INTRODUÇÃO
 
Cabala e Maçonaria são duas tradições que se interpenetram e se associam para formar uma vigorosa doutrina de aperfeiçoamento pessoal e uma forma de conhecimento do universo em que vivemos, que amiúde não se encontra em nenhuma outra ciência desenvolvida pela mente humana.
Não sabemos precisar quando essas duas poderosas gestações do pensamento humano fizeram intercessão, mas é lícito pensar que ambas coexistiram desde as primeiras manifestações da consciência humana. Não como uma sabedoria epistemologicamente organizada, é claro, mas como uma intuição que nasceu com a própria sensibilidade humana de que havia algo mais a justificar a origem do universo e da própria vida que ele hospeda.
A Maçonaria, como sabemos, é uma ideia arquetípica que foi inspirada na mente humana pela necessidade que as primeiras civilizações tinham de preservar os elementos essenciais de sua cultura. Essa ideia era a de que as pessoas mais representativas de uma sociedade devem criar dentro de suas comunidades grupos de escol, unidos por um ideal comum, para compartilhar de determinadas informações sonegadas ao vulgo. Isso porque, segundo a ótica desenvolvida por esses grupos, são tais informações que constituem o núcleo do poder que conserva o equilíbrio de suas sociedades.
Desde cedo, na história das civilizações, essa ideia se confundiu com os credos religiosos adotados pelos diversos povos, e a ideia evoluiu para uma prática que passou a nortear a própria vida comunal desses povos. A religião adotada pelas Confrarias se tornou a religião do Estado, e a moral por elas desenvolvida cristalizou-se em práticas de vida e mais tarde em ordenamentos jurídicos.
 
Não é difícil perseguir, no tempo e na História, a evolução das leis que formataram o pensamento dos povos antigos e os seus comportamentos na vida prática. E é fácil verificar que a origem de todas as legislações está vinculada a arquétipos religiosos, cultivados em princípio pelo núcleo das elites que detinham a prerrogativa de comunicar-se com os deuses locais e deles interpretar-lhes a vontade. É nesse sentido que as primeiras expressões de uma ordem jurídica sempre surgem como reflexos de uma “vontade divina” que se manifesta através de um legislador “escolhido” pelas divindades do país, ou de um grupo de pessoas “especiais”, que se supõe ter uma convivência mais próxima com elas.
 
A Maçonaria é uma organização construída a partir desse arquétipo que nós conhecemos como Confraria. Das organizações obreiras medievais ─ particularmente as guildas dos construtores de igrejas ─ ela emprestou a estrutura organizacional e a mística de seus ritos de passagem. Das correntes filosóficas e das ideias que permearam o pensamento religioso da alta Idade Média e a passagem para a Idade Moderna ela incorporou a sua base espiritual.
São várias as influências que constituem essa base. Gnose, hermetismo, pitagorismo, alquimia e fundamentalmente a Cabala. Nessa antiga tradição da cultura judaica encontramos o cerne da espiritualidade cultivada na prática maçônica. Fundamentalmente, Maçonaria e a Cabala são sócias do mesmo empreendimento espiritual. Ambas podem ser entendidas como “jornadas em busca de luz”.
O presente trabalho tem como meta mostrar a influência da Cabala nos ritos e na proposta filosófica da Maçonaria. Essa influência é visívem praticamente todos os ritos maçônicos, principalmente nos chamados graus superiores, onde os temas ligados a motivos bíblicos, constantes do Velho Testamento, nos remetem á símbolos e imagens cabalistiscas, que muitas vezes, aos Irmãos que não têm nenhum conhecimento dessa tradição, é difícil de entender.
Essa é a proposta deste nosso trabalho. Proporcionar aos maçons e ás pessoas interessadas nesse tema uma breve e simples incursão nesse campo pouco explorado do pensamento maçônico. Não somos especialistas em Cabala. Somos apenas estudiosos dessa tradição, que neste século, especialmente, têm despertado a atenção de muitos intelectuais, que nela veem muitos paralelos com as descobertas feitas pela ciência moderna.
Que esta nossa peça de arquitetura possa acender entre os Irmãos a mesma Luz que para nós foi a sua confecção. Um T .’ . F .’. A .‘. para todos.

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iNTRODUÇÃO AO LIVRO "ESCADA DE JACÓ"- CABALA PARA MAÇONS- TITULO PROVISÓRIO, NO PRELO