RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO COMO FATOR DETERMINANTE PARA DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EM SALA DE AULA

Sirlene de Araújo Miranda e

Thabatha Ferreira dos Santos - acadêmicas do Curso de Letras UNEMAT campus universitário de Tangará da Serra/MT

Resumo: A partir da metade do século passado a relação professor aluno conquistou espaço significativo nos discursos sobre educação, tendo em vista a melhorar a qualidade de formação dos indivíduos. Nesse sentido, o presente texto trata desta relação pedagógica como fator determinante no desenvolvimento de competências na perspectiva teórica proposta por Celso Antunes (2001). Através de pesquisa bibliográfica; identifica-se alguns métodos de trabalho pedagógico que facilita o desenvolvimento de competências, de modo a se destacar aqui a relação entre professor e aluno.

Palavras Chave: Competências; Professor; Aluno.

Abstract: From the mid-century the relationship between teacher students won significant space in the discourse on education in order to improve the quality of training of individuals. In that sense, this paper addresses this pedagogical relationship as the determining factor in the development of skills in the theoretical perspective proposed by Celso Antunes (2001). Through literature, identifies some methods of pedagogical work that facilitates the development of skills in order to highlight here is the relationship between teacher and student.

Key-words: Competences, Teacher, Student.

1.1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho vem refletir como ocorre a relação professor aluno, de modo a mostrar alguns métodos pedagógicos que possam facilitar o desenvolvimento de competências nos alunos. Por meio de pesquisas bibliográficas, busca-se fazer apontamentos sobre o assunto e assim apresentar uma perspectiva sobre essa relação. Pretende-se com essa pesquisa verificar como pode acontecer essa relação professor aluno de modo que seja essa relação, um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de competências, onde o principal objetivo é demonstrar para acadêmicos em formação inicial para a docência que essa relação é extrema importância.

1.2 DESENVOLVIMENTO

Nos dias atuais, as demandas educacionais apontam para a necessidade dos professores estarem sempre prontos a aprender e inovar, buscando isso por meio de estudos que o façam refletir sobre a sua pratica de ensino.

Nessa relação entre professor aluno, é necessário que aconteça uma troca de conhecimentos; é preciso que o professor leve em consideração no momento de ensinar os conteúdos aqueles saberes que o aluno já possui; aquilo que é conhecimento de mundo, que é individual em cada aluno. Nesse processo de ensinar, o professor também aprende, e para isso é preciso que tenha uma boa relação entre ambos, para que esse processo de bons resultados.

Para que essa interação entre professor e aluno aconteça da melhor forma, é preciso que na formação dos docentes sejam levantados questionamentos sobre essa relação, tendo em vista que o processo ensino-aprendizagem é complexo e abrange essa interrelação.

Celso Antunes, na obra “Como desenvolver competências em sala de aula”, faz reflexões sobre esse processo de ensino-aprendizagem, tendo como objetivo desenvolver as competências de cada aluno. Nesse processo para que os futuros licenciados possam adquirir essa habilidade, é preciso que conheçam em primeiro momento as diferentes concepções e onde a mesma insere-se nas tridimensionalidades proposta por Vera Lúcia Candau: político social, técnica e humana e que considere a sala de aula como um espaço formador tanto de professores como de alunos.

Com essa perspectiva, Antunes mostra quatro pilares para desenvolvimento dessa nova educação, mas vamos nesse trabalho acadêmico ressaltar apenas três deles, sendo o primeiro deles aprender a conhecer; pilar esse que se objetiva em adquirir competências que levem a compreensão do aluno, é ato de aprender a conhecer e aprender a aprender.

