HORTA COMUNITÁRIA URBANA (Modelo: ASA NORTE, EM BRASÍLIA)
 
 
PREPARAÇÃO, IMPLANTAÇÃO
 
1. O espaço disponível  - 72 m²  - corresponde à parte frontal de uma residência na Asa  Norte, em Brasília, limitada aos fundos pela casa da responsável pela horta, e à frente por calçada para pedestres e rua de trânsito normal de veículos. A área encontrava-se repleta de entulhos e restos de obras (pedras, cimento, ferros,  tinta de paredes, tinta de ferragens, vidros, plásticos), totalmente imprópria para agricultura.
O primeiro passo foi a remoção de todo o material misturado à terra e transformação do solo improdutivo em solo limpo, terminando com um pequeno período de descanso.
Em seguida, iniciamos a fase de revitalização da área, através de tratamento da terra (aplicação de matéria orgânica, poda de árvores, combate aos formigueiros e  cupinzeiros existentes) . Novo descanso.
Como o solo possui uma inclinação de mais de um metro, nos seus nove metros de comprimento, providenciamos o seu nivelamento e a formatação dos canteiros em formas e tamanhos variados, já que existem duas árvores frutíferas na área, cujas raízes aqui e ali estão superficiais e até aparentes.
Na sequência, definimos os locais de plantio, de acordo com as exigências de cada tipo de mudas ou semente, obedecendo à sua necessidade de sombreamento, luz solar, umidade, capacidade de expansão, considerando também que necessitarão resistir ao excesso de água no período chuvoso (outubro a abril) e à falta de umidade no período da seca (maio a setembro). São duas fases bem antagônicas que afetam diretamente a produção no planalto central.
No pequeno espaço vimos que era possível cultivar de forma permanente cerca de 80 espécies de ervas medicinais e condimentos, além de algumas espécies ornamentais (em canteiro separado). À medida que iam sendo plantadas, fomos identificando-as com plaquetas
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MANUTENÇÃO, EXPANSÃO
Para interagir com o público e criar um ambiente convidativo à participação dos transeuntes e vizinhos que circulam na área, improvisamos uma pequena decoração e a fixação de um mural com informações sobre as plantas, reportagens na imprensa sobre a Horta Comunitária Urbana (HCU), poesias e textos afinados com a atividade; disponibilizamos formulários para cadastramento voluntário, caixa de correspondência, recipientes para doações, locais para oferta e retirada de  mudas e folhagens. Observamos também que era necessário providenciar a proteção das matrizes das plantas mais tenras e das frutas ( mangas e jambos) que caem sobre a calçada e as plantas na primavera. Instalamos, então,  um telado em forma de cobertura de cabana de índio (apoiado em bambus, posteriormente em barras de ferro cruzado) entre a copa das árvores e o solo.
O apelo à sensibilidade das pessoas resultou na entrega à HCU de plantas abandonadas e doentes para recuperação. Estamos implantando o hospital de plantas e tem surgido demanda para a implementação do hotel para plantas, por parte de pessoas que viajam,  reformam, mudam-se de residência ou ficam temporariamente impedidas de cuidar delas. Estamos analisando esta hipótese.
Na HCU, damos tratamento diferenciado para as plantas doadas. As orgânicas que não admitem uso de agrotóxicos, e as ornamentais que admitem uso de agrotóxicos, ficam separadas, e recebem atenção de acordo com sua origem e antecedentes.
Fazemos vistoria diária com recolhimento de materiais trazidos pelo vento ou depositados na área por transeuntes descuidados, o que tem ficado cada vez mais raro. São sacos plásticos, potes, garrafas, papéis de balinhas ou bombons.
Para conquistar os animais que frequentam a HCU como pombos, sabiás, beija-flores, borboletas, calangos, lagartixas, nós lhes oferecemos alimentos como alpiste, ração, compostos e água doce.
Construímos um minhocário em três manilhas de 1.000 litros, onde os amigos da horta depositam sobras como cascas de frutas e legumes e folhagens para a alimentação das minhocas, que já produzem considerável quantidade de húmus  em uso na HCU em sistema de revezamento.
Professores de ciências e literatura das escolas próximas ministram aulas externas aos seus alunos no espaço. Pesquisadores, curiosos, adeptos de tratamentos naturais também visitam diariamente o local.
 
