dos objetos que percebemos. Nós e Deus conhecemos as coisas que fazemos, como Deus criou o objeto real ele tem o real conhecimento de tudo, nós conhecemos e criamos objetos ilusórios como a matemática que podemos entender verdadeiramente pois ela é o resultado de uma operação intelectual humana. Para Deus fazer e conhecer são a mesma coisa, para os homens não.


Vico considera que Descartes errou ao acreditar que a matemática, uma criação humana, poderá entender o restante do universo que é uma criação divina. A razão é a consciência do ser, mas não o conhecimento dele. A razão humana não é a causa da existência do homem, não foi a razão que criou o meu corpo, portanto não é ela que vai entendê-lo. A razão também não é a causa da minha mente pois a nossa reflexão é um vestígio, um recurso utilizado pela mente para tentar conhecer, mas não é a totalidade da nossa mente. O pensar nos dá o conhecimento da nossa existência, mas não nos garante o conhecimento total de quem realmente somos.


Giambattista diz que os filósofos e historiadores de sua época estavam fazendo da história uma invenção, uma ilusão criada para exaltar nações ou determinados personagens históricos. A história como exaltação de fatos ou personalidade não representa os princípios fundamentais do homem e da história, que é uma criação do homem. A história tem que ter uma ligação real como o homem, caso contrário ela não se sustenta nem cria tradição.


O homem é o personagem principal da história porque é originalmente um ser sociável e ao se sociabilizar ele cria a história. Além de ser um animal sociável o homem é livre e por isso a história da humanidade é o resultado das escolhas dos homens de cada época. Segundo as palavras de Vico ?Enquanto animal o homem pensa somente em sua sobrevivência, mas quando cria família, tem mulher e filhos, ele busca sobreviver junto com sua cidade?.


Seguindo um pensamento de Platão, Vico divide a história em três períodos: dos deuses, dos heróis e dos homens, no primeiro os homens eram ignorantes, insensatos e prevalecia a animalidade, nessa época os homens pouco ou nada usam a reflexão, estão mais ligados aos sentidos. Na época dos heróis prevalece a fantasia, a imaginação, é um período onde a força é a base da estruturação social. No período dos homens o que se destaca é a razão, nessa época os homens atingem a consciência crítica e a sabedoria.


A história é o resultado também das ações divinas mas não de forma direta, para Vico a providência divina criou ideais a serem alcançados pelos homens. Ideais como justiça, verdade e o bem são objetivos que o homem tenta alcançar e tenta fazer isso de maneira livre – o que aparentemente não foi muito bem assimilado por Hegel, Marx et caterva...


No estudo da linguagem, Vico acredita que o modo de falar popular testemunha com mais veracidade os costumes de um povo. Os sistemas de comunicação que perduram em uma determinada língua são a expressão mais fiel da vida dessas pessoas, razão pela qual não é possível entender uma sem compreender a outra.

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FONTES

STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY
 

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/01/2016
Código do texto: T5510855
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