ENEM: VALHA-NOS QUEM?

ENEM: VALHA-NOS QUEM?

Atuo na ara de educação há muitos anos, venho acompanhando as inúmeras tentativas das universidades públicas terem um processo seletivo justo, idôneo e de qualidade.

No meu estado o Amazonas a universidade federal adotou o Enem como vestibular macro em 2009,dividiu a porcentagem de vagas da seguinte forma 50% para o P.S.C. (processo seletivo continuo) e 50% para o macro.

Nem preciso dizer que foi um fiasco, visto que o Amazonas sempre ficou nas ultimas colocações na avaliação do Enem. Para se ter uma ideia ano passado quando saiu a primeira lista de aprovados para o curso de medicina da Ufam não havia um único amazonense, alunos da região sul e sudeste dominaram o certame. Esse resultado não foi observado apenas no curso de medicina, mas em todos os cursos de grande concorrência.

Imaginei que a reitoria vendo este resultado lastimável. fosse abolir o Enem definitivamente como processo seletivo, mas qual a minha surpresa quando em entrevista a reitora afirma que o Enem foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para a universidade.

Fiquei pensando sobre essa afirmação então pensando matematicamente ela estava correta. E os números falavam isso, porque o que importa para o MEC são números, então a conta é bem simples, somam-se os 50% do PSC com a porcentagem qualquer dos números de estudantes amazonenses aprovados e pronto! Sempre haverá um número positivo nas estatísticas de aprovação.

O Enem quando foi criado, a finalidade não era para servir de seleção para universidades públicas, era para avaliar estatisticamente o nível de aprendizagem no ensino médio, seria uma radiografia da Educação no Brasil. Mas o MEC esqueceu apenas de um detalhe. O Brasil tem 5 países distintos dentro dele, a metodologia, conteúdo, qualidade do ensino e cultura de uma região é totalmente diferente da outra isso é fato.

O Enem custa aos cofres públicos cerca de cento e oitenta milhões de reais, e ontem durante a entrevista do ministro da Educação onde ele afirma que não tem como assegurar a perfeição do concurso visto que ele cresceu de uma maneira imensurável, as mesmas falhas observadas em 2009 repetiram-se. E agora?

Gastaram-se milhões em propaganda para fazer pressão psicológica nos estudantes, só poderia levar caneta preta, lápis ,borracha, relógios e aparelhos eletrônicos estavam proibidos. Até recursos no ministério público foram impetrados para que os alunos pudessem fazer uso de lápis e borracha. Seria cômico mais isso aconteceu de fato.

Mas a realidade do que se viu na realização das provas foi bem outra, um despreparo, uma falta de informação pelos fiscais, para se ter uma ideia o aviso do gabarito errado no primeiro dia foi repassado aos alunos após 2 horas de prova, outro fato observado alunos com celular no bolso ,o transito ao banheiro foi intenso e muitos outros fatos que ainda virão a tona.

Será que a prepotência desse governo é tanta para admitir que o Enem é uma fraude generalizada? Que o INEP não tem competência para gerir um concurso desse? Que a realidade sociocultural brasileira é repleta de adversidades para unificar o ingresso na universidade pública num único processo seletivo?

.Agora o ministério público anulou o Enem 2010,e o MEC vai recorrer vai tentar justificar o injustificável, vai tentar provar que é competente, responsável e idôneo.

Enem... Valha-nos quem?