PARA NÃO DAR CERTO

William Pereira da Silva

Depois que os fatos passam ao longo dos tempos temos as respostas para muitas de nossas indagações. São trinta e dois anos de magistério vivenciando uma educação sempre em crise, embora com problemas solucionáveis, porém nada é feito para elevar a educação para um patamar de qualidade superior. As respostas aparecem quando lemos um artigo como o da revista Veja de Gustavo Ioschpe 'Nossa escola não é feita para dar certo'. (http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/nossa-escola-nao-e-feita-para-dar-certo)

Faço uma retrospectiva no tempo para lembrar os inúmeros projetos apresentados por mim e meus colegas professores, pelo menos na realidade que atuei, todos nossos projetos foram extintos. Todos foram desprezados e forçados a acabarem. Tudo foi feito para não darem certos.

Percebo o corporativismo atuando nas escolas públicas Estaduais, grupo de pessoas voltadas única e exclusivamente para defender interesses pessoais e partidários, qualquer que seja o projeto ou atividade que venha a contrariar seus interesses é imediatamente desprezado, mesmo que isso venha a prejudicar milhares de alunos. Esses grupos atuam eficientemente somente no que se relaciona ao financeiro da escola, neste setor qualquer que seja a pessoa envolvida, terá total apoio nas suas atividades, entretanto os outros setores da escola geralmente não sabe como os recursos são utilizados e para onde são destinados.

Imaginemos uma escola que tenha toda uma infraestrutura para seu funcionamento, mas para satisfazer a um grupo vários setores estão fechados. Alunos protestam, professores reclamam, mas tudo permanece como esta, o interesse é fazer a escola funcionar o mínimo possível para que este grupo possa ter o controle geral, a lei do mínimo esforço, quantos mais salas fechadas, laboratórios, auditório, etc., menos esforço, planejamento e recursos humanos e financeiros serão utilizados, sendo exclusivamente prejudicados os alunos.

Gustavo Ioschpe afirma: - Há, é claro, as exceções. O professor apaixonado pelo que faz que dê duro independentemente do salário, da carreira desanimadora, dos alunos desmotivados e dos colegas que o pressionam para se aquietar. O diretor comprometido, que se orgulha de fazer uma grande escola e seleciona profissionais que comprem essa batalha. Os alunos e seus pais que querem melhorar de vida e sabem que precisam de educação de qualidade, que lutam contra a pasmaceira. E os políticos comprometidos com a próxima geração, e não com a próxima eleição. Mas esses são minoria, e o sistema está contra eles. Enquanto a lógica do sistema não for alterada, todas as ações pontuais para melhorá-lo — da lousa eletrônica ao salário mais alto — provavelmente irão para o ralo. Acredito que o quadro só mudará quando a população passar a ver a educação brasileira como ela realmente é. Somente aí poderemos esperar a pressão popular por uma educação de qualidade, que gerará incentivo para que políticos cobrem desempenho dos funcionários do sistema. Ou seja, o problema é seu. Está esperando o que para fazer alguma coisa?

PROFESSOR WILLIAM PEREIRA DA SILVA
Enviado por PROFESSOR WILLIAM PEREIRA DA SILVA em 20/05/2012
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