O BODE NA VIDA DO POVO SERTANEJO DO NORDESTE BRASILEIRO

O BODE NA VIDA DO POVO SERTANEJO DO NORDESTE BRASILEIRO

Manoel Belarmino

Na Bíblia, um dos livros mais lidos do mundo, há um livro chamado Provérbios. O livro Provérbios é composto de diversos dizeres do povo do tempo antigo. Provérbio significa dizeres do povo. São ditados populares mais profundos e cheios de sabedoria. É a sabedoria dos mais velhos que é passada para os mais novos, filhos e netos; de uma geração para a outra. E geralmente os provérbios, os saberes, são passados de forma oral. Com o passar do tempo esses provérbios ou dizeres do povo foram sendo anotados por um grupo de mestres da sabedoria no templo para não serem esquecidos.

O povo daqueles tempos passados valorizavam o bode. Era do bode que muitas famílias tiravam o sustento. Do bode e da cabra tiramos a carne, a pele e o leite.

Nós, também, os sertanejos do semiárido brasileiro falamos expressões, dizeres, sobre o bode, que dizem mensagens das nossas experiências. Na Bahia muitas comunidades ainda vivem da produção de caprinos no modelo de fundo de pasto.

No território do município de Poço Redondo, antes do modelo agrícola predatório, antes do desmatamento, antes da obrigatoriedade das cercas, antes do búffel (o capim maldito), no tempo da criação de miunças (cabras, ovelhas, porcos, guiné, galinhas, peru, pavão, pombos), mesmo sem o acesso às políticas públicas, as comunidades tinham condições de produzir alimentos.

Sempre, em nossas andanças e paradas, cuidamos de buscar informações e sistematizar dados e experiências de convivência com o semiárido. E percebemos que o semiárido nordestino é viável, apesar de haver dificuldades. Uma das principais dificuldades é o acesso digno à água. E a outra dificuldade, que os governantes teimam em mantê-la, é a cultura da indústria das secas, insistindo com o mesmo modelo de construção de políticas públicas para o semiárido.

Podemos encontrar na Bíblia, em Provérbios 27, 23-27, um texto sobre o cuidado com o rebanho de caprinos já naqueles tempos antigos.

Manoel Belarmino dos Santos
Enviado por Manoel Belarmino dos Santos em 24/01/2021
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