“PARÓDIA” CANÇÃO DE EXÍLIO DE GONÇALVES DIAS E CANTO DE REGRESSO A PÁTRIA : ELEMENTOS DO DISCURSO NA CONCEPÇÃO DE MIKHAIL BAKHTIN

Toda manifestação da linguagem pode ser intercalada pelo discurso de outrem. Sendo assim todo e quaisquer discurso está sujeito ao Dialogismo, ou seja, não sendo inerente do texto escrito, mas também, verbal ou não verbal. Como pode-se observar através de análise as obras literárias não fogem a regra, muitas dialogam com outras, podendo esse fenômeno ser intencional ou não. Sendo assim, a direção provável de qualquer discurso vivo.

Segundo Mikhail Bakhtin a concepção de linguagem, através de todo discurso, por meio de várias direções ou em seu caminho até o objeto, encontra-se com outros discursos e participa com eles de uma interação viva e intensa. É, pois um fenômeno essencial a qualquer e todo discurso. (BAKHTIN, 1988, p.88)

Porém, pode-se perceber que um discurso está sempre permeando outro discurso tornando-o assim um discurso próprio.

José Luiz Fiorin em seu Introdução ao pensamento de Bakhtin expõe o assunto com maestria no segundo capítulo sobre o dialogismo. O autor aponta duas formas de manifestação do dialogismo, o constitutivo que não se mostra no fio do discurso, é uma incorporação das vozes de um discurso dentro de outro, essa incorporação não é visível, mistura-se; e o dialogismo composicional, que apresenta maneiras de demonstrar o uso do discurso de outrem através de maneiras externas e visíveis. (FIORIN, 2006, p.32).

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar –sozinho, à noite–

Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que disfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

(Gonçalves Dias)

Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo

(Oswald de Andrade)

 

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo apresentar os elementos intertextuais que fazem parte entre a Canção do Exílio de Gonçalves Dias e Canção de Regresso a Pátria de Oswaldo de Andrade.

2.2. OBJETIVOS EXPECÍFICOS

Analizar nos textos Canção do Exílio e Canção de Regresso a Pátria, os elementos que compõem o discurso.

Comparar entre os textos as possibilidades de interpretação.

Proporcionar a interdiscursividade sobre o tema abordado

 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Canção do Exílio

O Poema Canção do Exilio de Gonçalves Dias, foi escrito em 1843, quando o poeta se encontrava em Portugal na cidade de Coimbra, o referido poema encontra-se no livro Primeiros Cantos. Trata-se de sua primeira obra, pois a mesma exalta a sua Pátria, a beleza que nela existe e o sentimento de saudade, ao fazer exaltação a sua Pátria ele está fazendo comparação as belezas do Brasil com relação a terra onde se encontra em Portugal, para o mesmo poeta não existe arvore mais bonita quanto a palmeira e cântico mais belo quanto o do sabiá .como também percebe-se no mesmo poema um pedido de apelo a Deus para que não morra longe de sua terra natal São Luiz do Maranhão.

3.2 Canto de Regresso a Pátria

O poema “Canto de regresso à pátria” foi escrito pelo poeta, dramaturgo e ensaísta brasileiro Oswald de Andrade em 1924, primeiramente publicado na revista “Pau-Brasil”. Poeta modernista foi um expoente e produtor da semana de arte moderna de São Paulo em 1922, ele era considerado o mais rebelde escritor daquela época. Como outros poetas do modernismo, Oswald de Andrade procurava escrever com a espontaneidade da linguagem, e vocabulário simplificado.

por ser um poeta crítico da sociedade modernista, resolveu escrever com criticidade e humor uma paródia usando como ponto de partida o texto único de Gonçalves Dias, porém não saindo da temática nacionalista. Observa-se ai que ele não enfatiza o Brasil, mas a cidade de São Paulo.

Diante do que foi declarado ao longo desta pesquisa, provou-se que textos estão capazes a influência de textos anteriores, mantendo relações interiores e exteriores com eles. No entanto os textos dialogam entre si pelas diversidade de formas e finalidades. Utilizando-se da análise do conteúdo de dois poemas importantíssimos da literatura brasileira, “Canção do exílio” de Gonçalves Dias e “Canto de regresso à pátria” de Oswald de Andrade. A paródia é o recurso pelo qual se faz com que o segundo texto dialogue ativamente com o primeiro. Os dois textos apresentam o nacionalismo como tema, porém em diferentes visões, o poema de Gonçalves Dias apresenta uma visão romântica, exagerada e ufanista, uma pátria perfeita, já o intertexto ( Canto de Regresso a Pátria), no entanto apresenta uma visão mais próxima do leitor, utilizando termos simples.

Desta forma, confirma-se que um texto não possui uma autonomia completa, ele não surge “do nada”, ele sempre mantém uma relação intertextual com outros textos. Para isso, autores utilizam as mais variadas formas de manifestação da intertextualidade.

 

4. PROBLEMATIZAÇÃO

Pode-se dizer que a Paródia é a forma mais simples e comum de se identificar a intertextualidade, através dos elementos que a compõem?

5. JUSTIFICATIVA

Sim, pois a maioria dos textos verbais ou não verbais por autores humoristas, que procuram se apropriar de um texto primário para fazer sua sátira. Pode-se perceber este tipo de paródia em propagandas, anúncios de jornais, revistas e até mesmo em intervalos comerciais etc... No entanto está se apropriando da intertextualidade.

6. HIPÓTESE

Através de pesquisa pode-se observar que a Paródia não é necessariamente um texto escrito, podendo ser um texto verbal ou não-verbal. Portanto o texto não verbal é usado em propagandas, charges, cartuns, quadrinhos etc..

7. METODOLOGIA

• Leitura dos textos Canção do Exílio de Gonçalves Dias e Canto de Regresso a Pátria.

• Leitura do Texto Linguagem em Foco

• Análise dos textos

• Organização das ideias

• Elaboração do Projeto

• Entendimento sobre o Projeto

• Slides

• Conclusão do Projeto

8. CRONOGRAMA

ATIVIDADES / PERÍODOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Levantamento de Pesquisa X X

2 Montagem do Projeto X X X

3 Coleta de dados X X X

4 Tratamento dos dados X X X X

5 Elaboração do Relatório Final X X X

6 Revisão do texto X X

7 Entrega do trabalho X

 

REFERÊNCIAS

ALVES, Eliane Ferraz, Maria de Fátima B. de M. Batista Maria Elizabeth Affonso Christiano. Linguagem em Foco. João Pessoa: Ed Ideia, 2001.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética. São Paulo: Hucitec, 1988.

FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006

FIORIN, José Luiz. (Orgs.) Dialogismo, polifonia, intertextualidade. 2.ed. São Paulo: Edusp, 2003.

 

Thereza Pathrício
Enviado por Thereza Pathrício em 08/02/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T2779716
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