A AQUISIÇÃO DA ESCRITA COMO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SUJEITO.

A matéria “Faculdades em xeque” publicada pela revista Nova Escola na edição de número 231 em abril de 2010, disposta na seção “O X da questão”, traz uma nota do Instituto Superior de Educação Programus (Isepro) que foi divulgada na internet com o propósito de justificar o baixo conceito no curso de pedagogia de acordo o resultado do último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Porém, o que nos chama a atenção nessa matéria são os equívocos de ortografia (troca de letras, erros de pontuação e acentuação), gramática (problemas de concordância e regência verbal e nominal) dispostos no texto publicado pelo (Isepro). Logo, chamamos a atenção para as implicações dessa reportagem.

Diante do texto (nota) acima citado nos deparamos com um enorme grau de descaso com a aquisição da escrita e o que mais impressiona é o fato de o texto ter sido criado por uma instituição formadora de “possíveis” educadores, o que nos remete a reflexão em relação à formação desse sujeito (professor) que vai ser construída também a partir dessa ligação com a instituição. Porém, nos preocupa o fato de profissionais mostrarem-se tão despreparados para a realização de tarefas tão corriqueiras, o que implica em um resultado desastroso para aqueles que se colocam a mercê desse tipo de instituição. Compreendemos que escrever é uma das atividades mais complexas que o ser humano pode realizar, mas escrever é acima de tudo uma habilidade que pode ser desenvolvida e não uma competência que se forma com algumas dicas, é um ato que exige empenho e trabalho, assim a escrita deve ser vista como pratica social. Para Platão e Fiorin dois fatores são imprescindíveis na construção do texto: A coerência e a coesão, sendo a coerência o fator principal, pois essa está associada à harmonia de sentido de modo que não haja nada de ilógico, contraditório, nada desconexo. Esses equívocos grosseiros que se apresentam no texto do (Isepro) mostra a fragilidade da instituição nessa atividade extremamente necessária na vida do ser humano, e a dura realidade sobre a capacidade de construção de um texto.

Conte diz que são necessários três momentos essenciais para essa construção do sentido dos textos, ou sua objetividade. O primeiro seria o da análise transfrástica, o qual trata da compreensão e significação dos enunciados os quais remeterão a enunciados transcendentes ao sentido dos enunciados postos. O segundo momento, da construção das gramáticas textual, vem ordenar os enunciados para o correto emprego de pronomes, verbos, preposições, enfim, da construção coerente do conjunto de enunciados que compõem o texto. O terceiro momento trata-se das teorias de texto, as quais trarão a objetividade do texto, no trabalho direto com o espaço e tempo do ato de fala, as influências sofridas no ato de fala por questões sociais e instrucionais (níveis de conhecimento e aprendizado e língua materna dos participantes do ato de fala)

Mas o que podemos observar no texto divulgado pela instituição é justamente o contrário, uma vez que a organização de informação, estrutura gramatical e vocabulário foram comprometidos com determinados equívocos, fazendo-nos refletir sobre o compromisso de tais instituições em relação às competências inerentes a formação do sujeito, e as possíveis implicações dessa formação que acontece às vezes de forma tão sensível, além de percebermos que a pouca importância dada à escrita não afeta apenas as escolas pequenas e de níveis regular, mas também as tão sonhadas universidades que ainda para muitos estão livres de qualquer suspeita. Entre as questões: Como nos apresentamos enquanto educadores?, Que tipo de universidade é confiável?, Que tipo de sujeito estamos formando? Apresento uma das quais considero de grande relevância. Estamos de fato preocupados em formar sujeitos com comportamentos leitores e escritores?