APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS SOBRE A ESCOLÁTICA

A história da Idade média é representada por profundas investigações sobre o pensamento filosófico, filosófico – religioso, diga-se de passagem. Afinal de contas, sem termos a pretensão de caracterizar esse momento como “obscuro”, podemos afirmar que foi exatamente nesse momento que tivemos os primeiros passos para o surgimento de grandes intelectuais e, ou pensadores. Muitos deles para tanto, tiveram que se desvincular da Igreja Católica, até então a única representante dos cristãos. Ainda aqui, floresceu e se afirmou o desligamento da Filosofia com a religião. Mas, antes que isso viesse a acontecer, acompanhamos longos anos de um domínio dos pensamentos religiosos sobre os racionais, prática defendida e divulgada pelos representantes da Escolástica.

Acompanhemos um pouco sobre esse sistema de pensamento religioso. A Escolástica tem, segundo os estudiosos desse período, dois significados. Um limitado, significando o ensino de disciplinas nas escolas medievais. Estas eram divididas em dois momentos, a saber: o trivio: gramática, retórica e dialética. O segundo momento é o quadrívio: aritmética, geometria, astronomia e música.

A segunda definição que chamamos de geral nada mais é do que todo um sistema de pensamento adotado pela Igreja Católica durante todo o período medieval. Vale dizer que esse sistema de pensamento era essencialmente cristão, afinal de contas tudo o que fizessem ou procurassem fazer era voltada para uma busca de respostas que justificassem a fé na doutrina ensinada pelo clero, guardião das verdades espirituais.

Essa busca sempre colocava a fé sendo superior a razão. Ideia já demonstrada por Santo Agostinho e reforçada, mesmo com poucas diferenças, por Santo Tomás de Aquino, um dos maiores representantes desse momento que se estendeu até o final do século XVI, quando tivemos o primeiro baque da Escolástica medieval.

Mas, ainda falando de definição do termo podemos dizer que ela é o resultado de estudos mais profundos da arte dialética, a radicalização desta prática. No começo seus ensinamentos eram disseminados nas catedrais e monastérios, posteriormente eles se estenderam às Universidades.

Com isso a filosofia da Antiguidade Clássica ganha então feições judaico-cristãos, já iniciados a partir do século V, quando se sentiu a necessidade de se mergulhar mais fundo em uma cultura espiritual que estava se desenvolvendo rapidamente, para assim dar a estes princípios religiosos um caráter filosófico, vindo a colocar o Cristianismo no âmbito da Filosofia. Acompanhamos com isso as diversas tentativas de racionalização do pensamento cristão, surgindo aqui os dogmas católicos, os quais foram sendo, aos poucos impostos as pessoas, levando a mentalidade clássica dos gregos a formarem e divulgarem conceitos como ‘providência’, ‘revelação divina’, Criação proveniente do nada’, etc.

Dentre essa tentativa de harmonizar conhecimento religioso (fé cristã) com conhecimento racional (filosofia), o Agostinho, mais tradicional, afirmava e clamava por um predomínio da fé, em função da razão. Já Tomás de Aquino acredita na independência do pensamento racional no momento de buscar as respostas mais apropriadas, mas sempre na perspectiva de que se deve dá prioridade a fé.

Ora, mas as disciplinas referidas acima poderiam ser ensinadas de toda forma, em qualquer espaço e de qualquer forma? Como era ensinado? O método adotado pela Escolástica se traduz através do ensino, obedecendo aos conceitos do lectio (o mestre domina a palavra). No disputatio, se verificando o debate livre entre o professor e seu discípulo. Temos ainda as formas literárias. Com elas predominam os comentários, nascidos do lectio, que por sua vez originam as Summas, permitem ao autor se ver um pouco mais livre dos textos. Por último aparecem as quaestiones, vindas à luz por meio da disputatio. A mais conhecia das Summas é a Summa Theologica de São Tomás.

Nunca é demais lembrar que a Escolástica foi influenciada pela Bíblia, pelos filósofos da Antiguidade e também pelos Padres da Igreja, escritores do primeiro período do Cristianismo oficial, que detinham o domínio da fé e da santidade.