Caverna dos Escravos, Cabo Frio RJ

No Parque Estadual da Costa do Sol, no município de Cabo Frio RJ, há um tesouro histórico e arqueológico em meio as praias selvagens e uma trilha selvagem, é a ancestral Caverna dos Escravos, local muitíssimo desconhecido por moradores e turistas e que não recebe o respeito devido e a proteção do poder público.

Essa caverna foi construída por índios tupinambás (Tamoios) no século XVI, arqueólogos datam a mesma por volta do ano 1600 da era cristã, cem anos após o descobrimento do Brasil e no período de grande exploração de pau-brasil na região do antigo Cabo Frio.

Período esse, que foi usado grandemente a exploração do trabalho compulsório dos ameríndios (indígenas), os nativos da terra por parte do colonizador, o português.

Essa caverna foi extremamente bem construída por mãos humanas, dá pra vê as marcas nas suas paredes do trabalho dos artífices, e percebe-se a perfeição da construção, ela não é um simples buraco na pedra. Entrando na mesma, chega-se facilmente até seu final, apesar do incômodo causado por seus moradores, muitos morcegos, que na verdade são dóceis e não fazem nenhum mal aos seres humanos. Apesar de assustarem os visitantes e turistas.

Existem algumas teorias sobre a construção da mesma. Na verdade, são hipóteses ainda não comprovadas por falta de documentação histórica do período. A maioria dos historiadores, no entanto, acreditam que o local foi construído por escravos nativos que se refugiavam no local. Sendo uma espécie de esconderijo de escravos fugitivos, ou daqueles que temiam serem feitos cativos. Outra hipótese é que se tratava de um templo indígena, que os nativos usavam para “meditação” ou ainda, um local para colocar mulheres menstruadas ou crianças doentes. A última teoria é a da exploração de pedras preciosas no local, sendo a caverna uma espécie de mina, muito parecida com a encontrada em Minas Gerais, na região de Ouro Preto e Mariana.

A única certeza que se tem da Cavernas dos Escravos é que a mesma foi construída com todo cuidado e expertise pelas mãos humanas, sendo um trabalho magnífico, num local de beleza exuberante.

O local fica na região das antigas salinas peroanas, onde hoje, infelizmente, criaram um estacionamento gigantesco com forte dano ambiental, perto da badalada Ilha do Japonês e da Praia Brava, praia está, que é o único local do balneário reservado para o naturalismo/nudismo. Local de extrema beleza e excelente para trilhas, filmagens e tirar muitas fotos para recordação.

Deixo aqui no fim do texto a minhas críticas ao poder público local e a muitos que visitam a Caverna.

A cada dia que passa as inúmeras trilhas, tanto da Ilha do Japonês, como da Praia Brava e da Caverna dos Escravos vão se fechando, algumas claramente já se fecharam e se tornaram impossíveis passar pelas mesmas.

Também não existem sinalizações nas trilhas feitas pelo poder público indicando como chegar, por onde ir, deixando o visitante extremamente perdido sem ter a mínima noção de onde fica tanto a praia de nudismo, a Brava, como a Caverna dos Escravos.

O poder púbico também não investe em propaganda e marketing de divulgação dessas belezas naturais e históricas, fazendo que milhões de turistas que nos visitam se quer saibam da existência tanto da Praia Brava como da Caverna, mesmo a maioria deles estando ao lado desses dois esplêndidos locais, quando visitam a Ilha do Japonês. E o pior, nem os cidadãos cabo-frienses conhecem o local e muito menos já os visitaram.

Deixando-se assim de ganhar muito dinheiro com o turismo naturalista, de trilha e histórico porque temos governantes irresponsáveis e sem visão empreendedora para um turismo de altíssima qualidade. Além é claro de gerarmos emprego e renda para guias turísticos e para trabalhadores autônomos nesses locais, que poderiam vender bebidas e comidas para os visitantes.

Pela falta de cuidado, apreço e respeito ao local por parte dos prefeitos e da Câmara Municipal que deveria fiscalizar o poder executivo e criar projetos de lei que poderiam revitalizar e melhorar o acesso a essas riquezas ambiental e histórica.

Soma-se a isso, a irresponsabilidade de alguns visitantes que fazem pichação ou escrevem seus nomes dentro da caverna. Ao invés de terem uma consciência preservacionistas e marcarem sua presença com fotos e vídeos, o que é louvável, o fazem da pior forma, que é deixando suas marcas depreciativas no local.

Temos muito a evoluir como povo e muito trabalho a fazer para sensibilizar tanto o poder público quanto os visitantes da importância da preservação de locais históricos e fantásticos como esse.

Espero através desse excerto está fazendo a minha parte!

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 17/08/2020
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