EDUCAÇÃO, MERCADO E DESTINO SOCIETAL

Sucessivos governos formaram o status quo vigente no Brasil em termos de educação. Há muito que as autoridades olvidaram estímulos materiais e psicológicos para a classe dos professores, de essência real e de importante valor para a construção da identidade e desenvolvimento nacionais.

O interesse para essa profissão diminui a cada ano. Somente os extremos passam a permear essa profissão: ou são abnegados ou são aqueles que nada conseguiram em outros concursos e ESTÃO na sala de aula (desagradáveis, despreparados, inconvenientes e desconectados com a educação).

Parece que o MERCADO da educação passou a comandar o processo. O professor universitário (de instituição de ensino superior privada) é cada vez mais exigido (?). Tanto pelos alunos como pelas coordenações/direções. Os alunos, por não terem o devido preparo, tentam transformar o professor em um instrumento de seus ignorantes desejos. Querem subordinar o professor como empregado direto e forçam, cada vez mais, aprovações indevidas. Por outro lado, as coordenações direcionadas para o binômio educação-lucro, exigem professores cada vez menos professores. Transformam essa sublime profissão em instrumento articulado da promoção do retorno financeiro.

Organizações, Mercado, Sociedade e Governo são responsáveis pelo(a): a) descaso na educação; b) ausência de pensar estratégico e c) falta de formulação de modelo brasileiro de educação para o desenvolvimento sustentável do País.

O primeiro quesito já foi abordado nos parágrafos acima. Mas o pensar estratégico ainda não o foi. É sobre ele que se discorrerá agora. Como vislumbrar o Brasil 2030? Como estão funcionando a educação, a saúde, a segurança, a justiça etc.? Há um alinhamento único que fundamenta essas questões: EDUCAÇÃO. Sem ela, pouco se poderá fazer para gerar a devida eficiência e eficácia nas dimensões supraditas. Educação é bem universal, é direito de todos e dever do Estado. Se ela assim está inserida no contexto constitucional e representa desejo legítimo do constituinte e da sociedade, qual é a razão da baixa motivação para pensar estrategicamente o futuro nacional? Por que a extremada dificuldade para reunir ministérios, governos (federal, estadual e municipal) e a comunidade para atingir o que se pretende? Notoriamente, há um descasamento entre o que os governos pensam, o que as empresas querem e aquilo que a comunidade deseja. No entanto, todos almejam alcançar o sucesso. Hilário e trágico, pois não se concentram e não se integram em empreitada conjunta para tornar real esse intento.

Qual é o modelo de educação adotado no Brasil? Precisa-se desse modelo? A cada ano que passa novos livros (caríssimos) são adotados, inclusive com erros didáticos e com (des) construções ideológicas que fogem à dialética e à ética educacional e cívica. O que se pretende com isso? Esqueceram de descobrir o Brasil real. Quais são as reais identidades nacionais? Quais são nossos problemas concretos? O que obstaculiza o desenvolvimento nacional nos últimos cinqüenta anos? Qual é o nosso padrão de desenvolvimento? O que a educação representa para o desenvolvimento nacional? As respostas a essas questões (e para outras nesse sentido) podem apresentar alguns caminhos a seguir. Seguir subentende que ações estratégicas serão implementadas, monitoradas, avaliadas e discutidas para compreender aonde se chegou, vai chegar ou não. Agir e compreender resultados é desejável.

Enfim, necessita-se de DECISÃO societal e de demandar dos governos o que empresários, autoridades públicas e cidadãos já sabem. Todos querem mudar este País, a sociedade tem essa força, mas a baixa capacidade de mobilização dos brasileiros favorece a performance corrupta e fortalece a atuação de autoridades e governos nem tão alinhados com as necessidades, interesses e aspirações do povo brasileiro. A ausência de benefícios reais à sociedade é tanta, que o Mercado passou a dominar a política, imperando assim, na maioria das vezes, os reais interesses do lucro por intermédio de políticas públicas (aparentemente bem apresentadas) geradoras de prejuízos estratégicos socioambientais, políticos e econômicos para o Estado nacional.

Por tudo isso, como afirma Rabaça (2009) , precisa-se dos professores apaixonados, magnéticos e, ao mesmo tempo, dramáticos e doces. Um formador de futuras gerações, ora advertindo-as, ora exortando-as, ora conclamando-as para tomadas de posição enérgicas, sobretudo contra negativismos e más práticas, como o desrespeito em nosso país.

Prescindir dos mestres, das boas escolas e de um sistema educacional alinhado com o pensar estratégico nacional poderá gerar: caos na juventude, estabelecimento da falta de princípios nos cidadãos e promover a crescente desesperança nas instituições e autoridades deste País.

O capital intelectual brasileiro pode, tem condições e possui a necessária força para fugir do destino miserável que vem sendo imposto há décadas.

Boa sorte Brasil. Ainda há brasileiros. Ainda há esperança de um espaço melhor.

AfonsoFariasjr - PhD

Professor/Administrador

AFFARI SOJUN
Enviado por AFFARI SOJUN em 25/02/2011
Reeditado em 04/03/2011
Código do texto: T2815112
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