Tributo à memória de Luís Alexandre de Oliveira

Nascido no dia 14 de abril de 1903, num arraial mineiro do município de Viçosa, Luís Alexandre de Oliveira está na galeria dos cidadãos que tudo fizeram para o progresso de Campo Grande, antes da criação do Mato Grosso do Sul. De origem humilde se tornou educador, advogado e proprietário estabelecimento de ensino. Dedicou sua vida ao magistério e à defesa dos mais fracos e oprimidos. Em idade avançada, doou o seu patrimônio para instituições de Campo Grande, contemplando a Santa Casa com o prédio e terreno do antigo Colégio Osvaldo Cruz, doando imóveis para Centro Espírita e Academia de Letras e uma grande biblioteca para uma Loja Maçônica. Tinha uma resistência inabalável, traço que herdou dos seus antepassados africanos e conquistou confiança, respeito e admiração de vários setores da sociedade local.

Luis Alexandre e seus dois irmãos foram criados pela mãe, Dona Januária Maria de Oliveira, que assumiu o sustento da família. Em busca de melhores condições de vida, a família chegou à antiga região sulina do Mato Grosso, por volta de 1912, fixando residência em Aquidauana, em momento de grande desenvolvimento da região devido a inauguração da Estrada de Ferro. De início, Dona Januária trabalhou como lavadeira e depois ganhou a vida fazendo linguiça com carne suína e vendendo o produto de porta em porta. Para complementar a renda, fornecia refeições para operários da ferrovia. Era uma mulher forte, destemida e trabalhadora. Diante de qualquer ameaça, sabia impor respeito com um revólver que sempre trazia no bolso da saia.

A família transferiu-se para Campo Grande, onde nos anos 1920 estava sendo criados os primeiros colégios. O jovem Luís Alexandre iniciou os estudos secundários e para pagar o colégio, começou a ministrar aulas para os anos iniciais, contando com o apoio da comunidade evangélica. Tornou-se professor secundário e tinha ampla visão sobre a importância de modernizar a instrução secundária local. Foi fervoroso defensor da contratação de professores paulistas para completar a oferta das matérias do antigo curso ginasial do extinto Instituto Pestalozzi, instituição que passou a ser o Ginásio Municipal e depois foi adquirido pela Missão Salesiana, dando origem ao Ginásio Dom Bosco.

Os novos professores paulistas passaram a ministrar os programas dos exames preparatórios, exigidos para o ingresso nos cursos superiores. Foi nesse contexto que ele completou os estudos secundários, destacando o nome de seus professores: José Sabino Patrocínio, Dolores Ferreira de Andrade, Engenheiro Luis Ayres Porto Carrero, Ataliba de Melo e Henrique Correa, entre outros. Passou alguns anos no Rio de Janeiro, onde graduou-se em Direito e retornou para Campo Grande onde exerceu o cargo de Juiz Auditor da Justiça Militar.

Durante anos, foi diretor da Escola Visconde de Cairu, onde conquistou a confiança da comunidade nipônica. Durante a Segunda Guerra Mundial, não mediu esforços para que os japoneses não fossem perseguidos ou usurpados de seus direitos de propriedade. Emprestou seu nome para “adquirir” imóveis que pertenciam aos japoneses, evitando assim o confisco. Passado o conflito, devolveu todos os imóveis aos proprietários na mais serena transparência. Essa atitude que lhe conferiria, anos depois, a comenda “Ordem do Sul Nascente”, concedia pelo Imperador do Japão.

Teve curta experiência na política regional, participando como um dos fundadores da UDN (União Democrática Nacional), sendo eleito deputado estadual por um único mandato. Sua trajetória como advogado, educador e militante de instituições sociais foi escrita em seu livro de memórias, publicado na década de 1986, vindo a falecer em 1997. Recebeu homenagem póstuma com a atribuição do seu nome a uma via pública que interliga as avenidas Afonso Pena e Mato Grosso, às margens do Lago das Nações Indígenas, no coração da bela capital sul-mato-grossense. Da mesma forma, tem sua memória homenageada numa lei municipal de 24 de setembro de 1997, denominando de “Luiz Alexandre de Oliveira” o Centro de Capacitação de Recursos Humanos de Campo Grande