FOLIA DO DIVINO, UMA DAS ORIGENS DA CONGADA
 
A Folia do Divino, existe há mais de dois séculos na região do Médio Tietê, especificamente no município de Piracicaba, interior do estado de São Paulo. Antigos foliões e devotos da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade recebiam com festejos, comilanças regados por cantorias e moda de antigas violas; os marinheiros e irmãos de fé que traziam víveres, medicamentos e demais necessidades ao entreposto para a povoação que se estabelecia na região no início do povoamento daquela que se tornaria a "Noiva da Colina" - cognome de Piracicaba. O povoado esperava e contava com a vinda dos então "Marinheiros do Divino", como eram conhecidos.

Tal processo histórico estabelece gradualmente o local enquanto berço geracional da atual Congada do Divino Espírito Santo de Piracicaba, que sobrevive temporal e sincreticamente graças à resistência de múltiplas etnias que transmitiram e transitando por gerações até a atualidade. Foram índios, negros, italianos e portugueses miscigenando culturalmente dando vida e nome à um dos grupos mais antigos da região.

A Congada do Divino Espírito Santo de Piracicaba representa hoje uma das vertentes culturais do município que congrega, agrega, abarca, dando sequencia e continuidade ao um exercício sócio cultural religioso local, fato de fácil detecção quando se observa com mais afinco e acuidade seus cantos, danças e sonoridade que através de pessoas de fé, arte e devoção que dão continuidade aos conhecido bailados, musicalidade crenças, mitos e ritos tantos.

Salvaguardar, manter, re-significar e dignificar tamanha e tão singular representatividade local é também saber do real poder e força da cultura folclórica, popular de tradição na humanidade e que tal monta só se estabelece especifica e primordialmente em seculares ciclos de sua existência, permanência e evolução; e jamais no operante imediatismo descartável tão frequente e usual na humanidade contemporânea, que enfoca banalidades superficiais enquanto forma de saciedade daquilo que não se preenche, apenas ilude, gerando a falsa sensação de domínio da própria existência, nutrindo a cegueira que consome mentes corações e espíritos

Todos esses complexos entre meios essenciais são, junto à tantas diferenças e semelhanças, símbolos expressos na alma de uma nação que sabe o valor de cada uma de suas riquezas multi facetadas e vertidas de países e povos que a originaram.

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UMA BREVE OBSERVAÇÃO:

Pensemos ainda mais: Vale a pena cegar-se ao compromisso que assumimos diante da vida, substituindo a consciência pela necessidade de assinatura contratuais, firmas reconhecidas, certificados comprobatórios; ou devemos assumir que temos que realizar por honra e glória da manutenção e continuidade do bem mais precioso de cada um de nós, as manifestações ritualísticas, folclóricas, religiosas, populares de tradição?
Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 17/03/2018
Reeditado em 17/03/2018
Código do texto: T6282459
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