O valor trabalho do professor em tempos de reajuste

Lúcio Alves de Barros

Se existe alguma coisa indispensável para um bom trabalho, esta “alguma coisa” se chama bom salário. Com ele, trabalhadores e trabalhadoras encontram a motivação, a boa vontade, a razão de existir e a possibilidade de levar em frente o resultado do que por anos foi estudado. Paguem mal uma categoria e ela não vai fazer por onde o que deve ser, no mínimo, feito.

Este é o caso de várias categorias e, no caso em tela, recebe novas roupagens quando nos referimos aos professores, sejam da rede estadual, municipal ou dos que ensinam no ensino superior. Chega a ser, com todo o respeito, uma violência, já aceita e assimilada no Brasil, a desigualdade social e de renda existente entre algumas categorias. Não é possível salários de 15 a 20 mil reais no judiciário, de 02 a 05 mil na polícia, e professores percebendo menos de mil reais. O que está em questão aqui é o valor trabalho, ou seja, o valor que a sociedade delega a cada profissão. Um promotor não é mais importante que um professor. Um policial civil ou militar também não é. Professores não são mais importantes que pedreiros e faxineiros. O valor trabalho, contudo, é resultado de luta política. E, infelizmente, tal como o padeiro e o faxineiro, os professores estão longe da organização política existente no judiciário e na polícia.

Desculpem meus amigos policiais e aqueles que trabalham na justiça. Muitos deles também são professores e tem a ciência do que estou falando. Mas digo tudo isso porque é de suma importância, apesar das insatisfações, a aprovação na Assembleia Legislativa (ALMG) do Projeto de Lei (PL) 4.689/10. Este projeto, resultado da luta dos professores e dos servidores públicos, trata do reajuste da categoria. Ele foi aprovado na segunda-feira do dia 28 e espera a sanção do Governador de Minas (e candidato a reeleição), Antônio Augusto Anastásia (PSDB). Grosso modo, a categoria conseguiu a garantia de um aumento salarial por ano e um reajuste já no mês de janeiro de 2011.

A despeito do desconforto das lideranças sindicais foi louvável toda a luta dos professores. De todo modo, esta luta não deve parar nos salários. Mais do que nunca, se fazem necessário melhores condições nas escolas para a efetuação de um bom trabalho. Bom trabalho que não pode ser feito em escolas mal cuidadas, inseguras, sujas e sem as mínimas condições de vida humana. Espero que os professores também lutem por isso, pois há anos - para quem se lembra do então Governador Newton Cardoso – as escolas vem sendo deixadas ao tempo e ao vento. Curioso, porque deixar tais instituições em pleno descuido é continuar atirando no próprio pé, haja vista que, são nelas que os professores encontram o espaço por excelência de formação das crianças, adolescentes e jovens.