EDUCAÇÃO PARA O SUCESSO



A inaptidão que, às vezes, nos chumba à roda da mediocridade, é, quase sempre, fruto de uma aprendizagem negativa. Da mesma forma que aprendemos a fazer bem feito certas coisas, também aprendemos como não fazer outras com a mesma eficiência.
Para ambas é o mesmo processo neurológico sendo utilizado, contendo as mesmas informações, porém estruturadas de forma diferente. Aprendemos a ser corajosos tanto quanto aprendemos a nos acovardar perante a perspectiva de um perigo. Aprendemos a ser calmos, tanto quanto a ser açodados; aprendemos a ser alegres ou tristes, confiantes ou desconfiados, seguros ou inseguros, ousados ou tímidos, etc., através do mesmo processo de aprendizagem. Tudo depende da forma como estruturamos as informações que geram os nossos “programas, pois conforme essa estrutura nós lhe atribuímos um significado e emitimos uma resposta a ela.

Não descartamos a possibilidade de que as pessoas que conseguiram resultados excepcionais em suas vidas tenham possuído dotes genéticos que as diferenciavam do mortal comum. É evidente que diferenças dessa ordem podem existir. Mas isso não quer dizer que tais criaturas sejam espécimes forjadas nas oficinas dos deuses e a nós outros, pobres seres humanos, só resta olhá-los com inveja e resignação.

Essa, sim, é uma crença inadequada para quem quiser responder com eficiência aos desafios da vida. Pensar assim seria cometer uma grande injustiça contra um Deus que criou uma humanidade com um propósito e um destino: seguir a flecha de uma evolução que se consuma em cada momento de excelência conquistada e recomeça no momento seguinte, quando se vislumbra a possibilidade de conquista de picos ainda mais altos.


Todos percebemos que existe alguma coisa de muito errada no nosso sistema educacional. Que ele não está atendendo as exigências da realidade nacional. Fala-se, com muita ênfase, na quantidade de vagas existentes no mercado de trabalho, que não são preenchidas pela falta de trabalhadores qualificados. E que estamos importando técnicos do exterior, para preencher postos de trabalho de alta relevância para o país, ao mesmo tempo em que exportamos para outros países mão de obra não qualificada, para fazer lá, as tarefas que os naturais da terra já não querem mais executar. O que estamos fazendo? Estamos mandando os brasileiros desqualificados embora e trazendo estrangeiros para fazer o que eles deveriam ter aprendido? Onde essa política suicida nos levará?

Tudo isso nos soa como uma formidável inversão de valores. O que afinal, estamos fazendo com os nossos jovens? Estamos dando a eles uma real oportunidade de ser outra coisa além dos rebeldes inconformados que achamos que são? São eles culpados de não aprenderem nas escolas o suficiente para entrar na vida adulta e sobreviver na arena do profissionalismo com alguma chance de sucesso?

Essas são perguntas que fazemos quando encaminhamos para o mercado de trabalho os jovens que treinamos aqui na AMOA. Se eles têm sucesso nos perguntamos o que os levou a ser bem sucedidos. Se não, o que faltou, o que falhou nesse processo. E a resposta sempre nos aponta para uma direção: o diferencial é a educação. Não a educação formal, feita de informações dispostas num currículo que alguém organizou, achando que elas seriam necessárias para a formação de uma base de conhecimentos, muitas vezes inútil, mas sim a educação para a vida mesmo, feita, de um lado pela aquisição de uma filosofia de utilidade e sentido de responsabilidade para com o próprio mundo em que se vive, e de outro, por um respeito pelos verdadeiros valores que constroem uma nação, ou seja, o empreendedorismo e o trabalho.

Um país é feito por empresas e famílias. Os empreendedores, aquelas pessoas que construíram empresas e criaram famílias sabem do que estamos falando. Não duvidam que o trabalho é a extensão da nossa personalidade. Mais do que isso, é a base que a sustenta e lhe dá a força que faz a diferença. E a empresa, onde executamos o nosso trabalho é, quase sempre, uma extensão da nossa família.

E aqui chegamos onde queríamos chegar com o nosso argumento: é preciso recuperar os valores do trabalho e da família se quisermos que este país tenha, realmente, o futuro que desejamos para ele. Nesse sentido é que conclamamos aos empreendedores que se engajem nesse programa de educação pelo trabalho, que preconiza a Lei 10.097/2000. Ao oferecer, ao jovem aprendiz, uma oportunidade de aprender uma profissão, de assumir responsabilidades, de sentir-se no leme da própria vida, os empreendedores estão, na verdade, fazendo aquilo que, por obsolescência, incúria, ou mesmo ignorância, os responsáveis pelo nosso sistema educacional deixaram de fazer há muito tempo, quando preferiram substituir os valores do trabalho e da educação familiar pelas falsas premissas de uma pedagogia voltada para a protecionismo e a indolência.

Ainda há tempo para corrigir essa formidável distorsão. Mas se a empresa e seus comandantes ficarem à larga desse processo, corremos o perigo de ver, num futuro próximo, um país descapitalizado daquilo que é a sua própria razão de existir: um povo educado, preparado, e capaz de conduzir o próprio destino.(...)

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João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 06/07/2011
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