O PROFESSOR REFLEXIVO

Falar de escola, invariavelmente traz à lembrança a figura do professor. Isso por uma lógica bem simples: todas as pessoas trazem em si alguma recordação de quem, no decorrer da vida, foi capaz de nos estampar na memória a própria imagem. Essa lembrança, para alguns, pode ter uma conotação talvez um pouco negativa por que muitos podem ter encontrado um professor mais intransigente ou, quiçá, autoritário. Entretanto, no decorrer da vida escolar ou acadêmica, certamente existiram também aqueles que marcaram pela sua bondade, pela sua compreensão, pelo seu amor à educação.

Falar do professor faz a mente se perder em divagações e recordar muitos deles que, um dia se fizeram presentes e, hoje, são lembranças. É um momento que convida cada um a fazer uma análise e rememorar formas de ensinar, métodos, didáticas, manias, maneiras de avaliar - assombração travestida de provas e de sabatinas - formas de estabelecer notas e conceitos, fatores determinantes de aprovação ou reprovação.

Hoje, a concepção de professor mudou muito, ele é observado sob um prisma diferente, é visto como educador, como o elemento capaz, que auxilia o aluno na construção do saber e não mais como quem detém a informação, o senhor do conhecimento.

O educador é o professor reflexivo, é aquele que busca seu constante aperfeiçoamento e preocupa-se continuamente com a própria formação para que possa contribuir com seus alunos na descoberta de pontes e degraus que os habilitem a serem autônomos e críticos.

Sua responsabilidade cresceu, e muito, pois as grandes facilidades ofertadas pela tecnologia criaram alunos detentores de informações atualizadas, o que exige do professor todo o empenho para estar sempre preparado para enfrentar desafios. E esses desafios serão cada vez maiores.

Apesar da disponibilidade e do fácil acesso às informações, é tarefa indelegável do professor a preparação de seus alunos para que se sintam seguros diante das mudanças que ocorrem no mundo globalizado, principalmente neste início de século, quando podem ser vislumbrados avanços extraordinários em todas as áreas. Isso exige do indivíduo sua evolução no mesmo ritmo para que possa buscar sua autonomia num espaço competitivo, onde a tônica é centrada no conhecimento e na capacidade de acompanhar e de se adaptar às mudanças.

Ao professor não é permitido construir nada sozinho. Ele depende da escola com sua complexidade, seus antagonismos e suas contradições, para crescer.

E o crescimento do professor começa muito mais cedo. Se o professor, durante sua vida acadêmica, desenvolve o hábito de refletir sobre a própria formação, não só aquela adquirida em sala de aula, mas sua formação cotidiana, calcada nas suas pesquisas, leituras e discussões; forjada na participação em eventos e seminários sobre educação, estará formando um cabedal, bagagem para toda vida e que se irá aprimorando a cada dia, constituindo-se no diferencial exigido para que seja, de fato, um educador, um professor reflexivo.

E esse professor reflexivo traz em si a satisfação de formar e mudar, e isso não só com relação aos alunos, mas também no que concerne à sua própria pessoa, como ser humano que detém o conhecimento, denominado por Edgar

Morin, "conhecimento pertinente" (Os sete saberes necessários à educação do futuro. Brasília, Cortez, 2002), e que é capaz de multiplicá-lo através de uma relação de troca com seus pares e, principalmente, com seus alunos.

Essa relação de troca é facilitada no ambiente da escola. A diversidade ali encontrada contribui para criar, como já vimos, complexidade, antagonismos e contradições, fatores que provocam conflitos, que geram mudanças, que determinam a evolução. É nesse ambiente também que se convive com a informação e com o conhecimento e onde se pode desenvolver a alteridade.

O aluno precisa enxergar nesse ambiente a oportunidade de crescer e aprender e é exatamente o professor reflexivo que vai despertar nele a curiosidade para esse fato, fazendo-o encontrar aí um convívio prazeroso e gratificante.

O professor e a escola precisam transmitir aos alunos o verdadeiro sentido do trabalho em equipe, porque um não sobrevive sem o outro e ambos não sobrevivem sem o aluno. O professor e a escola precisam ser parceiros, porque fazem parte de uma mesma comunidade na qual o aluno é o único protagonista. A escola precisa ser reflexiva, crescer, ser ambiente propício e lugar de construção do conhecimento; o professor tem que ter sempre em mente que a escola se faz de pessoas e falar de escola, invariavelmente traz à lembrança a figura do professor. Isso por uma lógica bem simples: todas as pessoas trazem em si alguma recordação de quem, no decorrer da vida, foi capaz de nos estampar na memória a própria imagem...