Alfabetização, Leitura e Escrita- Caminham Juntas

Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a escrita para seguir instruções (receitas, bula de remédio, manuais de jogo), apoiar à memória (lista), comunicar-se (recado, bilhete, telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula, lenda), informar (notícia), orientar-se no mundo (o Atlas) e nas ruas (os sinais de trânsito)...

A palavra letramento não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez.

Parece que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística, de 1986.

"Acredito que a chamada norma padrão, ou a língua falada culta, é conseqüência do letramento, motivo porque, indiretamente é função da escola desenvolver no aluno o domínio da linguagem falada institucionalmente aceita".(Mary Kato)

O letramento tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se amplia cotidianamente por toda vida, com a participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. Abarca as mais diversas práticas de escrita na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro e o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir marcas de mercadorias etc., porém não escreve cartas, não lê jornal, etc. Se a crianças não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita.

"O desenvolvimento de habilidades de uso da tecnologia da escrita, isto é, da apropriação do sistema alfabético e ortográfico, acontece por meio da inserção em práticas sociais que envolvem a leitura e escrita: letramento".(Magda Soares)

A alfabetização de qualquer indivíduo é algo que nunca será alcançado por completo, ou seja, não há um ponto final. A realidade é que existe a extensão e a amplitude da alfabetização no educando, no que se diz respeito às práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Nesse âmbito, muito estudiosos discutem a necessidade de se transpor os rígidos conceitos estabelecidos sobre a alfabetização, e assim, considerá-la como a relação entre os educandos e o mundo, pois, este está em constante processo de transformação.

"O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras". (Paulo Freire)

2.1 Práticas do Letramento no Processo da Leitura e Escrita

Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno, saber a distinção entre alfabetização e letramento, entre aprender o código e ter a habilidade de usá-lo. Ao mesmo tempo em que é fundamental entender que eles são indissociáveis e têm as suas especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de alfabetizar ou o contrário.

O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita, que circulam na sociedade em que vivem: ler jornais, revistas, livros, saber ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de água, luz, telefone, saber escrever e escrever cartas, bilhetes, telegramas sem dificuldade, saber preencher um formulário, redigir um ofício, um requerimento, etc.

A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se deste hábito. A alfabetização e o letramento se somam, são complementos. Enquanto que "alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita". (Magda)

Letrar é função e obrigação de todos os professores, mesmo porque cada área do conhecimento tem uma linguagem específica tanto no campo da informação, dos conceitos e dos princípios.

No Brasil as pessoas não lêem. São indivíduos que sabem ler e escrever, mas não praticam essa habilidade e alguns não sabem sequer preencher um requerimento. Este é um exemplo de pessoas que são alfabetizadas e não são letradas. Há aqueles que sabem como deveria ser aplicada a escrita, porém não são alfabetizados.

Um grave problema é que há pessoas que se preocupam com alfabetização sem se preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. "De que adianta alfabetizar se os alunos não têm dinheiro para comprar um livro ou uma revista?". (Magda) A escola, além de alfabetizar, precisa dar as condições necessárias para o letramento.

O grande problema das salas de aula é o fracasso do sistema de alfabetização na progressão continuada, a criança precisa ser alfabetizada convivendo com material escrito de qualidade. A leitura que pode ser feita, por exemplo, com o jornal, que é um portador real de texto, que circula informações, ou com a revista ou, até mesmo, com o livro infantil. Tem que haver uma especificidade, aprendizagem sistemática seqüencial, de aprender.

Não é novidade que o Brasil ainda enfrenta insistentemente o problema do analfabetismo, tanto de crianças que saem da escola e de outros que não tiveram a oportunidade de se apropriarem do saber da leitura e escrita. É fato que o nosso país possui um número significativo de indivíduos que não adquiriram o saber necessário para atender às exigências de uma sociedade letrada.

De acordo com informações (MEC/INEP, 2001) cerca de 980.000 crianças na 4ª série do ensino fundamental não sabem ler, e mais de 1.600 são capazes de ler apenas frases simples. Recentemente, a Rede Globo, através do Programa semanal "Fantástico", fez uma pesquisa intitulada "Provão do Fantástico", aplicada em 27 capitais brasileiras (somente em escolas públicas), e avaliou que mais da metade dos alunos não é capaz de responder a questões que requerem raciocínio e 60% só conseguem identificar informações muito simples. O letramento não é só de responsabilidade do professor de língua portuguesa ou dessa área, mas de todos os educadores que trabalham com leitura e escrita. Mesmo os professores das disciplinas de geografia, matemática e ciências. Alunos lêem e escrevem nos livros didáticos. Isso é um letramento específico de cada área de conhecimento.

