AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Objetivos

Estabelecer um estudo sobre a aquisição da linguagem e escrita na fase de alfabetização na educação infantil.

Revisão Bibliográfica

Segundo Ferreiro, (1999), o processo evolutivo da escrita é caracterizado por hipóteses. Através da coleta de dados, verificaram-se claramente as hipóteses apresentadas pelas crianças em relação à escrita. Sendo assim, o professor não só deve compreender as hipóteses da escrita, bem como fazer uso de uma metodologia que favoreça a reflexão da criança sobre a escrita para que seja possível problematizar e provocar contradições que irão gerar os avanços necessários para a compreensão do sistema alfabético.

A criança possui um modo particular de aquisição do código escrito. A alfabetização não se realiza da mesma forma para todas as crianças, e para compreender a língua escrita é necessário conhecer o seu funcionamento. Este trabalho tem como objetivo, analisar o processo de aquisição da linguagem escrita pela criança, identificar as fases de seu desenvolvimento e compreender os diferentes desempenhos durante a aquisição da língua escrita na faze de alfabetização.

Para a realização da pesquisa de campo, foram observadas várias crianças pertencentes a uma Escola Municipal de Pontes e Lacerda com a faixa etária de 5 a 6 anos de idade, foi analisado pequenos textos. Diante dos resultados obtidos, pode-se notar que cada criança possui o seu ritmo de aprendizagem diferenciado uma das outras, e que algumas possuem alguns distúrbios no que se refere a aquisição da escrita.

Os problemas de aprendizagem estão relacionados às situações difíceis enfrentadas pela criança, mas com expectativa de aprendizagem longo prazo. Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, e pela intensidade com que este se apresenta fica difícil para o professor diferenciar um distúrbio de um problema de aprendizagem. Portanto estabelecer claramente os limites que separam problemas de aprendizagem dos chamados “distúrbios” de aprendizagem, é uma tarefa muito complicada, que fica a critério do especialista na área em que a deficiência se apresenta.

Aos educadores compete apenas identificar as dificuldades de aprendizagem que aparecem em sua sala e tentar encaminhar para uma solução eficaz. Conforme o texto analisado pôde-se observar que, são fatores que desencadeiam problemas na aprendizagem, como distúrbios de Articulação: comecemos pela Dislalia que são as trocas mais comuns são as fonêmicas, pore exemplo:

/r/ /l/ = barata/balata claro/craro

/b/ /p/ = bola/pola

/f/ /v/ = faca/ vaca

/t/ /d/ = tapete / dapede

/k/ /t/ = (som de ca) casa / tasa

/z/ /s/ = som (za) casa / cassa

/g/ /k/ = gato / kato

Muitos pais e ate mesmos professores não percebem essas ocorrências por simplesmente não conhecerem os seus sintomas, e que só vão aparecer no período da alfabetização. Pode ser qualquer troca ou dificuldade na articulação, ou pode ser uma falha na discriminação auditiva (vibração dos sons) ou ate mesmo uma anomalia inata que causará um distúrbio articulatório e uma incapacidade dos órgãos fonoarticulatórios. Outro distúrbio é o Sigmatismo . Vejamos o que diz Cunha:

A comunicação humana é a capacidade de transmitir ideias, experiências, necessidades, conhecimentos e sentimentos. Esta transmissão pode acontecer de diversas formas, como: gestos, movimentos corporais, faciais e, basicamente, por sons – a fala. Os sons, por sua vez, são gerados pela combinação harmônica de várias. O Sigmatismo ocorre com a produção incorreta de certos fonemas – / s / e / z /, / x / e / j / – quando a língua acomoda-se em diferentes posições, causando distorções variadas. A ponta da língua pode se projetar anteriormente, entre os dentes, ou na lateral. Esse distúrbio está associado a desordens e alterações que podem ocorrer com adultos ou crianças, tais como: idade, problemas em órgãos fonoarticulatórios, alterações craniofaciais e dentárias, alguns hábitos e características que incluem respiração bucal, sucção prolongada de chupeta, mamadeira ou uso de próteses dentárias, dentre outras causas. Para Cunha alguns famosos apresentam o sigmatismo anterior, como o Ex - Presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Ministro Antônio Palocci e o cantor Luiz Carlos, da Banda Raça Negra: Fonte: As Diversas Faces do Sigmatismo. Marta Borges Cunha.

Quanto aos distúrbios da leitura e da escrita temos a Disortografia que se caracteriza pela dificuldade de orientação no tempo e no espaço; a criança apresenta falhas de coordenação motora e como resultado, aglutina palavras ou comete omissões; durante o processo de alfabetização, comumente inverte sílabas (per-pre) ou algarismos (32-23) ou troca letras (f-v / p-b). E a Dislexia que confunde letras semelhante na forma (p-q) ou no som ( j-g), e também a troca de silabas ( telefone – telelone). Já a Disgrafia não tem um senso de direção, sua letra é ruim, apresenta irregularidades, às vezes muito forte e outra muito fraca. E por fim a Disfonia, onde a criança fica rouca com muita frequência, lê e fala muito alto.

