Prêmio Nobel

PRÊMIO NOBEL

Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão

O Prêmio Nobel é uma homenagem ao químico e pesquisador sueco Alfred Nobel († 1896), inventor da dinamite. A premiação sueco-norueguesa visa enaltecer anualmente conquistas de ciência desde 1901 nas áreas de Física, Química, Fisiologia (Medicina), Literatura, Economia e Paz.

Recentemente foi outorgado pela Academia Real a láurea de Li-teratura ao roqueiro norte-americano Bob Dylan (75 anos) o que cau-sou certo mal-estar entre o pessoal da área. Os fãs do cantor acharam o máximo, alegando que letra de música é poesia e poesia é literatura. Não deixa de ser, mas entendo que havia produções melhores a serem premiadas. Os literatos estão indignados. Olhando certas (ou a maio-ria) premiações, meu lado tupiniquim se enche de complexos, pois dentre os 72 países contemplados com o prêmio não encontramos o nome do Brasil. Em 1960 Peter Brian Medawar († 1987), nascido no Brasil ganhou o Nobel de Fisiologia, mas na hora de receber o prêmio ele fez alusão às raízes britânicas da família. Ao que tudo indica o Brasil não tem muito prestígio junto a Real Academia de Estocolmo nem aos comitês de premiação, pois pessoas notáveis como Cesar Lat-tes († 2005), Carlos Chagas († 1974), Celso Furtado († 2015), Herbert de Souza, o Betinho († 1997), Carlos Drumond de Andrade († 1987), Jorge Amado († 2001), João Ubaldo Ribeiro († 2014), Érico Veríssimo († 1975) e outros. E hoje, quem temos nas ciências, na economia e na literatura? Ninguém!

Além dos acima mencionados há que se mencionar como fortes candidatos ao Nobel da Paz, Dom Helder Câmara († 1999) e Dom Pau-lo Evaristo Arns (nascido em 1921) que a despeito de sua atuação de-cisiva e corajosa na defesa dos direitos humanos nunca foram relacio-nados, por pressão contrária da ditadura brasileira e também do epis-copado que não admitia o prêmio conferido a “bispos vermelhos”. Hel-der e Arns eram as duas únicas vozes que a ditadura respeitava.

Querem outro exemplo de premiação política e sectária desen-volvida pela Academia de Estocolmo? Barak Obama, o todo-poderoso presidente norte-americano ganhou em 2009 o “Prêmio Nobel da Paz”. O que aquele governante de uma nação sanguinária, acelerador da corrida armamentista, devastador do Iraque e do Afeganistão e man-tenedor de ameaçadores estoques nucleares fez em favor da paz? O episódio do assassinato de Bin Laden retrata bem a felonia e a trucu-lência do “premiado”. Isto tudo revela o pouco peso sociopolítico que o Brasil tem naquele contexto. Gente com menos expressão que os nos-sos notáveis ganham prêmios e nós ficamos apenas batendo palmas aos laureados.

O autor é Filósofo, Escritor e Doutor em Teologia Moral.