UTOPIAS

UTOPIAS

Um ensaio filosóficos

Hoje se fala muito em utopia como idéia de uma civilização ideal, fantástica, imaginária. É um sistema ou plano sociológico que parece irrealizável, é uma fantasia, um devaneio, uma ilusão, um sonho. É uma situação, “um lugar que não existe”, simplificando, do grego, não (oú) lugar (topós), na linguagem dos jovens algo que “não tem no mapa”.

No sentido mais limitado, utopia significa toda doutrina social idealizada que aspira a uma transformação na ordem social existente, de acordo com o ideário de determinados grupos. Muitos opositores usam esse verbete como forma pejorativa, como a caracterizar a impos-sibilidade.

Usada no terreno sociopolítico, a partir de idéias da mística latino-americana, em que os aborígenes se referiam a uma “terra sem males”, a utopia personifica uma vontade de mudar e de buscar coisas novas. As utopias foram bandeiras desfraldada pela teologia de liberta-ção a partir da década de oitenta, logo abandonadas pela impossibilidade natural das coisas humanas, cujo desejo é maior que a capacidade de transformar. A partir dessa impotência surgiu uma resignação estóica que recebeu o nome de “o fracasso das utopias”.

Utopia é um país imaginário, criação na ficção de Thomas More, escritor inglês (†1535), onde um governo, organizado da melhor ma-neira, proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz.

Para More (latinizado Tomás Morus), utopia era uma sociedade organi-zada de forma racional, as casas e bens seriam de todas as pessoas, que passariam seu tempo livre envolvidos com leitura e arte, não seriam enviados para a guerra, a não ser em caso extremo, assim esta soci-edade viveria em paz e em plena felicidade.

O fato é que o ser humano não consegue viver sem alimentar uto-pias. Podemos sintetizar como um lugar ou estado ideal, de completa alegria e harmonia entre os indivíduos. Trata-se de qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade. Para o cristão a única utopia tangível é o Reino. No terreno da conceituação poético-filosófica, a utopia me lembra as estrelas. Não podemos alcançá-las, mas elas estão lá no céu, mesmo encobertas, certas vezes pelas nuvens. Como seríamos infelizes se não houvesse estrelas no céu...

Para o escritor uruguaio Eduardo Galeano († 2015) “a utopia está lá no horizonte. Se eu me aproximar dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve, então, a utopia? Serve para isso: para que eu nunca deixe de caminhar”.