Definitivamente estou velho,..., e ranzinza!

Como já anteriormente enfatizei: “Notamos que estamos ficando velhos quando começamos sentir saudades do passado...”.

Em sendo assim, efetivamente estou velho!

Ando, por demais, lembrando-me de fatos e situações por mim vividas aos tempos de minha infância, minha adolescência, minha juventude como um todo e minha entrada na ‘maturidade’...

Dia desses ‘me peguei’ fazendo comparação entre minha única MESTRA do meu curso atual e minha primeira MESTRA. Ambas competentíssimas no quesito ensinar.

À primeira, Dona Rafaela, devo todas as ‘dicas’ e cobranças que me nortearam e indicaram os primeiros passos de como elaborar uma redação. Com toda a bagagem que nos foi passada em matéria de ‘princípio, meio e fim’ aliados a um coerente conteúdo, de minha parte se houvesse dado continuidade aqueles primeiros ensinamentos, com toda certeza não estaria nos dias atuais ‘engatinhando’ na arte do escrever. Possuía, a nobre e inesquecível MESTRA, uma coleção daquelas antigas folhinhas que eram distribuídas nas antigas mercearias (nas quais comprávamos anotando nossos gastos nas indefectíveis cadernetas para pagamento no final do mês...) todos os finais de ano. E como me recordo das situações reportadas nas figuras contidas em cada página alusiva a um mês do ano... Era uma para janeiro, outra para fevereiro, outra para março,... Via de regra, apresentava situação vivida por duas crianças, sendo um menino e uma menina. Ora estavam ao pé de uma frondosa árvore frutífera, a menina postada ao pé da arvore recolhendo o que o menino, lá no alto, ia, na força da gravidade, ‘deixando cair’! Em outra, estavam na beira de um riacho límpido com as margens floridas, candidamente apreciando o pôr do sol...

Dona Rafaela, em suas aulas de português, mandava que retirássemos uma folha de nosso caderno e fizéssemos uma redação baseada em uma das figuras de sua ‘coleção’ que ela ‘grudava’ no quadro negro. Tenho certeza de que foi aí que iniciei minha trajetória no ‘mundo dos médios’ haja vista NUNCA ter atingido (e NUNCA ter visto ninguém atingir...) uma nota auferida pela austera MESTRA que ultrapassasse 65 (a atribuição das notas à época era de 0 a 100...)!

Já minha atual MESTRA, competente e simpática Dona Neyde, socióloga de gabarito, que nos falou com muita maestria sobre Max Weber (‘o pai da burocracia’), sobre o socialista Karl Marx (nem pensar se estivéssemos na década de 70...), sobre Emile Durkheim... amiga de todos os alunos transforma-se, de acordo com opinião de muitos (sem demagogia, não faço parte deste rol...) numa versão feminina de carrasco quando o assunto é avaliação! Bajulador e fã de carteirinha dessa minha prezada MESTRA ‘ouso’ analisar por outro ângulo o que ela pede em suas avaliações: Nunca foge do que brilhantemente expôs em suas aulas, daí, ter toda a autonomia para exigir...

O que efetivamente ocorre é que no estágio atual que anda nosso sistema de ensino, a maioria dos estudantes, à revelia da competitividade que terão de enfrentar quando o assunto for entrar para o ‘mercado profissional’, querem mesmo é ir ‘levando os anos’ de seu curso superior apenas com o sentido de auferirem um diploma, sem maiores compromissos com o aprendizado. O que se vê então por aí, obviamente não generalizando, são profissionais de baixíssimo nível em todas as áreas de atuação. Tanto no campo da engenharia, quanto no campo da medicina, passando pelo direito, pela docência, pela administração de empresas, pela informática, etc. encontramos sem muito esforço, mostras inequívocas de maus profissionais, que sabe-se lá como, conseguiram colocações, algumas até conceituadas.

E aí, é que me bate mais forte a saudade dos ‘antigamente’! Sem qualquer presunção, haja vista que maus profissionais, estudantes relapsos, não são, em absoluto, coisas da era moderna, posso me considerar um privilegiado, pois, pelo menos na parte que me toca, freqüentei escolas públicas onde havia o respeito que hoje é dificílimo de encontrar! Até em minha época ginasial, quando havia necessidade de pessoa estranha à sala de aula nela adentrar, todos os alunos levantavam-se em sinal de respeito e só voltavam a sentar-se quando devidamente autorizados pelo visitante ou pelo MESTRE em sala de aula!

E os critérios para aprovação?

Poderíamos ser alunos CEM (hoje, nota DEZ...). Não importava, pois fazíamos exame juntamente com toda a classe. E isso era realizado ao final do primeiro semestre e no final do ano letivo, sem falar dos exames orais que enfrentei!

Nos tempos atuais, na rivalidade sadia existente entre os alunos em classe, os 'bam-bam-bans' são aqueles que ‘fecham todas as matérias’ sendo sumariamente aprovados sem necessidade de realizarem o exame final. Mesmo não tendo sido um aluno exemplar utilizando, por exemplo, de subterfúgios ‘não muito honrosos’ (colas, somente colocação do nome em trabalhos em grupo nos quais não deram a mínima contribuição, etc.) e esclarecedores (no limite em relação à quantidade de ausências que poderia ter..) nas matérias para galgarem somatória de pontos que os isentam dos ‘temíveis’ exames finais...

E ainda nos damos o ‘pseudo direito’ de questionamos as mazelas, falcatruas, má utilização do dinheiro público e a ética, moral e caráter daqueles que sufragamos e que nos representam nas esferas políticas em nosso país!

HICS
Enviado por HICS em 13/12/2010
Código do texto: T2670272
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