SEPARANDO VITIMISMO DE PRECONCEITO

Então, não sou "militante negro", pois também odeio militância, e não estou generalizando, mais vou dá uma pequena aula de significados históricos a você "cara pálida" que acha tudo vitimismo - Falo só com o meu amigo "Branco Preconceituoso". Pois bem, você quer comparar ser chamado de "branquelo" a ser chamado de "negro macaco", ou mais, ser chamado de atrasado, crioulo, pretinho, senzala, carvão etc.

Tudo isso remontado a significações históricas depreciativas com sinônimo de fedorento, burro, sem alma, animal, atrasado, retardado, que não aprende nada, comparar tudo isso, toda essa bagagem histórica, essa mancha que nós negros tentamos nos livras e que alguns insiste em manter viva nos perseguindo atualmente, comparar toda a humilhação sofrida pelos negros durante a escravidão, as chicotadas, as mortes, a repulsa pela “raça negra”.

Só não sufoque historicamente a luta "sem militância" dos negros, e lutada somente pela liberdade de está em paz com sua família, mas estes presos pelos pés em troncos durante as noites sentiam uma saudades ( o banzo), tão imensa da sua terra e dos seus, que sem alternativas para diminuir esse sofrimento, recorriam ao suicídio como sua única forma de protesto - quer comparar esse sofrimento com o preconceito de ser chamado de "branquelo" ou "galego" é uma atitude esdrúxula daqueles que no fundo querem ridicularizar e diminuir a luta dos negros, “branquelo” não carrega uma bagagem histórica estereotipado de mazelas e agressões, existem significações nas palavras que os brancos colocaram nos negros, simbolismos raciais de submissão e desprezo.

Uma rejeição historiográfica colonial branca ao associa-los a animais, então, querer comparar o sofrimento das famílias negras que ao serem arrancadas das suas terras e trazidas a força para esse continente sem o seu consentimento, deixando os seus filhos para trás a morrer de fome.

Querer comparar os brancos as mulheres negras que foram estupradas em larga escala por seus "Senhores Brancos", com a sociedade eclesiástica católica dominante na época conivente e sabendo de tudo justificando pela doutrina que o negro não tinha alma, e assim poderia escravizar como escravizavam os animais de cargas.

Querer realmente comparar os brancos com os sofrimentos desses milhares de negros que, ao atravessarem o atlântico em embarcações precárias, muitos adoeciam na viagem por causa das precárias condições dos porões e das infestações de ratos e doenças, sendo afogados pelos capitães dos navios para não contaminar os outros, e tudo isso por causa das más condições de higiene e de alimentação.

Querer comparar os brancos a uma criança que, ao nascer negra, invariavelmente negra, e na escola ver que a sociedade valoriza a cultura branca, como cabelos lisos, cor branca, e vendo isto através do tratamento dado pela professora preconceituosa, e essa mesma criança volta pra casa extremamente triste, porque os pais preconceituosos fazem suas “brincadeirinhas caseiras inocentes sobre negros” e seus filhos reproduzem seus preconceitos na escola e descarregam nos colegas negros sua cultura familiar de repulsa a “raça negra”. Porque todo aluno preconceituoso tem sim pais preconceituosos.

Querer comparar os brancos a isso, onde a criança negra fica com traumas de ir à escola por causa de apelidos e da rejeição de grande parte dos colegas, e a decepção de perceber que até a professora, imagem que o aluno se apaixona profundamente, prefere e privilegia os seus beijinhos a aquela criancinha branca, e assim ficando triste, pois aquele “negrinho” também queria receber o carinho da linda professora preconceituosa branca.

Querer comparar a vida dos brancos a preconceitos velados e ocultos que todos os negros percebem e ignoram nos olhares e palavras de “brincadeira”, e quando este adentra lugares refinados e até lojas de segunda categoria, percebem que estão sendo seguidos por alguns vendedores a mando do patrão.

Querer comparar os brancos a essa estruturação preconceituosa histórica que, sem cessar, seus traumas começam desde sua infância, cresce e continua sendo hostilizado até sua velhice, quer diminuir essa dor nos chamado de coitadinhos e taxando a luta contra o preconceito existente ainda de “vitimismo negro”. Você, amiguinho branco preconceituoso, já chorou compulsivamente quando criança passando uma "bucha de Bombril" no branco pra ver se sai a cor negra? Porque eu já fiz isso.

Querer ainda comparar as políticas de segregação racial onde os negros da África do Sul na sua própria terra sofreram as imposições dos brancos colonos Ingleses e Holandeses onde subjugaram suas terras e sua cultura em detrimento a uma cultura supostamente superior fincada na supremacia branca, massacrando, estuprando e matando negros na sua própria pátria. Quer comparar?

Agora espero que tenha chegado a compreensão do que significa todas as palavras depreciativas contra o negro, não é meramente ser chamado de "negão", isso não me ofende e nunca vai me ofender, se eu me ofendesse com a minha cor, ai sim seria vitimismo, mas, é a forma, a malícia das palavras, a construção da intencionalidade diminutiva que ela trás carregada de significados históricos. Isso sim nos ofende.

Lililson
Enviado por Lililson em 25/03/2018
Reeditado em 01/06/2018
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