Heróis da Elite Mineira

Dizia um velho político de uma cidade interiorana: "quando escolhemos um candidato para compor nossa chapa, esquecemos tudo de ruim moralmente sobre o passado dele. Em nossa interland funciona assim." Daí o jargão antediluviano: "Se é do nosso lado é gente boa, se não é, não presta." Não é somente no jogo político que deparamos com essa hipocrisia, mas também nas relações culturais e socioeconômicas.

Na verdade, com raras exceções, os heróis da elite influenciadora não passa de um bando de milicianos ou quadrilhas de meliantes que se apossam de determinadas instituições, como por exemplo, Cooperativas, sindicatos, prefeituras e câmaras municipais, entre outras instituições, para atender seus próprios interesses, se enriquecendo cada vez mais à custa da ingenuidade e passividade ou daqueles que têm receio de denunciar e serem mandados para a fogueira por esses grupinhos tóxicos.

E olha que a fogueira da calúnia, da difamação, ou seja as fakes da "rádio peão", nas cidades interioranas são mais atrozes. Há por esses rincões de Minas muita trama, fraudes e golpes. Presidentes e seus asseclas das instituições retromencionadas, que por longos anos se aproveitam para tirar o máximo de proveito para engordar ainda mais seus patrimônios e que continuam serem tratados como homens de bem.

Há casos em que presidentes ou diretores são tão podres que conseguem se apropriar até mesmo de bens de raiz ou imóveis dessas instituições.

Já no campo cultural, nas cidades de nossos grotões mineiros, cultivam uma elite mal educada, sem disciplina, prepotente arrogante e sem senso de urbanidade, em contraste com uma classe menos privilegiada, educada, disciplinada e humilde, que são a maioria, mas sem liderança política, não passando de massa de manobra ou joguetes nas mãos dessas quadrilhas, ou seja, elites influenciadoras e temidas.

Quando digitamos no Google, por exemplo a frase: história das revoltas e grupos revolucionários em minas, o gigante de busca da internet nos traz quase tão somente informações sobre a Inconfidência Mineira, movimento elitista mineiro, ou seja um grupo que não articulou as massas (mazombos, comerciantes, negros forros, escravos, pés rapados, pequenos mineradores, sesmeiros) talvez por falta de liderança, compromisso e vocação. A Historiografia mineira faz questão de ocultar o seu verdadeiro movimento revolucionário que veio das massas: A Revolta de Felipe dos Santos.

A história mineira nos rincões é como uma mesma peça teatral encenada ao longo dos anos onde somente os atores e figurinos são substituídos.

Ao povo honesto, trabalhador e dedicado, que contribuem para com o desenvolvimento de sua aldeia, resta um silêncio de quase cumplicidade, marca indelével que vem sendo transportada ao longo de nossa cultura patriarcal ou coronelista mineira.

Essa engrenagem continuará funcionando "ad aeternum"?

Será que teremos outro Felipe dos Santos?

"LIBERTAS QUAE SERA TAMEN".

Marco Antônio Pinto
Enviado por Marco Antônio Pinto em 01/05/2022
Reeditado em 01/05/2022
Código do texto: T7506940
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