"'O QUE VI, VIVI E OBSERVEI DURANTE O "GOLPE MILITAR DE 1964" - "A REVOLUÇÃO DE 1964" - "O GOVERNO MILITAR 1964/1985".

"O GOVERNO MILITAR, O GOLPE MILITAR A REVOLUÇÃO DE 1964'

O QUE EU VI, VIVI, E OBSERVEI

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Este texto não é um artigo.

É apenas um relato pessoal sobre a época do GOVERNO MILITAR, GOLPE DE 1964 ou REVOLUÇÃO DE 1964, contada por um cidadão comum (eu), que a viveu inteiramente, dirigida à quem se interessar em saber e conhecer alguma coisa sobre aquele período.

Este serve como uma espécie de apoio ao TEXTO ANTERIOR ABAIXO PUBLICADO, sobre as OBRAS FEITAS PELOS MILTARES naqueles vinte anos.

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Venho de uma família simples, fui e ainda sou uma pessoas simples . Meu pai e minha mãe concluíram apenas dois anos escolares, (os da minha esposa também) mas sabiam ler e escrever. No meu lar paterno e hoje no meu, trabalho nunca foi novidade para ninguém. Cursei com muitas dificuldades todas as séries de estudo e vim a me formar em direito somente em 1987.

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Era adolescente, tinha recém completados 15 anos, quando os militares assumiram o poder em 1964.

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Lembro-me que a população como um todo, apoiou de forma segura, forte e irrestrita a tomada do poder pelos militares.

Vivenciei, vivi e estive imerso, em todos os chamados "ANOS DE CHUMBO". Neles, tornei-me adulto, estudei, trabalhei como empregado em diversas empresas, fui aonde eu quis, estudei em diversos colégios e faculdades, vivi a época da "JOVEM-GUARDA", assisti e acompanhei junto com o Brasil inteiro, os "FESTIVAIS DA CANÇÃO".

Presenciei surgir Chico Buarque, Caetano Veloso, Oswaldo Montenegro, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Lobão, Rita Lee, entre outros.

Fui à dezenas, centenas de bailes e festinhas, brincadeiras dançantes, (naquela época os jovens andavam tranquilamente à noite pelas ruas), cinemas, carnavais e jogos de futebol.

Pela TV (transmissão via micro-ondas) acompanhei inúmeros campeonatos paulistas de futebol e campeonatos nacionais, todos com estádios superlotados. Vibrei com as jogadas de craques como Zico, Pelé, Rivelino, Zé Maria, Falcão, Clodoaldo, Jairzinho, Tostão, Luizão Pereira etc. Eram comuns jogos com mais de 100.000 torcedores no Maracanã e Morumbi.

E, com euforia pela TV, o Brasil inteiro foi à loucura vendo a Seleção Canarinho ser Campeã Mundial em 1970.

Fui um jovem comum da época; feliz, trabalhador e compenetrado. Fiz bastante, centenas de amigos.

Viajei muito a serviço e a passeio pelos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, sul de Goiás e parte de Minas Gerais. Trabalhei como empregado anos e anos a fio.

Conheci minha esposa em 1975, casei-me com 29 anos em 1979, constituí uma família linda, tive filhos e progredi (não sou rico).

Por todos os tais ANOS DE CHUMBO até a idade de 36 anos (1985 - final do regime militar) prestei atenção e acompanhei passo a passo, o Brasil o que acontecia no país, política e economicamente.

JAMAIS, vejam bem, JAMAIS, FUI INCOMODADO, DETIDO ou PRESO pelos militares. Nunca um militar foi rude ou grosseiro comigo. Ao contrário, nas áreas de fronteira onde viajei, e muito, a segurança era feita por militares do exército. Como era obrigatório parar e se identificar, fiz isso centenas de vezes. Claro, fui questionado, tipo, "onde eu ia, o que fazia, que empresa trabalhava!" Perguntas de praxe e informativas. Apresentava os meus documentos pessoais, respondia às perguntas e pronto. Recebia de volta um educado "Boa viagem!" - e eu seguia sempre o meu caminho. Jamais fui maltratado! E era assim com todo mundo, claro que não só comigo!

Jamais alguém da minha família, conhecidos meus, colegas de serviço , das empresas que trabalhei e patrões, foram também incomodados ou presos.

COM ABSOLUTA CERTEZA POSSO AFIRMAR QUE OS MILITARES NUNCA INCOMODARAM OU INCOMODAVAM QUEM TRABALHAVA, QUEM TINHA UMA VIDA ORDEIRA, PACÍFICA E NORMAL.

O Brasil que eu vi, vivi e conheci naqueles anos, era de um povo feliz e ordeiro. Tudo tinha mais ordem e segurança do que hoje. As casas de todas as cidades eram de muros e cercas baixas, apenas para definir quintais e propriedades. Eram comum as casas terem cercas de balaústres de madeira, facílimas de se arrancar. Nas residências, podiam-se ver os jardins da frente e o modelo das casas (ao contrário de hoje).

