Tempo de Natal

Chegou o tempo de Natal! Além de toda a simbologia religiosa, é momento também de tentar amenizar os efeitos dos golpes que possamos ter recebido, é tempo de saborear aquelas deliciosas memórias afetivas que nos acompanham desde a infância. Todo esforço deve ser feito para desacelerar a correria com a qual atravessamos o ano. Mas, por certo, não é fácil realizar esse desejo. Não é fácil conciliar o tempo abstrato do calendário com a realidade das condições psicológicas de cada ser humano. A objetividade dos fatos externos e a subjetividade nem sempre estão em harmonia. De um lado, está o império das tradições, dos modelos, das regras e culturas deixados pelo passado, do outro, a imponderável trajetória e a incompletude de cada pessoa, com seus dons, virtudes e limitações.

Mesmo que o calendário não queira saber das dores particulares que cada um, somos convidados a vivenciar esse momento com fé, alegria e empatia. De repente acende uma luz na compreensão, fala mais alto a condição humana, lembrando que é hora de abrandar os rigores dos nossos caprichos pessoais, tanto quanto isso for possível. É bom e necessário relevar aqueles gestos infelizes praticados por outras pessoas e que nos causaram tristeza e mal-estar. É tempo de deixar florir o bem, acreditar que somos capazes de contribuir, por vezes com gestos simples, para um mundo melhor e uma sociedade mais generosa.

O ano que termina permitiu circular, nessa página da imprensa, diversas opiniões sobre as mais variadas ciências e expertises. Mas hoje, ainda no campo das opiniões, é o momento de deixar fluir essa mensagem que ousa acreditar na aproximação das pessoas para a construção de uma sociedade mais solidária. Com os pés no chão, sem esquecer a infâmia das guerras e das demais mazelas do mundo contemporâneo, pedimos que a singularidade de cada ser individual possa falar mais alto. Que o Tempo Natalino faça renascer uma generosa força interior e assim possamos compartilhar novos dias de saúde, paz, alegria e realizações.

Por fim que as luzes natalinas penetrem em nossa inteligência e nos faça entender que todas as vidas importam. Não há como existir progresso e segurança isolado numa ilusória bolha de proteção, queimando florestas, poluindo rios e mares. Expressamos assim uma forma de reverenciar esse clima natalino. Como canta o conhecido sambista, não há outra saída a não ser “mandar a tristeza embora”, pelo menos por esses dias reservados para as festas. Dar o primeiro passo para acabar com o tédio que ameaça o corpo e a alma. Saibamos encontrar brumas de esperança nesses dias calorentos. Por vezes, os caminhos escolhidos por nós mesmos, refletem o infortúnio desse momento. Nesse caso, é preciso redirecionar os nossos planos em favor do bem, relembrar as lições que ensinam a necessária busca de harmonia com a natureza e com todas as formas de vida. Que as nossas emoções deixem reviver esperança no futuro próximo. Só assim a noite consagrada ao Menino Jesus terá o encanto da árvore de Natal.