Adotamos reciclagem de vasos plásticos e de cerâmica e de garrafas pet em três modalidades: transformação em vasos para mudas, delimitação de canteiros (repelente de formigas e cupins) e proteção para o mural.
A HCU produz suas próprias matrizes ( sementes e mudas), que são colhidas e transformadas em novas  mudas ou canteiros.
Constantemente reavaliamos, re-adubamos, fazemos rotatividade de cultura. Utilizamos a comunicação visual e desenvolvemos a sensibilidade e a percepção sutil para detecção de necessidades de cada espécie e fazemos o atendimento solicitado pelas plantas.
A irrigação dos canteiros é realizada através de quatro mangueiras tipo “santeno” e a dos vasos e mudas é manual.
Participamos de eventos, realizamos palestras e orientações pré-programadas ou não
Projetos dependendo de apoio institucional e técnico:
a-     Coleta de água das chuvas na área urbana, a partir dos telhados das casas e prédios, com canalização para reservatórios a serem instalados próximo aos locais de cultivo, de onde será  distribuída para os pontos de irrigação, através de gotejamento e/ou pulverização, conforme a necessidade de cada área plantada;
b-     Durante o período da seca, abastecimento do reservatório através de caminhões pipa gratuitamente ou redução da taxa de esgoto do cálculo da tarifa de água potável  das residências ou condomínios que mantem a horta;
c-      Elaboração e implantação de projeto paisagístico padronizado e institucionalizado, sob orientação e supervisão (EMATER?);
d-     Implementação de centenas de Hortas Comunitárias Urbanas semelhantes no Plano Piloto e Cidades Satélites do Distrito Federal com extensão para todo o território nacional, onde couber. 
Resultados Almejados:
  1. Redução do lixo orgânico: cascas de frutas, legumes, verduras, folhas verdes e secas que caem das árvores serão transformados em adubo, através das composteiras, reduzindo o volume e selecionando previamente o lixo coletado nas áreas urbanas;
  2.    Revitalização dos terrenos contíguos às áreas residenciais: serão reduzidos os efeitos danosos à saúde provocados pela proximidade com metais pesados, haverá melhoria da qualidade do ar, preservação da umidade natural e atratividade para aproximação de pássaros e outros pequenos animais silvestres, recriando ambientes benéficos;
  3. Colheita manual e utilização doméstica imediata das plantas cultivadas organicamente para chás, temperos e ornamentação;
  4. Conscientização ambiental e transmissão das técnicas agrícolas às crianças, adolescentes, empregados domésticos motivados pela participação direta e acompanhamento permanente da atividade; 
  5. Formação de profissionais em agricultura urbana e compostagem, através de aula práticas nas comunidades onde residem com certificação (modelo SENAR).
  6. Redução da contaminação dos mananciais, do entupimento de bueiros e alagamentos de ruas nas grandes cidades (explorar melhor);
  7. Redução da incidência de mosquitos da dengue e de outros insetos provocadores de doenças, como ratos, baratas, formigas que são atraídos pelo cheiro do lixo misto;
  8. Redução/substituição de conteiners. Fixação de lixeiras ( ver sistema de coleta em outros países); 
  9. Melhoria das condições de trabalho dos catadores de lixo (explorar melhor);
 
  1. Economia/redirecionamento da mão de obra, transporte, combustíveis fósseis, maquinários, enfim toda a estrutura envolvida na coleta, limpeza e tratamento do lixo produzido nas áreas urbanas.
 
 
Conclusão:
Horticultura Urbana ou Rural deve ser objeto de atenção e apoio institucional, logístico e técnico, sem burocracia e sem demora, para não comprometer sua viabilidade.
Horticultura é muito mais que um empreendimento comercial, atividade profissional ou rudimentar. É um processo de integração entre seres: humanos, plantas e animais. É um hábito de vida que exige dedicação para se obter resultados a curto, médio e longo prazos, assim como praticar exercícios, alimentar-se adequadamente.
 
 
Águas das chuvas que correm pelo asfalto da cidade arrastam consigo todo o lixo gerado nos centros urbanos, que vão contaminar a água que consumimos nos mananciais dos rios próximos e no subsolo, provocando doenças já erradicadas,  alergias e até a morte prematura.  Portanto, é urgente que se pense em uma solução a curto prazo para este e outros problema, se quisermos que as duas próximas gerações que chegarão ao planeta nele permaneçam em condições adequadas de sobrevivência e longevidade.
Neste caso, não há milagres à vista. Há que haver ações responsáveis.
Bsb, mai/2011   Sandra Fayad
http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 26/05/2011
Reeditado em 08/11/2014
Código do texto: T2995295
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