A ESCOLA E A PROFISSIONALIZAÇÃO

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as normas que regem a educação nacional, determina, dentre outras coisas, que o ensino regular deve preparar o estudante para o seu ingresso no mercado de trabalho.

No início do texto, já no parágrafo 2º do seu artigo 1º, a LDB define que “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”. Ou seja, o processo de educação compõe-se da escolarização, preparação profissional e preparação para a vida em sociedade.

No seu artigo 2° está previsto que a sua finalidade é criar condições para que se promova “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”; no decorrer do texto existem diversas referências à preparação do indivíduo para o seu ingresso na vida profissional. A questão é que isto só existe no plano teórico, na prática não funciona.

No Brasil existe uma maioria de escolas voltadas para a escolarização, e a consequente preparação para exames vestibulares, e uma minoria que oferece cursos profissionalizantes (integrados ou não com o ensino regular). O ideal, entretanto, seria que escolarização e profissionalização caminhassem lado a lado, tal qual está previsto na LDB.

No ensino fundamental o aluno já deveria ter a oportunidade de se familiarizar com o assunto através do convívio com ambientes profissionais e debates sobre profissões. Pode até parecer exagero essa afirmação, uma vez que os estudantes do ensino fundamental, via de regra, são crianças e pré-adolescentes, mas, é a própria LDB que preconiza isto no seu artigo 22: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.

Deveriam constar dos planos de ensino visitas constantes a empresas, participação em oficinas e palestras dirigidas por profissionais das mais diversas áreas profissionais, contatos com lideranças de entidades representativas da classe trabalhadora e da classe patronal, para o efetivo entendimento do papel político e sócioeconômico de cada uma dessas entidades, etc.

Os estudantes do ensino médio poderiam receber estímulos como bolsas para participação em estágios sucessivos em áreas profissionais diversificadas, para ter a oportunidade de conhecer particularidades de profissões diferentes e descobrirem com qual delas tem mais afinidade.

É evidente que essa conduta, de per si, não garantiria o ingresso de todos ao mercado de trabalho, porém, facilitaria, sobremaneira, o direcionamento de cada jovem, para a qualificação profissional. Além, obviamente, de estimular o jovem a pensar e entender a dinâmica política e econômica da sociedade, e torná-lo um sujeito detentor de uma visão crítica do mundo que o cerca.

A lacuna existente entre a escolarização e a profissionalização não carece de normas para solução: legalmente esses dois itens são partes de um mesmo processo, que é a educação. Contudo, na prática, são tratados como se fossem processos distintos.

O epicentro desse problema é que há quem não se sinta satisfeito com a ideia de que toda sociedade evolua e cada indivíduo se torne dono de si próprio. Isto iria de encontro ao pensamento de pessoas cujos propósitos dependem da alienação e da consequente manipulação do maior número possível de pessoas.