É possível controlar o processo de Extinção das Espécies?

É possível controlar o processo de Extinção das Espécies?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

(Professor Titular da FATEA/Lorena/SP)

Infelizmente, a resposta para a pergunta acima é uma só: absolutamente não é possível. Entretanto, como nos últimos tempos muito tem sido falado sobre a extinção das espécies vivas do planeta e como isso é realmente um dos grandes problemas ambientais, o qual sofre imensa aceleração em consequência das atividades antrópicas sobre a Terra, resolvi me atrever e emitir minha opinião sobre o assunto.

De qualquer forma, como já foi dito no parágrafo anterior, não é possível impedir e nem controlar os mecanismos que levam a extinção das espécies, sendo necessário que se entenda que a extinção de espécies é um fenômeno natural, que ocorre independente do homem e que tudo o que é vivo certamente deixará de existir um dia. A extinção é compulsória e certamente virá para todas as espécies vivas, inclusive para a nossa.

Histórica e geologicamente muitas espécies se extinguiram e, desta maneira também permitiram o aparecimento de outras que passaram a ocupar os nichos ecológicos desocupados daquelas que se extinguiram. Isso quer dizer que existe naturalmente uma dinâmica no processo evolutivo que permite que as espécies sejam naturalmente substituídas ao longo do tempo por outras mais bem adaptadas. Essa é a própria noção conceitual da Evolução Biológica.

Assim, algumas espécies se extinguiram mais rapidamente e outras mais lentamente e não é possível prever quando e como se dará efetivamente a extinção de cada uma das milhões de espécies atuais. Há no planeta espécies muito antigas que ainda estão vivendo e relativamente bem, enquanto outras que surgiram depois, na escala do tempo geológico, já se extinguiram.

De qualquer maneira, quero aqui manifestar minha opinião de que não é pelo fato da extinção ser natural e compulsória que não devemos nos preocupar com ela. Aliás, devemos atuar exatamente de forma contrária, porque obviamente é possível afirmar que ação antrópica através da destruição dos Ecossistemas e da diminuição dos espaços naturais tem limitado cada vez mais a capacidade reprodutiva e consequentemente o tamanho natural das populações. Certamente isso contribui e acelera o processo de extinção das espécies envolvidas na área em questão.

Quer dizer, o crescimento exagerado das populações humanas e as ações antrópicas decorrentes desse crescimento favorecem efetivamente ao aumento de extinção de espécies no planeta. Isto é, grande parte dos mecanismos que favorecem a extinção de espécies são provocados pela ação danosa das populações humanas sobre os ambientes naturais. Em suma, temos vários registros de espécies que se extinguiram recentemente e de outras que estão em vias de extinção por conta das atividades antrópicas e certamente existem muitas outras que nem tivemos como registrar, mas que simplesmente já se extinguiram por conta do homem e de seus significativos impactos negativos ao planeta.

Quando a extinção de uma determinada espécie ou de um determinado grupo de espécies se dá por força de fenômenos naturais, a própria natureza cria gradativamente mecanismos facilitadores para espécies substitutas ou desenvolve evolutivamente seleção no sentido de propiciar modificações específicas que possam gerar novas adaptações para suprir aquela lacuna no ambiente. O lento e progressivo trabalho evolutivo vai criando essas condições, até que num dado momento uma nova espécie surge naquela área e a outra, que outrora fora profícua vai desaparecendo. Por fim, a espécie ancestral acaba por desaparecer e a espécie nova amplia sua ocupação naquele espaço.

Mesmo no caso de grandes catástrofes, a natureza é pródiga e espécies colonizadoras rapidamente se apoderam das áreas modificadas pelos cataclismas, a fim de desenvolverem condições básicas para que outras espécies possam rapidamente se suceder na área. A sucessão ecológica é algo impressionantemente eficaz e em pouquíssimo tempo aquele ambiente que havia ficado inóspito, desenvolve nova forma de ocupação e um novo ecossistema vai se estabelecendo, com sua biocenose característica que se manifesta e se modifica até atingir um estágio máximo de suporte (clímax) para aquelas condições físicas e químicas do local.

Nos ambientes artificiais, estritamente antrópicos, a força da natureza não tem sido capaz de agir com a mesma eficiência, pois há muitos fatores limitantes das condições mínimas necessárias nesses ambientes e assim, a capacidade modificadora, adaptativa e regenerativa da natureza, na maioria das vezes, não consegue se estabelecer. Os humanos realmente impedem os processos vitais de continuidade evolutiva natural em determinadas condições.

Desta maneira, cumpre a nós humanos, trabalhar ativamente no sentido de minimizar essas extinções, produzindo mecanismos que reduzam e que evitem extinções precoces, haja vista que somos a única espécie capaz de mudar a face do planeta. Nós humanos somos os verdadeiros aceleradores do processo de extinção, além de também agirmos como inibidores dos mecanismos evolutivos e sucessórios em determinadas áreas. Por isso, ficou claro que precisamos incluir na nossa pauta de ações a preocupação com manutenção dos ecossistemas naturais e a consequente extinção de espécies.

A partir da constatação acima, muitos mecanismos foram propostos e os critérios estabelecidos e assim os humanos têm tentado aplicar esses mecanismos para minimizar a extinção prematura de muitas espécies, porém os resultados têm demonstrado que esses mecanismos acabam sendo paliativos e que não chegam nem perto de resolver a questão. Quer dizer a solução é respeitar os limites naturalmente impostos e isso passa por controlar as ações do homem sobre os ambientes naturais evitando a destruição dos ecossistemas e assim garantindo a sobrevivência das espécies nele encontradas.

Obviamente sou ciente de que essa é uma luta inglória, até porque o homem também precisa sobreviver e sua ação ambiental sempre será impactante. Entretanto, quero dizer que é preciso estimular a humanidade a minimizar o crescimento populacional, pois somente isso poderá trazer e garantir, ao longo do tempo, os resultados efetivos à qualidade de vida dos próprios humanos e certamente minimizará as ações contra os ecossistemas e assim também amenizará o número de espécies ameaçadas de extinção no planeta.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (54) é Biólogo (Zoólogo), Professor Universitário, Escritor e Ambientalista; É Membro Fundador e atual Vice-presidente da Academia de Letras de Caçapava; Foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Caçapava.