Lembram-se da canção GENTE HUMILDE ?- do Aníbal Augusto Sardinha(1915/1955) com letra póstuma do Vinícius e contribuição do Chico Buarque ?..." São casas simples/ com cadeiras na calçada /e na fachada, escrito em cima/ que é um lar / Pela varanda, flores tristes / e baldias..."

Este trecho define bem como eram as casas das cidades naqueles idos em que foi letrada a canção.

As residências não tinham muros altos a escondê-las, nem portões eletrônicos, nem cercas elétricas e nem concertinas sobre os muros ( concertina é aquele aramado cheio de facas de aço pontiagudas e cortantes) a cercá-las, e nem câmeras de segurança.

O Vinícius e o Chico Buarque, que letraram essa canção, obviamente retrataram o que seus olhos viram; a realidade daqueles tempos.

Comparado a hoje, pode-se dizer que quase não se viam roubos e violência. Todos podiam e tinham armas em casa.

Afirma-se que existia fome no país. Talvez houvesse, mas com certeza era na mesma proporção que hoje, mesmo ainda se levando em conta o bolsa família. Tanto é que a violência urbana naqueles anos era pouca em comparação com a atual. É a fome, a desproteção e a desorganização social- governamental que gera a violência.

Violência houve em 1968/9, mas realizada por quem não passava fome. Nestes anos, os estudantes liderados pelos comunistas, fizeram enormes manifestações, principalmente nas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, eram e foram orquestrados pela esquerda.

Resido no Mato Grosso do Sul e recentemente li um artigo escrito por um renomado professor e sociólogo daqui do estado. Nele, o articulista denegria o Governo Militar. Fez críticas contundentes àqueles governantes, grifando sobremaneira um grande surto de meningite havido naquela época. Criticou um passado e empurrou para debaixo do tapete, o hoje! Calou-se sobre a Dengue, a Chikungunya, a Zika, a Microcefalia, a H1N1 que só aqui no MS em 2016, fez mais de 60 mortes, e omitiu que o governo dos últimos anos, não vacinou todos os brasileiros contra H1N1. Vacinaram somente grupos de risco e deixaram exposta, a maioria absoluta da população.

Na época dos militares o emprego era pleno. É só prestar atenção no número e quantidade de obras que eles implementaram.

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ALGUMA COISA DE ECONOMIA.

Em 1964 quando o Regime Militar se instalou, o Brasil dependia para gerar dinheiro (dólares, como hoje) quase que exclusivamente das suas exportações de café, carne e açúcar e, em menor parte, da exportação de ferro, vez que o país era pouquíssimo industrializado.

No ano de 1965 aconteceu uma grande geada no dia 06/08, que prejudicou os cafezais do Paraná (já queimados por uma geada e logo após pelo fogo, que varreu metade daquele estado em 1963), São Paulo e Minas Gerais (maiores produtores na época).

Logo após, em 1966, outra geada coincidentemente no mesmo dia, queimou outra vez todos os cafezais que se encontravam em recuperação.

Assim, nos primeiros cinco anos do GOVERNO MILITAR existiam grandes problemas de caixa governamental, porque não havia café em quantidade suficiente para exportar devido a estas geadas.

A comercialização e estoques deste produto vieram a se normalizar um pouco no ano de 1969 em diante.

Em 1973 tivemos uma violenta crise mundial, advinda do "OIL SHOCK", (pesquisem sobre ele) por causa da Guerra do Yom Kippur, iniciada no dia 06/10/1973 entre Israel e Árabes. A partir dela, de imediato, o petróleo multiplicou seu preço em 10 vezes, de pouco mais de U$:2,0 dólares para mais de U$:22,00.

Como ainda não tínhamos descoberto a Reserva de Petróleo da Bacia de Campos, que aconteceu posteriormente ainda no GOVERNO MILITAR, 80% do petróleo que usávamos era comprado de fora. A importação a preço elevado deste produto freou de vez o progresso brasileiro que naquela época crescia à taxa de 12 % ao ano.

Assim, em razão decorrente dessa violenta alta, vivemos uma crise econômica sem precedentes. Aliás, o mundo inteiro viveu.

No final de 1973, ano da guerra, os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decretaram um embargo às suas exportações. Sem chegar a produzir 20% do seu consumo, o Brasil foi um dos países mais atingidos. Fez-se programa para se economizar combustível, mas, ainda assim, o consumo de 800 mil barris diários em 1975, subiu para 1,1 milhão em 1979. Foi por causa desta crise, que o GOVERNO MILITAR fez o PROÁLCOOL e implementou o álcool (ETANOL) como combustível veicular (inédito no mundo), o qual todos utilizamos hoje.

