HOUVE UM TEMPO (lavatórios)

HOUVE UM TEMPO (lavatórios)

Em tempos idos, nos ranchos, assim como nas casas mais simples, encontrava-se uma peça essencial à higiene diária: o lavatório.

Predominava o modelo em formato de tripé – dobrado em metal achatado, em modelo arabesco (elaborada combinação de formas geométricas, frequentemente semelhantes às formas de plantas) aproximava-se de um metro de altura. Saliente-se que os arabescos são elementos da arte islâmica.

Na parte superior, um vão possibilitava apoiar uma bacia, geralmente, ‘alouçada (louça águeda - Portugal)’.

Pouco abaixo, em forma cinturada, um vão menor servia de amparo à saboneteira. Salvo em ocasiões especiais, usava-se sabão grosso (muitas vezes de fabricação caseira). Ao banho do final de semana, lançava-se mão do sabonete (à época, muito perfumado). Ali, lavava-se o rosto e as mãos.

Em algumas residências, dispondo de recursos, ainda que parcos, havia lavatórios de madeira comum, por vezes sem pintura. Em outras, lavatórios em cores fortes, como vermelho e azulão. Nestas, já havia um espelho, sem refinamento – e até uma gavetinha para guardar pentes, saboneteiras e afins. Numa travessinha, em madeira, pendurava-se a toalha. Confeccionadas em saco de farinha, branca, com franjinhas do próprio algodão, bordados sem requinte e com os dizeres “Bom dia”.

Em dias de visitas ou aos finais de semana, a toalha de rosto era substituída por peça mais apresentável: confeccionada em morim ou cambraia, com entremeios de filó, bainhas abertas ou redes de bilro.

As peças referendadas faziam parte do enxoval das moças, à época, confeccionadas por elas, irmãs de mais idade, mães tias ou madrinhas. Por vezes, executadas em máquinas de costura, movidas à mão.

Nas famílias tradicionais, abastadas, o toalete substituía estas peças sem refinamento. Confeccionado em móvel de boa madeira, tampa de mármore, espelho bisotê grande, portinhas e gavetas. Ficava no quarto do casal ou em lugar onde fosse usado por todos. Preferencialmente no quarto. Sobre ele permaneciam, fazendo com conjunto em louça de porcelana, às vezes floreados ou de cor única, a bacia e a jarra. Eram objetos valiosos, somente possíveis a quem dispusesse de recursos econômicos e consideráveis posses.

Essas relíquias, acrescidas do urinol, por vezes com tampa, ainda hoje são encontradas em antiquários ou briques.

As escravas levavam a água aos quartos das sinhás para procederem à higiene. As donas da casa só saíam de seus aposentos bem vestidas e muito bem penteadas, a bem da verdade, naqueles tempos, muitas mulheres tinham feminilidade doçura e assim o eram sem os artifícios de cosméticos.

jorgemoraes_pel@hotmail.com