Dia Internacional da Mulher

O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Noel Alves Constantino*

É bom recordar um pouco da história do Dia Internacional da Mulher. Sempre que se recorda,compreende-se melhor a realidade. Percebe-se cada vida no contexto da sociedade. Revigoram-se os pensamentos, na procura de ações saudáveis e efetivas para a melhoria de convivência. Analisa-se o simbólico por meio do real, estruturando-se melhores práticas no presente, para exitosamente ampliar as visões de futuro.

Esse dia foi criado em homenagem a 129 operárias que morreram queimadas em uma ação policial, realizada para conter uma manifestação em uma fábrica de tecidos. Essa legítima e justa manifestação aconteceu no vetusto e histórico dia 8 de março de 1857, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Essas mulheres, verdadeiras heroínas, reivindicavam a diminuição da jornada de trabalho de 14 para 10 horas por dia e também o direito à, até então, sonhada licença-maternidade.

Convém destacar que essa data não se restringe à mera e singela comemoração, no Brasil ou em outro país. Mas sim, serve para promover a organização de debates, reuniões, palestras, mesas redondas, etc., nas mais diversificadas instituições, visando à conscientização de homens e mulheres acerca dos verdadeiros, imprescindíveis e notórios papéis que a mulher sempre exerceu, vem exercendo e a sua perspectiva de futuro na sociedade.

Assim, várias bandeiras de luta são priorizadas pela mulher. Luta-se com valentia e garra para acabar com as idéias preconceituosas, depreciativas e estereotipadas contra a mulher. Luta-se para acabar com os ranços machistas e autoritários inseridos nos ambientes de trabalho. Luta-se contra o sofrimento imposto às mulheres pela violência masculina. Luta-se em prol da ascensão salarial e merecida da mulher. Luta-se pela eliminação de planos arcaicos de carreira que prejudicam a mulher. Luta-se por postos de trabalho ainda considerados inacessíveis para a mulher. Luta-se pelo direito à jornada de trabalho condizente à mulher. Enfim, luta-se pela valorização individual, social, cultural, política e ideológica da mulher, qualquer que seja o seu afazer, onde quer que ela esteja e em qualquer situação.

Ainda há mulher que só pensa em bordar, fazer a comida, copiar a receita do bolo, esperar o marido com o jantar, lavar as suas roupas, ser eternamente submissa ao esposo, etc... Há também o homem que apenas executa o seu trabalho fora de casa, recebe o salário, sustenta a família, continua o cabeça do casal, o autoritário, o chefão em casa etc... Analise bem essas situações e tente elaborar conclusões. Acredita-se que uma delas pode ser registrada. É a de que esse homem e essa mulher tradicionais já estão desaparecendo, principalmente no convívio da sociedade urbana.

O mundo exige que se esteja preparado para a transitoriedade, para a inovação e também para a mudança. E nesse processo, a cooperação e a solidariedade podem ajudar no pleno desenvolvimento humano. Por isso, não se aceita mais o fragmentário e o dicotômico, separando homens e mulheres, rotulando-os como adversários ou inimigos, para manter a faláciae mentirosa superioridade de um sobre o outro.

As soluções para os nossos problemas precisam ser tomadas em conjunto. Faz-se necessário articular os micro-mundos do homem e da mulher. Para isso, conhecer as diferenças, as semelhanças e as individualidades tornam-se cada vez mais importantes. Saber que no interior do masculino e do feminino são gerados pensamentos que se transformam em práticas diferenciadas ou mesmo antagônicas, mas que se completam na cotidianidade e que, bem trabalhadas, podem produzir ações harmoniosas, eqüitativas e saudáveis.

As atividades do dia-a-dia precisam ser negociadas para serem realizadas tanto pelo homem como pela mulher. Depende apenas de acordo por meio do diálogo, que é o fruto insubstituível dessa negociação. E nesse diálogo, a renúncia e a aceitação são elementos essenciais, para democraticamente eleger o que se pretende fazer. O resto é acessório e de valor irrisório. Por isso, deve ser estabelecida e mantida a interdependência entre homens e mulheres. E essa interdependência precisa respeitar a autonomia, o desejo e a afetividade de cada um.

Portanto, nossas saudações, reconhecimentos e esfuziantes parabéns à mulher brasileira pela sua força geradora da vida, trabalhadora, educadora permanente, ativa, lutadora incansável, avó, mãe, irmã, filha, solteira, casada, descasada, viúva.... Mulher-ternura, mulher-paixão, mulher-carinho, mulher-liberdade, mulher-amor, mulher-companheira, mulher-líder, mulher-gratidão e mulher-inconformada, ontem, agora e para sempre pela coragem, determinação e altivez!

Noel Alves Constantino é escritor, pedagogo, psicanalista e professor efetivo nos cursos de licenciaturas e pós-graduação do IFRN.

Joraida Freitas e Noel Alves Constantino
Enviado por Joraida Freitas em 09/03/2012
Código do texto: T3545373