Às vésperas dos anos 80, a conta de importação de petróleo chegou a US$ 7 bilhões de dólares, o que comprometeu seriamente as finanças públicas para a década seguinte.

Mas antes, no ano de 1975, outra catástrofe econômica nos aconteceu! Na tarde e noite do dia 18 de julho, ocorreu a Geada Negra, ( por favor, entrem na internet e pesquisem sobre ela - Geada Negra - 1975), que exterminou os cafezais brasileiros em praticamente todos os estados. Lembrem-se que eu disse que o Brasil era extremamente dependente da exportação de café ( como hoje é, do soja). Cumpre-me informá-los, que a produção cafeeira no Brasil desde 1950, praticamente era, e ainda é, feita em MINIFÚNDIOS (pequenas propriedades) com raras exceções.

Porém, o Governo Militar desde 1964 já incentivava fortemente o plantio da soja através do Programa Agrícola "PLANTE QUE O GOVERNO GARANTE", do qual se beneficiaram os agricultores gaúchos, catarinenses, paranaenses e paulistas, que apostaram e investiram maciçamente no plantio extensivo desse grão. De forma que o seu cultivo, produção e exportação, crescia e cresceu em ritmo exponencial e já se fazia realçadamente importante e igual economicamente ao "ouro verde" (café) no ano daquela geada. Foi o que ajudou e muito nossa economia, a se manter após a destruição dos cafezais.

É preciso que o leitor saiba, que os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, oeste da Bahia, oeste do Maranhão e Sul do Pará no ano de 1975, (hoje produtores de soja), ainda eram todos praticamente cobertos por matas virgens e inexplorados. Nem se sonhava que iam ter tão forte e sólida agricultura extensiva como hoje. Essa fronteira agrícola se fez e se consolidou como é atualmente, por causa das estradas que os militares construíram interligando-os racionalmente com o resto do país.

Voltando ao que eu dizia sobre 1975. Paralelo a estes problemas, vivia a nação o drama provocado pelas constantes greves organizadas pela esquerda comunista que pretendia tomar o poder. É esta guerra, entre os militares e os diversos grupos comunistas, que sugiro vocês, alunos e leitores, a lerem, buscarem, procurarem informações sobre os dois lados da história, para que saibam o que realmente ela foi e tirarem as suas próprias conclusões. O que posso afirmar e é verdade, é que havia uma luta cruel e sem trégua entre ambas as partes. Eu disse; CRUEL ENTRE AMBAS AS PARTES!

Diz-se, em todos os lugares possíveis de comunicação, que não se podia falar nada contra os militares. Não é verdade, pois quem fazia oposição a eles era o MDB, que elegeu milhares de prefeitos, vereadores, deputados e senadores em toda a nação. Nos palanques, o debate era franco e aberto e as falas eram livres de censura.

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No dia 15 de março de 1985 os militares pacificamente entregaram o comando do país aos civis.

Em 1964 quando o GOVERNO MILITAR teve o seu início, tínhamos cerca de 80 milhões de habitantes e no seu final, em 1985, 21 (vinte e um) anos após, éramos aproximadamente 132 milhões. Um aumento populacional de 65%.

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No-lo entregaram com uma Dívida Externa de U$:102 bilhões de dólares americanos (cerca de 53% do PIB daquela época) e nada de dívida interna. Reservas Internacionais de U$:11,6 bilhões e uma inflação de cerca de 10% ao mês, 120% ao ano, e um PIB em torno de U$:190 bilhões de dólares.

O Salário Mínimo em março daquele ano equivalia a U$:70,00 (setenta dólares).

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A esquerda diz que estes U$:102 bilhões de dólares daquela DÍVIDA EXTERNA, (lembrem-se que não havia dívida interna) seriam equivalentes a R$:10,0 trilhões de reais em valores de hoje, se corrigidos. Em outras palavras, afirmam que a DIVIDA PÚBLICA TOTAL daquele ano de 1985 seria hoje igual a R$:10,0 trilhões de reais.

Ora, então eu também poderia dizer, seguindo este mesmo raciocínio esquerdista, que, em proporção, nosso PIB da época, US$:190 bilhões de dólares, seria hoje algo em torno de R$: 19 trilhões de reais (cerca do triplo, três vezes mais do que o nosso PIB atual).

Da mesma forma, o salário mínimo em 1985 equivalia a U$:70,00 dólares. Ora, se os US$:102 bilhões de dólares da dívida equivaleriam hoje a R$: 10,0 trilhões de reais, então U$: 70 dólares equivaleriam a R$:7.000,00 reais de hoje. É só fazer uma continha de matemática. Não é preciso ser muito inteligente para se constatar ser uma fala enganadora a gente inculta.

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Obrigado por terem a paciência de me ler!

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Athos de Alexandria, 10/10/2016.