ILUMINICES USPIANAS DE BOTEQUIM

Olavo de Carvalho E OS ILUMINISTAS USPIANOS DE BOTEQUIM

As ideologias difundidas, sobretudo a partir do século XVIII, representam uma clara ruptura com a Tradição natural das sociedades. Pois, a saber, é natural do homem político — no sentido aristotélico-tomista — ordenar a sociedade ao seu devido fim, interligando passado, presente e futuro, através dos bens acumulados, das heranças, das virtudes, da prudência e da história. Já os esquemas abstratos levam o homem para um mundo paralelo, hipotético e quase sempre utópico, invertendo o objeto das filosofias políticas que é o próprio ser, isto é, a realidade mesma, para um mundo de ideias subjetivas onde a inteligência não adequa-se mais à coisa, mas o contrário.

Essas sub-realidades que as filosofias políticas modernas buscam criar, ignoram as confrontações de hipóteses concretas pelas estruturas pragmáticas e grupos conflituosos que utilizam-se dos meios disponíveis para acúmulo de poder ou a materialização — praticamente literal — de seus mitos. Assim como faz o marxismo com o Proletariado e o sentimento de participação da práxis revolucionária, o liberalismo-maçônico com a tentativa de substituição do homem metafísico para o naturalista, o fascismo com o Estado, o nacional-socialismo com a Raça, a Gnose com a libertação demiúrgica e um pseudo-paraíso na Terra, a democracia liberal com o messianismo da soberania popular, entre outros.

Os resultados obtidos com esses mitos, quando entram em tensão com a estrutura objetiva do ser, que independe de tempo e espaço para ser o que é, com efeito, foram desastrosos. O historicismo exacerbado de que o homem seria liberto das amarras religiosas, da Igreja Católica, das superstições, geraram milhões de cadáveres no século XX e consumaram o sentido de unidade próprio do anjo caído: o caos.

A era pós-moderna representa a era da imaginação, que substitui a verdadeira racionalidade do ser objetivo, que independente do tempo e do espaço, para criação subjetiva dele. Cada pessoa pode ser o ente que quiser no momento em que quiser, pois já que não há ordem objetiva alguma, não há Verdade. E o que resta são prazeres e as percepções sensíveis.

O materialismo do tipo cientificista embasa todas essas vontades desregradas através de um empirismo, digamos, do mais vagabundo, que serve de bom grado aos banqueiros globalistas. As novas pseudo-ciências não acreditam mais em busca da verdade e sabedoria, mas num mundo corpóreo das potencialidades que nunca são atualizadas em formas objetivas, mas que mantém-se numa desordem constante e até mesmo preferível.

Em síntese, os sujeitos USPIANOS que defendem o Iluminismo com tanta veemência — confundindo ideais abstratos com ações concretas —, como “Idade da Luz”; “Idade da Razão”; whatever, defendem toda barbárie pagã, anti-humana, anti-sociedade, ordem e transcendência que formou a própria Civilização Ocidental. São utopistas da pior espécie em busca de um protagonismo histórico que, como dizia Eric Voegelin, nunca conseguirão. Afinal, se não sabemos quando a História terá seu fim, o que nos resta, o que é o sentido de todas as coisas, é aquilo que persiste, isto é, a alma humana individual e eterna que vai de encontro ao seu devido fim: Deus.

Daniel Ferraz
Enviado por Israel Rozário em 13/02/2019
Código do texto: T6573751
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