A "Marvada Custódia"

Em recente artigo publicado na Revista Você S/A, que aborda sobre o depósito compulsório do Banco Central, me veio a lembrança de quando, mesmo por pouco tempo, gerenciei agência bancária pelo interior de Alagoas. Com serviço telefônico precário, era uma necessidade premente, ao final do expediente, comunicar à Direção Geral o saldo da Tesourária, que era contablizado como parte da agência e parte do Banco Central, esta que recebia o nome de Custódia. Se, por acaso, não conseguisse o telefonema, todo o saldo ficavava à disposição da agência, pelo que havia encargos finaneiros. Assim, a gente não arredava o pé da agência, enquanto não confirmada a transmissão da Custódia.

E, quando isto demorava, pela habitual dificuldade telefônica, éramos surprendidos pela chamada da mulher. E a gente respondia: "só posso ir depois da Custódia".

Aí, então, era que a coisa esquentava. A mulher, não entendendo de contabilidade bancária, arrematava: "qualquer hora eu vou aí meter o sarrafo nessa Custódia, que tanto lhe prende." E tome-lhe impropérios naquela que era apenas um termo bancário, imaginada como "sirigaita" ou outros adjetivos atribuídos a quem pode roubar o marido alheio.

Escapei. A Custódia, aos trancos e barrancos, ia para o Banco Central, em Brasília, bem distante de nós.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 16/03/2022
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