ADAPTAÇÃO

Ano após ano, no mês de fevereiro, têm início as aulas nas escolas públicas e particulares em quase todo o Brasil. Um novo ano letivo sugere uma nova distribuição de classes e isso gera um grau de expectativa nos estudantes. Se essa expectativa é maior para quem mudou de escola, é possível imaginar o que representa para os alunos novos.

Ir para a escola pela primeira vez nem sempre é uma experiência agradável, afinal a criança, que está acostumada com o convívio familiar, vai enfrentar uma mudança de fase na sua vida.

Ela vai sair de uma fase chamada anomia, que é a ausência, que é o desconhecimento das regras sociais, para outra fase chamada heteronomia, onde acontecem os primeiros contatos com as regras de convívio social.

É interessante lembrar que não é só a criança que sente essa mudança. Os pais e os professores também precisam estar preparados para enfrentar essa situação. Embora isso seja algo que aconteça todos os anos, não deixa de ser sempre uma situação nova.

Nessa hora a atuação dos pais e dos professores é muito importante, porque representa a condução da criança para que ela atinja uma terceira fase, a autonomia, que é a capacidade de ela agir por conta própria.

Mas isso precisa acontecer de uma forma natural. E para que isso aconteça é necessário um período de adaptação. Adaptação da criança, adaptação dos pais, adaptação dos professores também, porque muitas vezes nenhum deles se conhece.

É importante salientar que esse processo de adaptação não acontece de uma hora para outra, mas é construído paulatinamente no decorrer do ano inteiro. A primeira parte desse processo é alcançada quando a criança já é capaz de ficar sozinha na escola, não exige mais a presença da mãe, já tem segurança em dizer tchau na porta e entrar.

Existem, no entanto, muitos outros pequenos detalhes que precisam ser acompanhados pelos pais, afinal eles são leigos nesse assunto, não conhecem as fases de desenvolvimento da criança e nem as estratégias pedagógicas usadas, então é importante que se construa uma integração entre a família e a escola, entre pais e professores e os pais devem acompanhar os progressos na aprendizagem e na socialização de seus filhos.

Só assim aquela relação de mútua confiança entre a família e a escola vai-se estabelecer entre os pais e os professores e a maior beneficiada em todo esse processo será a criança.

Não se trata de uma fórmula pronta e nem todas as crianças passam por esse processo da mesma forma, por isso pais e professores precisam estar atentos para interferir imediatamente e no momento certo. Essa tempestividade na ação vai evitar que a criança adquira algum trauma e, se houver o assíduo acompanhamento por parte dos pais, isso vai permitir que a criança seja respeitada na sua individualidade.

É preciso lembrar que as atribuições dos pais não podem ser transferidas para a escola e nem a escola pode querer que aquilo que é da sua competência seja resolvido em casa. Se cada um entender e cumprir o seu papel, tudo vai dar certo.