Com isso, fica subentendido, pelo aspecto sócio interacionista, que a alfabetização do individuo,é algo que nunca será alcançado por completo, não há um ponto final. A realidade é que existe a extensão e a amplitude da alfabetização no educando, no que diz respeito às práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Neste âmbito, muitos estudiosos discutem a necessidade de se transpor os rígidos conceitos estabelecidos sobre a alfabetização, e assim, considerá-la como a relação entre os educandos e o mundo, pois, este está em constante processo de transformação. E o indivíduo para não ser atropelado e marginalizado pelas mudanças sociais deverá acompanhar, através da atualização individual, o processo que levará ao crescimento e desenvolvimento. Não que o educando não tenha qualquer saber antes da alfabetização, pelo contrário, sabemos que todo indivíduo possui, de alguma forma, níveis de conhecimento. E, isto, foi muito bem discorrido por Paulo Freire:

"O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras".

Ler e escrever são atividades altamente complexas que envolvem o conhecimento de linguagens sociais (cf. BAKHTIN, 1998, p.154-155) que historicamente e culturalmente foram se organizando oralmente e por escrito, por meio de recursos expressivos, como modos de dizer os conhecimentos das diferentes esferas sociais criadas pelo homem. As linguagens sociais apresentam os conhecimentos das esferas de conhecimento com sintaxes e repertórios lexicais que as caracterizam, associadas a gêneros do discurso que foram se elaborando para dar conta das necessidades humanas nas situações sociais.

Diante do exposto, com base em Lemos (1988, p.10), procuramos entender o acesso das crianças a textos escritos, a portadores de textos e a situações em que os textos são produzidos, ou seja, consideramos nós, ao contexto de produção, funcionamento e valores da linguagem escrita, observando na prática pedagógica da creche de que modo práticas discursivas orais, e, portanto, interpretáveis pela criança, permeiam as atividades atravessadas pela escrita, oferecendo a ela lugares e modos de participação. Os estudos de Olson e Astington (1990), por sua vez, nos levam a compreender que o letramento deve ser interpretado como algo mais geral do que a competência para a escrita: ser letrado é ser competente para participar de uma determinada forma de discurso, sabendo- se ou não ler e escrever. Outra compreensão se relaciona ao fato de que a escolarização parece fornecer competência para falar sobre o falar, sobre questões, sobre respostas, isto é, a competência de uma metalinguagem. Os dois autores concluem, com base em trabalhos também de outros autores, que as conseqüências cognitivas do letramento estão ligadas ao envolvimento em uma cultura letrada e não diretamente às habilidades de leitura e escrita.

2.2 ORIGEM DA LEITURA

Na Pré-História o homem buscou se comunicar através de desenhos feitos nas paredes das cavernas. Através deste tipo de representação (pintura rupestre), trocavam mensagens, passavam idéias e transmitiam desejos e necessidades. Porém, ainda não era um tipo de escrita, pois não havia organização, nem mesmo padronização das representações gráficas.

Foi somente na antiga Mesopotâmia que a escrita foi elaborada e criada. Por volta de 4000 a.C, os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época.

Os egípcios antigos também desenvolveram a escrita quase na mesma época que os sumérios. Existiam duas formas de escrita no Antigo Egito: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida dos faraós, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro, que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome, também era utilizado para escrever.

Já em Roma Antiga, no alfabeto romano havia somente letras maiúsculas. Contudo, na época em que estas começaram a ser escritas nos pergaminhos, com auxílio de hastes de bambu ou penas de patos e outras aves, ocorreu uma modificação em sua forma original e, posteriormente, criou-se um novo estilo de escrita denominado oficial. O novo estilo resistiu até o século VIII e foi utilizado na escritura de Bíblias lindamente escritas.

Na Alta Idade Média, no século VIII, Alcuíno, um monge inglês, elaborou outro estilo de alfabeto atendendo ao pedido do imperador Carlos Magno. Contudo, este novo estilo também possuía letras maiúsculas e minúsculas.

Com o passar do tempo, esta forma de escrita também passou por modificações, tornando-se complexa para leitura. Contudo, no século XV, alguns eruditos italianos, incomodados com este estilo complexo, criaram um novo estilo de escrita.

No ano de 1522, um outro italiano, chamado Lodovico Arrighi, foi o responsável pela publicação do primeiro caderno de caligrafia. Foi ele quem deu origem ao estilo que hoje denominamos itálico.

Com o passar do tempo outros cadernos também foram impressos, tendo seus tipos gravados em chapas de cobre (calcografia). Foi deste processo que se originou a designação de escrita calcográfica.