“... Em síntese, quem aprende a conhecer, aprende a aprender, e essa aprendizagem é absolutamente essencial para as relações interpessoais, as capacidades profissionais e fundamentais para uma vida digna.” (ANTUNES, 2001. p.13)

O segundo pilar é o aprender a fazer, onde o autor enfatiza a questão da formação do profissional aluno e o preparo para o mundo de trabalho, para isso se faz necessário que o professor conheça isso na graduação, para posteriormente quando estiver em sala de aula como docente, possa transmitir isso a seus alunos de maneira a despertar em cada um deles a necessidade de comunicação no ambiente social, e o primeiro passo para isso são as salas de aulas, os alunos não podem ser meros repetidores de conhecimento, mas que eles possam criar suas ferramentas de cooperação e crescerem frente à sociedade.

No terceiro pilar, o aprender a viver juntos, a viver com os outros, mostra a necessidade dessa interrelação entre professores e alunos, é preciso que os educadores saibam estimular a cooperação entre eles e os alunos, lembrando sempre que nesse processo acontecerão trocas e os professores devem ser receptivos para entender os alunos e vice e versa.

Quando se fala em competências, Antunes é muito claro quando utiliza a citação de Phillipe Perrenoud: “... competência em educação é a faculdade de mobilizar diversos recursos cognitivos (...) para com eficácia e pertinência, enfrentar, e solucionar uma série de situações ou problemas.” (ANTUNES, 2001, p. 17)

Os recursos cognitivos envolvem saberes, informações de mundo, de modo que o professor saiba e tenha clareza para apontar como os alunos devem mobilizar essas suas competências, para que futuro saibam lidar com isso frente a sociedade, como na hora de se relacionarem com alguém por exemplo em um ambiente de trabalho ou até mesmo na vida pessoal.

Os acadêmicos em formação inicial para a docência muitas vezes ficam em dúvida de como vão poder trabalhar questões que muitas vezes parecem tão pessoais, como os problemas de uma sociedade de modo geral ou de maneira mais simples os problemas que cada aluno enfrenta dentro do próprio ambiente familiar. Para se trabalhar esses assuntos Antunes (2001) ressalta que não é preciso abrir mão dos conteúdos que os alunos precisam aprender seja nas ciências exatas, naturais ou humanas, pois à medida que se busca trabalhar as competências desses alunos ele vai ser estimulado a criar, a produzir a partir daquela inteligência que já faz parte de todo o ser humano.

“As inteligências são potências biopsicológicos, são capacidades para resolver problemas ou para criar produtos considerados de valor em meio social, (...) Nascemos com nossas inteligências que precisam ser “acordadas” por estímulos significativos (...). A escola e particularmente a ação do professor em sala de aula pode – e deve- despertar e ampliar as inteligências, mas precisa construir competências.” (ANTUNES, 2001, p.19)

Para que o professor possa desenvolver essas competências, é preciso que se utilize de meios e instrumentos que a didática coloca a disposição para que esse desenvolvimento aconteça. Entre os meios, está a inovação nas aulas com recursos, por exemplo, audiovisuais que estimulem os alunos a criatividade, outra questão também, são aulas que levem os alunos a problematizarem e através de investigação busquem a solução e aplicação dos resultados tornando-os indivíduos participantes da sociedade.

Maria Isabel da Cunha no artigo “Relação professor-aluno”, ressalta a necessidade de haver uma boa relação entre ambos. Por meio de entrevistas coletadas com alunos, a autora se baseou para traçar um perfil dessa ligação entre professores e alunos, onde o objetivo seja sempre o desenvolvimento desses alunos.

“As virtudes e os valores do professor que consegue estabelecer laços afetivos com seus alunos repetem-se e intrincam-se na forma como ele trata o conteúdo e nas habilidades de ensino que desenvolve.” (CUNHA, 2004, p.150)

O perfil para essa relação professor aluno é trazido por Maria Isabel da Cunha através de entrevistas coletadas de alunos do ensino médio, onde ela ressalta que essa relação, segundo os entrevistados dela, perpassa pelo modo como o professor trabalha os conteúdos.

