DISCIPLINA uma palavra vazia

Palavra anatematizada pela chamada “escola nova” e por todos seus discípulos e pionei-ros, desde Rousseau até nossos áulicos tupiniquins, todos eles apologistas da “liberda-de” na educação da criança; do respeito aos “interesses infantes”; do perigo da “influên-cia do adulto” sobre o desenvolvimento natural e espontâneo da criança; da “deturpação da natureza infantil” pelos efeitos deletérios de qualquer espécie de ensino.

Tais idéias, impostas como “verdades” no ideário pedagógico e sistematizadas por pesquisas um tanto açodadas, não admitiam contestações. Como consequência, a hie-rarquia emaranhou-se numa ambiguidade estranha e o desprezo espúrio pelo autorita-rismo alijou o respeito, desconsiderando a autoridade como elemento importante, im-prescindível e necessário em qualquer instituição, sobretudo na família e na escola, pois todo ato pedagógico depende de uma intervenção, isto é, de uma escolha.

Sabe-se que tal assunto não é novo, mas aflora de vez em quando, como ondas provocadas por situações socioeconômicas do momento. Haja vista, o grande sucesso do livro “Liberdade sem Medo”, para o qual o próprio autor tratou de colocar limites em livro subsequente, tendo em vista o mal-estar provocado por suas idéias, principalmente, em seu país, cujo ministro da educação escandalizou o mundo ao desejar desenterrar a palmatória e o chicote, diante do comportamento inusitado e surpreendente de crianças educadas sob o signo daquelas idéias que modernizaram e inovaram os velhos e ultra-passados conceitos de liberdade na educação.

Ainda hoje, repercute a estupefação e a ira dos educadores da “era da liberdade sem medo” diante de duas visões convergentes: uma, a afirmação de Miss Pakhust, a inspi-radora do Plano Dalton: a criança que faz o que quer não é uma criança livre, pelo con-trário, se acha exposta a ser escrava de maus costumes, egoísta e completamente inútil para a vida da comunidade; outra, a de Peter Berger e Thomas Luckman, quando asse-veram que outros significativos, emergentes em estrutura social objetiva, que se encar-regam da socialização da criança, são-lhes impostos.

Esta verdadeira “volta à natureza” que se constitui numa tendência universal, sobre-tudo nos Estados Unidos e Inglaterra e países dependentes, como o Brasil, além de im-plantar a impunidade no ambiente familiar e escolar, consiste, inegavelmente, numa das principais causas da violência nas escolas.

carlosmorais
Enviado por carlosmorais em 27/09/2011
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