A esquerda não é ecológica

A ESQUERDA NÃO É ECOLÓGICA
Miguel Carqueija

Corre por aí que a esquerda defende os princípios ecológicos e ambientalistas e que a direita é contra tudo isso, apostando no domínio absoluto das indústrias e da destruição da natureza em prol do dinheiro.
Até que ponto isso pode ser considerado verdade? Sem falar, é claro, que a humanidade não pode simplesmente ser dividida em pessoas de esquerda e pessoas de direita. Semelhante polarização chega a ser ridícula. Há outras posições além de direita e esquerda.
Esclareço que não nego, em absoluto, que pessoas com ideias esquerdistas possam ser sinceramente (e pontualmente) simpáticas à causa ecológica. A coisa muda de figura, porém, quando chegamos ao nível de militância, de partidos e de agrupamentos de esquerda, ou mesmo comunistas, marxistas.
O regime comunista, chefiado pelo monstro humano que foi Lênin, torna-se, pouco tempo após a Primeira Guerra Mundial, o triste pioneiro da legalização do aborto, feito esse que abriu as portas para a ruína da Humanidade. E até hoje são sempre os partidos socialistas, esquerdistas, e movimentos da mesma coloração, que por toda a parte se colocam na linha de frente da defesa e imposição feroz do aborto, da eutanásia, da manipulação de embriões humanos, em suma de toda a cultura da morte. Depois do diabo é a esquerda a maior culpada pelas centenas de milhões de nascituros sacrificados anualmente nessa matança horripilante.
Durante a existência da Cortina de Ferro, os países do leste europeu, sob regime marxista, eram mais poluídos que os do oeste democrático. Explica-se: para os socialistas o socialismo não produz poluição, portanto não há o que fazer.
Assim é que na União Soviética os desastres ambientais e outros eram ocultados, pois o regime comunista não reconhecia a ocorrência de catástrofes em seu território. Até Chernobyl, é claro. Sobre isso recomendo a leitura do livro “Bonecos de neve e Chernobyl”, que resenhei sob o título “Chernobyl: a tragédia que não pode ser esquecida”:

https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/6082425

Este impressionante livro apresenta os depoimentos de estudantes da Bielorússia, país que em função dos ventos acabou sendo mais atingido que a Ucrânia, onde se situava a usina nuclear sinistrada. A extraordinária tragédia foi equivalente à queda de uma bomba atômica. E o livro mostra como as autoridades comunistas (portanto esquerdistas) foram canalhamente omissas e mentirosas no enfrentamento da situação, ocultando a verdade dos fatos. Cito aqui apenas um dos depoimentos, porém bastante contundente:


NATÁLLIA IARMOLENKA (16 anos, 11ª série, Bráguinsk))
“Logo após o acidente as pessoas ficaram caladas e evitavam fazer comentários sobre o assunto. A população não teve acesso às informações sobre o que realmente ocorreu. A verdade foi escondida e as pessoas não se deram conta da gravidade da situação. Sem orientação sobre os perigos da contaminação radioativa, foram abandonadas à própria sorte. Tempo precioso foi perdido sem que se tomassem as precauções que hoje sabemos serem necessárias.”


Sempre é bom lembrar que na União Soviética os cientistas costumavam realizar experiências crudelíssimas com animais. Lembro até hoje como a minha mãe ficava revoltada, e mais ainda ficou quando lançaram no satélite Sputnik 2, para morrer no espaço, a cachorrinha Laika (vide imagem). Foi no fatídico dia 3 de novembro de 1957, e até hoje os comunistas não pediram perdão por essa barbaridade. A justificativa: “Foi em benefício da Ciência”. Não, foi pela vaidade humana.
Na época o ditador da URSS era Nikita Khrushev, aquele mesmo mal-educado que deu sapatadas na mesa em pleno plenário da ONU.
Em tempos mais recentes, ou seja, em meses recentes, vimos que o mais poderoso líder da esquerda mundial, o ditador criptocomunista russo Vladimir Putin, pronunciou-se contra as posições de Greta Thunberg. Outro líder esquerdista contrário a Greta: Emmanuel Macron, da França.
A esquerda é muito ecológica quando não está no poder.
No meu entender, diante dos fatos, a esquerda não tem moral e nem direito de reivindicar o monopólio da luta pela vida e pelo meio ambiente.

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2020.