Nessa perspectiva ainda, deve ser estabelecida por parte do professor, quais objetivos ele deseja alcançar com esse alunado, sendo importante que o professor se preocupe com o modo de como ele vai transmitir esse conhecimento e para isso é preciso que docente e discente tenham uma boa relação.

A relação professor aluno deve ser observada não apenas dentro da escola, mas deve ultrapassar as barreiras da escola, deve ser estabelecida a partir de situações histórias e cotidianas de alunos e professores, tornando “(...) independente e expressa a interação e influência continua com outros sujeitos, com a escola e a sociedade.” (CUNHA, 2004, p.156)

Paulo Freire na obra “Professora sim tia não”, faz uma reflexão dessa relação que estabelece entre professores e alunos muitas vezes de maneira muito familiar, ou que pareça muito familiar, o que pode fazer com que o docente perca suas características de profissional. Vai-se ressaltar na sexta carta da obra de Freire, a relação professor aluno que esta seguida de um processo de ensino aprendizagem, onde à medida que o professor o ensina também vai aprender com o aluno, acontece uma troca, onde ambos devem estar abertos para isso.

“Creio que a questão fundamental diante de que devemos estar, educadoras e educadores, bastante lúcidos e cada vez mais competentes, é que nossas relações com os educandos são um dos caminhos de que dispomos para exercer nossa intervenção na realidade a curto e a longo prazo. Neste sentido e não só neste, mas em outros também, nossas relações com os educandos, exigindo nosso respeito a eles, demandam igual-mente o nosso conhecimento das condições concretas de seu contexto, o qual os condiciona. Procurar conhecer a realidade em que vivem nossos alunos é um dever que a prática educativa nos impõe: sem isso não temos acesso à maneira como pensam, dificilmente então podemos perceber o que sabem e como sabem.” (FREIRE, 1997 p. 51)

Essa troca é bem mais ampla do que se pensa, envolvem-se questões culturais, sociais e, além disso, os conteúdos que devem ser trabalhados de maneira contextualizada, o processo de leitura e escrita, por exemplo, deve estar atrelado ao dia a dia desse aluno, para desenvolver as competências de cada um desses alunos, pois levando em consideração que educação deve contribuir para formação do indivíduo enquanto pessoa é preciso que os conteúdos perpassem por assuntos que tornem esses alunos mais cidadãos.

“A educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. Um cidadão é definido em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em relação a sua pátria. O que supõe nele o enraizamento de sua identidade nacional.”

(MORIN, 2004, p.65)

Cada disciplina deve estar se preparando para desenvolver as competências que cabe a cada uma, e se isso for feito de maneira interdisciplinar vai tornar o processo ainda mais amplo, pois os alunos vão passar a desenvolver várias competências tornando-o um ser humano mais crítico frente à sociedade.

1.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para os futuros docentes se faz necessário uma boa formação, E quando estiverem frente a uma sala de aula estejam engajados nesse processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, se o professor for ciente de que existe a necessidade de trabalhar assuntos que chamem atenção desses alunos, que esteja ligado ao cotidiano deles, assim estimulando-os a serem criativos e com isso possam desenvolver competências que no futuro vão ajudá-los a resolver problemas corriqueiros de relacionamento. Sendo assim, uma boa relação entre professores e alunos vai fazer com que se desenvolva em cada um deles essa relação de cooperação e de não apenas guardar conhecimento, mas saber transmitir, levar o outro a construir, contribuir para a transformação da comunidade em que está inserido.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. Petrópolis-RJ. Vozes, 2001.

CUNHA, Maria Isabel da. Relação professor –aluno, IN: Repensando a didática. Campinas-SP. Papirus, 2004.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não – cartas a quem ousa ensinar. São Paulo. Olho D’água. 1997.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita. Rio de Janeiro-RJ. Bertand Brasil, 2004.

Thabatha Santos
Enviado por Thabatha Santos em 22/07/2010
Código do texto: T2393545