Vemos que a língua portuguesa tem as suas complexidades por apresentar uma grande variedade de letras que oferecem fones análogos; fato este que provoca muita confusão nas crianças em período em que estão em fase de alfabetização, quanto ao grafar das palavras, ao encontramos esses textos é necessário principalmente entender o que leva esses alunos a cometer tais erros. Portanto devemos entender que eles estão na fase de aprendizado, e com base nesses termos iremos analisar as ocorrências na fonética e fonologia nesse processo de aquisição da escrita. Aqui trataremos apenas das oclusivas.

Em um determinado texto o aluno ao relatar a suas férias de fim de ano, observe que ocorrem várias trocas de consoantes e vogais. Destacamos alguns vocábulos para melhor entender. Vejamos a seguir: (correndo > correndo) o aluno ao escrever a palavra ele troca a consoante de /rr/ por um /r/ em que tem o mesmo som. Fricativa alveolar desvozeada. /correndo/ (i, e) a variação na vogal /e/ tem o som de /i/ ela é anterior ,media-alta, não- arredonda /e/. (sentiu> sentio) o som da consoante é de /c/ e a vogal é de /u/, porém na ortografia seria a consoante /s/ fricativa desvozeada, alveolar, a vogal /o/ posterior, media- alta, arredondada. Verifica-se neste vocábulo (porcu> porco) a troca da vogal /o/ pelo /u/ é oclusiva desvozeada, alveolar. /’porko’/. (leiti, leite) ouve uma troca na vogal /e/ pelo /i/ essa palavra é tepe vozeada, labiodental. /leite/ (i, e) a variação na vogal /e/ tem o som de /i/ ela é anterior, media-alta, não arredonda /e/. (corendo > correndo) o aluno ao escrever a palavra ele troca a consoante de /rr/ por um /r/ em que tem o mesmo som. Fricativa alveolar desvozeada. /correndo/ (caza> casa), ele troca o /s/ pelo /z/ por que na realidade o som de /z/ é fricativa alveolar vozeada e a forma correta em fonética e fonologia séria /kaza/. (pasado> passado) o som de /s / é de /z/ e a forma de ortografia correta é de dois /ss / porém, em fonética e fonologia estaria correta a palavra. Ela é fricativa alveolar desvozeada / passado/. (sou>sol) ouve a troca da consoante /l/ que tem o som de /u/. Fricativa desvozeada dental ou alveolar. /’sa£’/. (xegou>chegou) o certo de escrever é com /ch/ aluno escreveu com, /x/. Fricativa desvozeada, velar./’Segou/.

Metodologia

Foi usado o seguinte procedimento para a elaboração deste trabalho: Analise de pequenos textos coletados de crianças da faixa etária de 5 a 6 anos de idade de uma escola do Município de Pontes e Lacerda – MT. Pelo que pudemos compreender as dificuldades enfrentadas por essas crianças na faze inicial de aprendizagem.

Discussão Dos Resultados

Conforme apresentado o trabalho procurou-se entender os problemas resultantes da dificuldade que as crianças apresentaram na aquisição da fala e da escrita. Observou-se que apresentaram alguns distúrbios, que consequentemente não permitiam a sua evolução no aprendizado, onde os erros foram apontados. Através de analise foi identificados os problemas relacionados a fonética, conforme apresentado neste relatório.

Conclusão

A seriedade de se aperfeiçoar o ensino da Língua Portuguesa tem se tornado cada vez mais relevante para que não se perca também a história que a envolve, Levar para a sala de aula as novas descobertas para um melhor aperfeiçoamento da nossa língua. Estudar e empregar o uso correto da fonética, merece uma importância cada vez maior, pois ela sempre estará presente na história do nosso idioma. O resultado deste relatório foi decorrente de leituras, orientações e pesquisas, o que nos levou a refletir no que se pode ou não melhorar no aprendizado no período da alfabetização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAMARA JR., J. Mattoso. História e Estrutura da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro:

FERREIRO, E. Com todas as letras. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2003.

CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo; Scipione, 1998.

DEVINE, M. A fala do bebê e a arte de comunicar com ele. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2009.

FERREIRO, Emília; PALÁCIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita: Novas perspectivas. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

AMARAL, Emília; PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do; ANTÔNIO, Severino. Português. São Paulo: Nova Cultural, 1994.

FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Walter Aparecido Gonçalves
Enviado por Walter Aparecido Gonçalves em 03/09/2011
Reeditado em 04/09/2011
Código do texto: T3198364
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