2.3 ESCRITA

O papel social da escrita variou igualmente no decurso da evolução de uma civilização sempre mais complexa. Os primeiros empregos da escrita foram pobres, imediatos e práticos; é preciso naturalmente compreender, na prática, os empregos mágicos cuja necessidade já não sentiu. Assim, o amuleto ao lado da mensagem, as contas comerciais, o contrato, a inscrição tumular.

O emprego estava também limitado pelo fato de poucos povos terem escrita e de nesses povos poucas pessoas se servirem dela. Eram geralmente trabalhadores intelectuais ao serviço de personagens poderosas, algumas vezes essas mesmas personagens.

Com o tempo, o instrumento-escrito substituiu cada vez mais o instrumento-memória, e as genealogias, os textos religiosos foram passados a escrito. O copista, um novo artesão, foi um instrumento importante do progresso.

Então a massa dos documentos constituiu uma materialização da memória coletiva nas mãos de um maior número de pessoas que sentiam mais fortes necessidades de estudo e de instrução.

A escrita, pouco a pouco, tornou-se prática; lentamente foi posta à disposição de uma parte maior da humanidade. Função do progresso geral é para ela um instrumento essencial.

Se a linguagem oral, em suas várias manifestações, faz parte do dia-a-dia de quase todas as sociedades humanas, o mesmo não se pode dizer da linguagem escrita, pois as atividades de leitura e escrita podem, normalmente, ser exercidas apenas pelas pessoas que puderam freqüentar a escola e nela encontraram condições favoráveis para perceber as importantes funções sociais das práticas de leitura e escrita.

A escrita tem muitos usos práticos: as pessoas, no seu dia-a-dia, elaboram listas para fazer trocas comerciais, correspondem-se por cartas etc.. A escrita, em geral, serve também para registrar a história, a literatura, as crenças religiosas, o conhecimento de um povo. Ela é, além disso, um espaço importante de discussão e de debate de assuntos polêmicos. No Brasil de hoje, por exemplo, são muitos os textos escritos que discutem temas como a ecologia, o direito à terra, o papel social da mulher, os direitos das minorias, a qualidade do ensino oferecido aos cidadãos, e assim por diante.

Não basta à escola ter como objetivos alfabetizar os alunos: ela tem o dever de criar condições para que eles aprendam a escrever textos adequados às suas intenções e aos contextos em que serão lidos e utilizados.

Muitas crianças chegam à escola com idéias bastante claras a esse respeito, sabem que são lidas coisas escritas e não desenhos. Que um livro tem um título, que lendo pode-se saber o que está dito em um texto.

Nosso sistema de escrita funciona segundo um princípio alfabético: a quantidade de letras de uma palavra corresponde, a grosso modo, ao número de sons que compõem a palavra. Entender o princípio alfabético não é o mesmo que conhecer os sons das letras. Uma criança pode saber que ao símbolo escrito E corresponde ao som [e], que ao símbolo L corresponde o som, mas, mesmo assim, ela pode não ter compreendido o mecanismo que permite formar uma palavra escrita.

Algumas crianças chegam à escola com a compreensão do princípio alfabético. Outras pensam que o número de letras de uma palavra é igual ao número de sílabas de uma palavra, enquanto outras, sequer entenderam que as letras escritas têm relação com os sons das palavras. Devemos lembrar sempre que as crianças não chegam à escola com o mesmo nível de compreensão que do seja ler e escrever.

Como professores, precisamos ter consciência de que os conhecimentos, para poderem ser ensinados, passam necessariamente por uma transformação em relação aos seus contextos de origem, porém, é muito importante evitar que nesta transformação percam seu significado, seu sentido original.

Ao mesmo tempo em que se preserva o sentido do objeto do conhecimento é indispensável que se proteja o sentido deste saber do ponto de vista do sujeito que trata de reconstruir esse objeto, isto é: a criança. Por essa razão, a transposição didática deve implicar em fidelidade ao saber de origem assim como fidelidade às possibilidades do sujeito de atribuir um sentido ao dito saber.

Deste modo ante um conhecimento complexo tendemos a delimitá-lo em conhecimentos parciais, porque partimos da suposição que a fragmentação facilita a compreensão. Mas, ao delimitá-los em fragmentos autônomos, provocamos sua descontextualizarão, porque na realidade os fragmentos que separamos fazem parte de complexos processos de inter-relações e assim estamos desconectando a rede de problemáticas que lhes dão sentido completo. Assim, instauramos uma ruptura entre o modo de ensinar e o modo de aprender, pois que o sujeito que aprende não se depara com a realidade analisando um pedaço de cada vez, e sim, o faz, tratando de entender como funciona, analisando os aspectos que seus esquemas cognoscitivos lhe permitem observar, tratando de encontrar e dar um sentido ao que está fazendo.

