"Desabafo de quem luta pela Educação de Qualidade"
Como é possível após tantas experiências em relação ao aprimoramento da nossa educação paulista, que até então, não levou o ensino a quase nada, em relação à melhora, surgir, no momento, uma nova matriz curricular a ser discutida pela rede para o ensino médio? Não é possível que mais uma vez nossos intelectuais na gestão da educação possam concordar com tamanha aberração. Pasmem! A introdução da língua espanhola no EM! A língua portuguesa está uma vergonha! A língua inglesa é iniciada no quinto ano com inúmeras falhas. O aluno vai capengando dali até ao EM sem saber sequer empregar o verbo to be corretamente. Falar em produzir um pequeno texto, ou verter esse, é ainda muito mais deficiente! É como se estivéssemos falando em hebraico! Isto porque eles falam bem ou mal, mas falam português no quotidiano! Aprender inglês ou espanhol para falar apenas na sala de aula não leva a nada! Foi cogitado de onde importarão os mestres para ocupar em todo o Estado as vagas para essa disciplina? Como é possível introduzir uma disciplina no currículo se a formação dos professores está aquém do número de aulas a serem atribuídas?Será mais um emperramento na educação se o ensino da língua espanhola fizer parte do currículo! Até aqui é apenas uma língua estrangeira estudada, a inglesa, mal distribuída, pois esta deveria ser iniciada desde o primeiro ano escolar para que tivesse efeito, durante a escolaridade do aluno, mesmo não sendo a língua comumente falada, porém seria um tempo maior em contato com ela. Do jeito que está defasado o nosso EM com a introdução desta nova disciplina, com certeza, não haverá melhora! Ainda mais que ela será apresentada apenas nas duas últimas séries de estudos, sob o pretexto de promover uma formação integral do jovem e torná-lo mais preparado para o Mundo do trabalho e buscando diminuir a evasão conforme o exposto pelos intelectuais. Quem se prepara em dois anos, com uma ou duas horas semanais de estudos? Eles estão redondamente enganados! Essa filosofia não cabe na educação paulista por enquanto! Quem em dois anos com duas horas aulas semanais, não sabemos ainda, enriquecerá tanto seus conhecimentos para sobressair-se nesse Mundão Globalizado? Esta nova proposta será o caos conforme anuncia! É bom que nosso aluno seja poliglota, mas sem cobrir o Sol com peneiras, não é? Os intelectuais não sabem ou não querem enxergar que nossos mestres, uma boa maioria deles, não falam inglês como deveriam falar? Mesmo porque possuíram parco conhecimento, por essa língua ser apresentada apenas a partir do quinto ano, ou série, outra bobagem, e não têm condições de frequentar um curso para aperfeiçoar-se nesta ou naquela língua!Como passarão a ensinar a língua espanhola se não estudaram na formação superior, período, também bastante escasso para que se aprenda uma língua e seja capaz de ensinar? Se estudaram são poucos,pois é pouca a oferta e não serão suficientes para preencherem as vagas na rede. Nossos professores, uma grande maioria, não dominam a disciplina, apenas seguem aquele livrinho com respostas prontas, às vezes com incorreções, isto porque foram elaborados por mestres no assunto! Não podemos culpar os professores, não! Eles são também, na maioria, produtos desse EM que está aí na nossa rede que vem se arrastando há bastante tempo sem saber escrever com correção e clareza! Matriculam-se no curso de Letras Anglo Portuguesas, muitas vezes antes de se formarem já estão ensinando o mínimo do mínimo exigido no plano de ensino, feito em grupos no início do ano letivo e que muitos deles se desesperam quando são levados a pegarem essas aulas, especialmente nas séries finais, por não terem a devida formação.São professores sem firmeza na disciplina e não produzem quase nada! Temos que levar em consideração que esses professores da Rede não estão preparados para lecionarem a língua espanhola no momento. Será mais uma frustração e um mascaramento que pode ser evitado.Em primeiro lugar, é necessário que a língua espanhola seja colocada nos currículos das Universidades para que o professor se prepare,para daí, então, a Secretaria colocar a disciplina no currículo, não nas duas últimas séries do EM, mas desde o primeiro ano escolar, ou já um pouco tarde a partir do terceiro. É impossível acreditar que a proposta em discussão foi apresentada por professores da Rede com a supervisão da CENP. Se isso realmente aconteceu foi decisão de uma minoria privilegiada que domina tanto inglês quanto espanhol e não terá dificuldades em ensinar, destoando da maioria, que como disse há pouco não domina sequer a língua inglesa. Sabemos que alguns alunos da rede pública estudam inglês em curso particular e então, para demonstrarem melhor status social trazem à sala de aula algum conhecimento que amedronta o professor despreparado. Sem comentar a depreciação que ocorre em relação aos colegas. Isso é notório em todas as três áreas: Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza, Matemática e Ciências Humanas. Temos que acordar para o problema sério da educação paulista e brasileira. Não é a diversificação das áreas de estudo que atinge a educação paulista e do Brasil, mas, sim, o despreparo de grande número de professores. A principal meta a ser alcançada não deveria ser a média 6,0, se não me falha a memória, para 2022, mas um investimento sério na formação de professores competentes para daí, então, reformular o currículo. Urge uma estruturação com firmeza, levando o professor à sala de aula para suprir as falhas que o acompanham durante a sua formação, dos primeiros anos escolares ao EM e, por que não do amontoado de faculdades dispostas a diplomarem a cada ano muitos professores. São eles produtos desta educação continuada e que vão sendo empurrados série após série com a barriga, fazendo o mesmo como professor, pois quem não tem não pode dar!Vimos que o investimento através da educação à distância não está surtindo os resultados esperados. O Estado aplica fortunas com cursos de aperfeiçoamento e tudo continua na mesma, isto por que nosso mestre, também precisa adquirir outros valores, entre eles, a humildade, para assim que surgir qualquer obstáculo seja capaz de ultrapassá-lo com seus próprios conhecimentos, ou então, recorrer a outrem para superar a falha! Não adianta a Secretaria de Estado da Educação representada por seus intelectuais desejarem uma escola melhor, ficarem discutindo nos gabinetes tais e tais mazelas, porque ninguém melhor do que eles sabem como que elas se apresentam. Nada vai mudar, sem antes eles não abraçarem como prioridade a formação docente nas Universidades e nessa população que está aí deformada, atuando na rede, se não serem agraciados com o devido socorro, partindo de soluções desses responsáveis pelo bom andamento da “Educação”, encontrando meios para uma melhora significativa. Não haverá reforma educacional que dê jeito, pois sem o preparo dos mestres não há ensino eficiente! Entretanto, para minimizar essa deficiência é possível ao professor com responsabilidade utilizar o ambiente de trabalho para melhorar sempre mais a sua formação, pois ele deve continuamente se atualizar sobre as novas metodologias de ensino a fim de desenvolver práticas pedagógicas eficientes. Para isso, como afirmamos acima, é necessário o interesse do professor, primeiro como agente para um aprender contínuo e em segundo, usufruir da escola como lugar de crescimento profissional permanente. Os professores sabem quais horários são importantes para esse estudo a fim de se aperfeiçoarem e darem início a uma resposta a essa educação esfacelada, mas que essa resposta nasça de uma análise e reflexão da nossa realidade cotidiana. Assim poderemos falar em Educação de qualidade, não é?
Maria Augusta da Silva Caliari
Maria Augusta da Silva Caliari
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 18/10/2011
Reeditado em 14/12/2015
Código do texto: T3284732
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