O Perfil do Educador Contemporâneo

Desde o surgimento da educação sistematizada, através do seu maior instrumento, a escola, o professor sempre teve a função de ensinar. Esta função porém, sofreu, e continua sofrendo, modificações de acordo com os interesses e as necessidades de cada época. No período modernista, o professor era visto como um mero transmissor de conhecimentos: aquele que detinha o saber e deveria deposita-lo na cabeça do seu aluno. O pensamento era visto como algo imutável e a aprendizagem era feita de forma linear. A este tipo de educação deu-se o nome de educação bancária.

A educação bancária era castradora e conservadora e pretendia apenas manter as desigualdades existentes entre oprimidos (dominados) e opressores (dominantes).

Com o surgimento de alguns pensadores que lutavam por uma educação libertadora, surgem questionamentos e incertezas e dá-se início à era pós-moderna, negando tudo que se conhecia até então.Crenças e dogmas tidos como absolutos começam a ser questionados. Tudo agora é mutável, inclusive o pensamento, que passa a ser visto como um processo contínuo e inacabado.

O professor aparece com um novo papel dentro da sociedade. Sua função agora é de educador, mediando o processo ensino-aprendizagem, levando o aluno a construir seu conhecimento.

Alguns elementos passam a ser básicos para o educador pós-moderno. Um deles, é a curiosidade. Percebendo o mundo e o pensamento como inacabados o homem deve estar sempre em busca das respostas para suas perguntas. O educador deve assumir portanto, o papel de pesquisador.

Outro elemento importante é a criticidade. A sociedade contemporânea exige que o professor assuma uma posição crítica dentro da sociedade, ou seja, venha a perceber-se como elemento constituinte desta e responsável pela sua mudança para melhor. Deve também permear o seu trabalho, a criatividade, desenvolvendo seu potencial inventivo, sugerindo atividades dinâmicas, motivando seus alunos a participar dos trabalhos propostos .

Deve ter ainda, humildade suficiente para admitir os seus erros e procurar conserta-los ao longo do caminho, mudando a sua prática para melhor. Se o professor é aquele que se coloca sempre como o dono da verdade, como poderá prosseguir em busca de uma mudança?

O educador não pode abrir mão do diálogo com seus alunos e principalmente ouvi-los quando se fizer necessário e deixá-los relatar suas experiências e expor suas dificuldades e anseios, para poder auxilia-los.

Além de dominar o conteúdo que deverá transmitir, deve também, saber como e onde usar o seu conhecimento, pois de nada adiantará ter domínio dos conteúdos se não tiver discernimento para fazer o uso adequado dos mesmos.

O educador deve estar envolvido socialmente com seu aluno (já que cada indivíduo é um elemento inserido na sociedade) e educa-lo no sentido de reconhecer sua importância na sociedade e a sua responsabilidade pela mudança desta para melhor. Deve conhecer a comunidade, e os problemas enfrentados por ela, discutir esses problemas com seus alunos e orientá-los na busca de possíveis soluções, através da participação ativa e da cooperação.

Numa sociedade onde as mudanças ocorrem num ritmo cada vez mais acelerado e o número de informações que nos chegam aumenta consideravelmente dia após dia, aquilo que se julga verdade hoje pode não parecer tão óbvio amanhã. Por isso o educador deve assumir o compromisso de atualizar-se sempre, indo em busca de novos saberes e de novas alternativas para tornar o processo ensino-aprendizagem mais prazeroso e proveitoso para os seus alunos e para a sua realização profissional.