Como bem o demonstram as investigações de Ferreiro e Teberosky, assim como em outros âmbitos, no âmbito da língua escrita, a criança é um sujeito ativo que se depara com a realidade, construindo conhecimentos, criando teorias e hipóteses, comparando-as entre si e modificando-as.

De acordo com Teberosky (1991) investigações recentes demonstraram que a aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança, já que requer um processo complexo de construção, em que suas idéias nem sempre coincidem com as dos adultos.

O ensino da lecto- escrita tem se baseado em certas pressuposições que à luz das investigações mencionadas p questionadas. Uma delas é a de que o nosso sistema alfabético de escrita é natural e que a única dificuldade consiste em aprender as regras de correspondência entre fonema e grafema, e, partindo dessa suposição, para aprender a ler e a escrever é necessário ressaltar fundamentalmente o aspecto sonoro.

As investigações de Ferreiro (1981) demonstram que as idéias das crianças não coincidem com essa pressuposição. Até os 4 anos, elas tentam compreender que tipo de objeto são as letras e os números de nosso sistema de representação convencional. As grafias, segundo Ferreiro, são consideradas somente como "letras", "números", "a, e, i, o, u", etc.

Para a criança desta faixa etária as "letras" ou os "números" não substituem nada, são aquilo que são, um objeto a mais que como outros no mundo possuem um nome.

Essa maneira de pensar muda mais tarde. As grafias servem para substituir outra coisa, passam a ser "objetos substitutos", que têm um significado, ainda que diferentes do nosso ponto de vista de adultos alfabetizados, pois para as crianças as grafias não representam sons. O primeiro tipo de relação consiste em buscar alguma correspondência entre os sinais gráficos e os objetos do mundo. Como os objetos têm nome, a relação se estabelece quando para certo conjunto de letras se atribui o nome do objeto ou imagem que o acompanha.

Porém o nome ainda não é a representação de uma pauta sonora e sim uma propriedade dos objetos que podem ser representados através da escrita, a atribuição depende mais das correspondências que existem na relação com o objeto do que das propriedades daquilo que está escrito. Desta forma um mesmo conjunto de letras significa vaca perto da imagem de uma vaca, sem que se exclua que pode significar também outra coisa se estiver relacionado a outras imagens.

 

3. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS

O ensino da leitura e, particularmente, a importância da literatura na formação pessoal e intelectual do ser humano ainda nas séries iniciais, encontram pouco espaço nos programas de formação inicial e continuada das escolas brasileiras. Este estudo pretende desenvolver atividades que convergem para ações voltadas diretamente para alunos e professores das séries iniciais do ensino fundamental.

Os objetivos gerais do estudo consistiu em formar o leitor autônomo (alunos e professores das séries iniciais), através do estímulo à sensibilidade, criatividade e criticidade e da formação do gosto pela leitura, contribuindo para a construção de uma cidadania plena. Prevê na motivação da leitura nas séries iniciais para a formação de leitores efetivamente comprometidos com a prática social. Tais objetivos podem ser traduzidos nas seguintes ações que vem sendo implementadas paulatinamente.

O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de entender o mundo a partir de uma característica particular ao homem: sua capacidade de interação com o outro através das palavras, que por sua vez estão sempre submetidas a um contexto. Desta forma as autoras afirmam que a recepção de um texto nunca poderá ser entendida como um ato passivo, pois quem escreve o faz pressupondo o outro. Desta forma, a interação leitor-texto se faz presente desde o início de sua construção.

Nas trilhas do mesmo entendimento, Souza (1992) afirma:

"Leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade" (p. 22).

Vislumbra-se em Freire (1989) este olhar sobre leitura quando nos diz que a "leitura do mundo" precede a leitura da palavra, ou seja, a compreensão do texto se dá a partir de uma leitura crítica, percebendo a relação entre o texto e o contexto.

Há que se encarar o leitor como atribuidor de significados e, nessa atribuição, levar-se em conta a interferência da bagagem cultural do receptor sobre o processo de decodificação e interpretação da mensagem. Assim, no momento da leitura, o leitor interpreta o signo sob a influência de todas as suas experiências com o mundo, ou seja, sua memória cultural é que direcionará as decodificações futuras.

Apesar de todos os problemas funcionais e estruturais, é na escola que as crianças aprendem a ler. Muitas têm no ambiente escolar, o primeiro (e, às vezes, o único) contato com a literatura. Assim fica claro que a escola, por ser estruturada com vistas à alfabetização e tendo um caráter formativo, constitui-se num ambiente privilegiado para a formação do leitor.

