Educação é conquista

Wilson Correia

Em minha militância na educação, já ouvi várias frases, entre elas: “A educação é reprodutora”; “Educação é tudo”; “A educação transforma”. Acredito que, integrando um projeto transformador de sociedade, a educação pode contribuir para que esse projeto seja bem-sucedido. No entanto, ela não é apenas reprodutora, nem redentora das mazelas sociais.

Nesse sentido, para que, no Brasil, a educação seja transformadora, precisamos de políticas públicas transformadoras para o setor. Ocorre que educação escolar não se faz apenas com professor em sala de aula. Ela é feita por meio da devolução do dinheiro do povo (taxas e impostos) via educação. Será que isso está acontecendo?

Em 2010, só a título de renúncia fiscal, o erário brasileiro deixou de arrecadar 144 (cento e quarenta e quatro) bilhões de reais. Com saúde, educação e assistência social, os cofres brasileiros gastaram R$ 148 (cento e quarenta e oito) bilhões. Pode uma coisa dessas? Depois, quando se fala que o capital privatizou o Estado brasileiro, muita gente finge de desentendido. Mas a realidade é essa.

Também no ano passado, 44% (quarenta e quatro por cento) do orçamento da União foram destinados ao pagamento da dívida pública brasileira, ao tempo em que a educação mereceu apenas 2,89% (dois vírgula oitenta e nove por cento) desses mesmos recursos. Como ficamos diante desses algarismos?

Se contra números há argumentos, então que encontremos os nossos. De minha parte, entendo que a educação está inserida na articulação entre saber e poder. Maior contingente de brasileiros usufruindo os bens da educação significa ampliar a esfera da participação do povo no poder, nas decisões políticas sobre nosso país. Mas isso nossa vetusta elite “liberal” não aceita concretizar.

É por isso que educação nunca foi e não tem sido prioridade coisa nenhuma e em nenhum recanto desses “luminosos” e “profundos” Brasis. E se assim é, que nossa ação seja nosso argumento: em nome dos nossos direitos sociais e da nação mais livre e justa que ainda está por se conquistar.