Ética e Competência: prova de mérito SP 2018, Terezinha Rios.

A formação do professor é muito precária, sem dimensão ética no ato de desenvolver a prática pedagógica.

Sendo que a mesma cumpre um papel indispensável na educação.

O professor precisa levar em consideração dois aspectos fundamentais na pedagogia como método do ato de ensinar: a questão técnica e o ato político, são diferentes em si, porém, articulados na prática pedagógica.

Um terceiro aspecto que não pode ser desconsiderado refere-se à ética, o elemento mediador por meio da Filosofia desenvolvendo a prática problematizadora.

Terezinha destaca a necessidade de compreender de forma científica o mundo político, com a finalidade para intervir nas relações na sociedade com a perspectiva de mudar o próprio mundo político, visando o estabelecimento das relações justas.

Sua prática pedagógica destaca-se em uma educação essencialmente entendida na ação da Filosofia política e da ética, na busca da compreensão entre o conhecimento do senso comum e do saber científico, sendo que a Filosofia é o conhecimento do saber complexo dos objetos em estudos.

A realização de um saber construído socialmente, na perspectiva dialética do ser e dever ser, ou seja, do ideal de sociedade que deve ser construída. Portanto, a educação é uma ação de transformação, uma educação que não transforma, não é educadora.

As relações estabelecidas do ponto de vista político são relações de poder, que estabelecem sujeitos distintos uns impondo sobre a vontade dos outros por meio do poder político.

A capacidade de modificar o comportamento um do outro do ponto de vista da política é diferente em relação à intervenção a natureza.

A educação é uma dimensão da práxis, entendida em diferentes componentes: econômico, a questão do trabalho, a produção da vida material, o elemento político, o que rege as práticas institucionais do poder e a ética que determinam os valores de tais práticas.

Para Rios a Filosofia da educação atua como instrumento de ajuda as práticas dos sujeitos da educação, na busca da superação das contradições, ligando as demais ciências na mesma prática na defesa do mecanismo da educação, no caminho do fazer educativo. Educam-se quando transformam a realidade.

Fazer educação no Brasil é antes de tudo compreender a realidade brasileira, sua organização no capitalismo, entendendo os mecanismos contraditórios da própria realidade, no processo pedagógico.

Educação é um fenômeno da história política social dentro do contexto social da cultura produzida, sendo a transmissão da mesma pelo caminho da transformação do homem através do trabalho.

O mundo apresenta duas realidades, a que se refere ao mundo da natureza, que independe do homem, mais especificamente as leis naturais, a outra, a produção da cultura no mundo.

A cultura é uma construção do homem das necessidades da natureza humana, formulada pela linguagem. As diferenças do mundo natural com mundo artificial ou do mundo da formulação, sendo o que o último realiza-se pelo ato da construção e da reconstrução.

Portanto, a cultura é algo inventado, quase sempre ideológica quando justificam fins discriminatórios, a cultura não é apenas o acúmulo dos processos de sínteses, o que se denomina de erudição, mas o resultado do trabalho humano, da ação do homem na transformação da natureza, nesse sentido que nasce o aspecto da ação política pedagógica para transformação do mundo.

A cultura é transmitida por diversos meios entre eles a escola, o que foi acumulado pela sociedade, objetivo do saber científico, contra o saber ideológico, a finalidade, para formar pessoas como agentes da construção da sociedade, ação que necessariamente terá que ser política.

A escola tradicional tem como objetivo desenvolver uma educação que sustentam as relações sociais da produção, ou seja, na defesa ideológica do capitalismo, dividido em classes antagônicas: burguesia e o proletariado, sustentado pela principal contradição capital e trabalho.

A escola enquanto prática de ensino coloca valores e crenças interpretações nas formulações de domínios, valores das representações burguesas que sustentam o capitalismo enquanto forma de dominação.

A escola brasileira é permeada pela ideologia burguesa liberal, a perspectiva não é a construção da ética, pelo menos no caminho da transformação justa, não existe uma crítica ao modelo dominante do desenvolvimento da produção capitalista.

A escola não tem perspectiva de superação das contradições, sem uma análise crítica das ideologias, foi formulada pela escola nova dos anos 30 a 60, uma visão ingênua da educação, como se a escola não fosse um mecanismo de mudança social, é necessário uma revolução no mundo das ideias, com objetivo de transformar a sociedade política.

O pressuposto da ideologia iluminista como se a escola fosse uma instituição fora do mundo da produção, a outra tendência ingênua pessimista, como se escola apenas produzisse a reprodução das ideologias capitalistas, portanto a escola não seria de nenhum modo um caminho para a transformação.

Um compromisso autêntico pedagogicamente uma escola que não defende os compromissos antagônicos, a educação precisa ser voltada para desenvolvimento da consciência crítica com objetivo da mudança política da sociedade, na superação dos modelos de dominação.

O educador deve atuar como intelectual orgânico no processo da produção da consciência crítica.

Uma sociedade dividida em classes em que parte significativa da sociedade tem o acesso ao saber negado. A escola qualifica a pessoa de forma errada, como aquele que é proprietário de um saber que não pode ser compartilhado, reforçando as atitudes do individualismo liberal.

Rios acha que é possível mudar a sociedade mudando a escola numa perspectiva de construção do espaço construindo uma escola de consenso e persuasão, como explicitação dos elementos da competência e da prática docente.

O discurso pedagógico dominante oculto nas contradições na sua forma axiológica, por meio da própria praxiologia, construindo o significado político da transformação articulado com a questão técnica do método usado na construção do saber político.

Desse modo numa ação da desconstrução e reconstrução, o professor é sempre o mediador entre o aprendiz e a realidade, atuando também para a transformação de todos, com objetivo de estabelecer o diálogo entre o aluno e a realidade.

Na educação é necessária a existência entre competência pedagógica e utopia no caminho da superação do passado e na construção da nova sociedade política produtiva.

A competência é construída no dia a dia ao novo ideal a ser atingido. A superação dos antagonismos prejudiciais ao humano.

Por fim Terezinha Rios ressalta a necessidade de o educador compreender a complexidade da sociedade capitalista naturalmente para a transformação da mesma em defesa dos direitos fundamentais da humanidade.

Numa profunda articulação entre técnica, ética e política sem perder o sonho de um mundo melhor para todos. O que não poderá ser realizado no atual modo capitalista de produção das riquezas.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 13/08/2018
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