3.1 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOLA

Se a função do Ensino Médio é preparar o aluno para ser um profissional, e/ou ingressar na universidade, então deve considerar a importância da leitura nesse processo e transformar o aluno leitor passivo em leitor sujeito, pois, só através dessa ação, ele se tornará capaz de construir sua própria leitura e analisar sua visão de mundo.

Além disso, a inserção da leitura, no contexto escolar, deve ser de forma dinâmica e agradável, utilizando e, por exemplo, do caráter lúdico que pode ser dado às estratégias de leitura. Dessa forma, enquanto o aluno "aprende a ler", estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a sociabilidade e a integração. O gosto de ler, portanto, será adquirido gradativamente, através da prática e de exercícios constantes.

Nesse caso, o professor, sendo o principal agente no processo de melhoria da qualidade do ensino, poderá realizar uma série de atividades que favoreçam a aproximação do educando com a leitura, pois ela é a condição essencial para o bom desempenho da linguagem oral e escrita.

É evidente que o aluno poderá encontrar algumas dificuldades no processo ensino-aprendizagem, porém, podem estas ser minimizadas através do esforço e, a partir das relações intra e interpessoais, partilhando das atividades e se integrando no meio sociocultural onde está inserido.

Sabe-se, também, que a escola tem papel fundamental na construção da identidade e da autonomia de cada aluno. Por isso, faz-se necessário, segundo Roberta Bencini (2006, p.31), "trabalhar não apenas leitura, mas todas as leituras que se apresentam no nosso dia-a-dia". Nas escolas em que circulam diversos tipos de textos, os alunos lêem e escrevem mais rapidamente e se tornam capazes de buscar as informações de que necessitam.

O indivíduo é um ser interativo, pois seus conhecimentos se estabelecem a partir das relações interpessoais e intrapessoais, ou seja, é um processo que se dá de fora para dentro. Desse modo, o ser humano se apropria de conhecimentos através da interseção entre aspectos da história pessoal e social. É nesse processo de ensino-aprendizagem que ocorre a apropriação da cultura e o conseqüente desenvolvimento do indivíduo.

Algumas vezes, é importante deixar o aluno livre, em contato com os livros, mas sem cobranças, para que ele encontre sozinho seu caminho literário e usufrua daquilo que vier ao encontro de suas buscas e de seus anseios. Para isso, é essencial que seja oferecido livros próximos a sua realidade e que levantem questões significativas.

O interesse pela leitura pode estar relacionado ao texto, oriundo de uma necessidade que pode ser informativa ou recreativa. Assim, a compreensão da leitura passa a constituir um processo estratégico individual, sob um controle de um leitor cada vez mais hábil, à medida que a pratica.

 

3.2 A IMPORTÂNCIA DO HÁBITO DE LER

Através dos registros escritos descobrimos e aprendemos culturas, histórias e hábitos diferentes, compreendemos a realidade, o sentido real das idéias, vivências, sonhos, etc.

Diante do fato, pode-se considerar a leitura como uma das mais importantes tarefas que a escola tem que ensinar, mas é importante ressaltar que para isso o professor deve ter consciência da necessidade, além de praticar com eficiência o hábito da leitura.

Grande parte das escolas trabalha somente com textos literários e didáticos e muitas vezes selecionam esses materiais de forma burocrática, ou seja, uma relação de interesse entre editora, escola e, até mesmo, professor.

Convém deixar claro que esse tipo de atitude não é de forma generalizada, pelo contrário, existem educadores que realmente desempenham seu papel de maneira responsável, desenvolvendo estratégias e diferentes formas de realizar uma leitura eficiente.

Segundo estudiosos, existem três objetivos distintos para compreender a importância do hábito de ler: Ler por prazer; Ler para estudar; Ler para se informar.través da leitura ealizada com prazer, é possível desenvolver a imaginação, embrenhando no mundo da imaginação, desenvolvendo a escuta lenta, enriquecendo o vocabulário, envolvendo linguagens diferenciadas, etc.

A leitura voltada para o estudo é a mais cobrada pelos professores desde o início do ensino fundamental, apesar de muitos não estarem preparados para desenvolver em seus alunos tal hábito.

A leitura dinâmica e descontraída é uma das melhores formas de adquirir informações. O ideal é que se aprenda a ler textos informativos, artigos científicos, livros didáticos, paradidáticos, e etc.

Thereza Pathrício
Enviado por Thereza Pathrício em 09/02/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T2781157
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