Batalhão de Trança.

Segundo os mais idosos, essa cultura perdurou por muitos e muitos anos; e era tradição em nossa região, onde as pessos costumavam se ajudarem nos serviços de trança. E, quando alguém estava com problemas de saúde ou outros como, acúmulo de trabalhos, então os vizinhos se reuniam e iam todos para a casa daquela pessoa, teciam toda a palha ou pindoba que ela tinha: (palha ou pidoba), é uma espécie de planta um recurso natural em nossa região. A produção ficava toda para aquela família. Esses encontros eram chamados de batalhão quando acontecia se trabalhar o dia inteiro ou a tarde toda. Quando era apenas à meia tarde dava-se o nome de cinco horas ou adgitório.

O trabalho se desenvolvia da seguinte forma: uns teciam a palha, outros limpavam a tranças já outros costuravam as esteiras, as capuangas que também são conhecidos por boca-piu ou bisaco. Também se fazia chapéus, tapetes, vassouras, aiós etc. Aió era uma capuanga pequena que os caçadores usavam para levar a munição das espingardas e as balas de barro ou pedras para o estilingue chamado também de badogue espécies de amamentos para caça artesanal. Era uma verdadeira manifestação de solidariedade. E uma expressão cultural pois, durante as horas ou dia de trabalho, se cantava roda chula sambra e outras músicas populares da época. Essa tradição aos poucos está sendo esquecida pois as novas gerações não valorizam a cultura, como também não trabalham mais com a produção dos artefatos de palha, que na época era uma das principais fontes de renda. A pessoa que recebia essa ajuda, preparava o almoço quando era o dia inteiro ou o lanche para as tardes de cinco horas ou adgitório e claro que tinha o cafezinho e mais umas boas doses de vinho ou a famosa pinga quente.

Sobre as cantigas de roda, as pessoas trocavam versos da sabedoria popular. Apresento alguns deles e deixo entre "" pois não conheço os autores. São frutos da oralidade popular da região.

São esses...

"Menina case comigo

Que sou bom trabalhador

Com chuva não vou na roça,

Com o sol também não vou!"

"Fui na fonte das pedrinhas

Fui fazer às minhas queixas

Uma das pedras me disse,

Que amor firme não se deixa".

"Joguei meu lenço pra cima

Por detrás da sacristia

Caio no nariz do padre,

Isso mesmo que eu queria".

"Quem quiser que água corra

Dê um talho na levada

Quem quiser ter amor firma,

Viva com a boca calada".

Pois então nobres Leitores (as), esse texto escrevi na Escola em uma aula de artes.

Chapada Serrinha Bahia 14 de abril de 2010