O caso UNILA

Wilson Correia*

Tenho acompanhado, apreensivo e desolado, as ocorrências envolvendo nossos colegas de academia da UNILA.

A primeira invasão (veiculada aqui: http://www.viomundo.com.br/denuncias/policia-invade-moradia-de-estudantes-da-unila.html) é de uma monstruosidade sem par. Lembra-nos aquelas coisas da Idade Média, as ações do Nazismo e, mais próximo de nós, as atrocidades da ditadura militar brasileira (1964-1985).

A segunda “abordagem”, pelo que vi (aqui: http://videolog.tv/video.php?id=794200), é uma peça macabra, que só alimenta programas sensacionalistas que, considerando-se acima do Estado democrático de direito, abusam do poder de informar e vilipendiam os mais comezinhos direitos da cidadania.

Claro que essas ações à “la barbárie” midiática me preocupam. Porém, o que mais me deixa sem fôlego é a indiferença da sociedade para o que está acontecendo e, sobretudo, de nossas “autoridades”.

MEC, cadê você?

Justiça, Ministério Público, Polícia Federal... cadê vocês?

Professores, onde vocês se encontram?

Entidades de Direitos Humanos, será que teremos que recorrer às entidades protetoras dos animais para que alguma sensibilidade se excite e comece a defender humanos com a mesma energia com que alguns defendem os considerados irracionais?

Estudantes, o que estão fazendo na UNILA é algo que pode se voltar contra vocês a qualquer momento, lugar e circunstância. Por que razão não se manifestam?

Meu deus!!!

Apenas a primeira invasão da UNILA já apresenta motivos suficientes para que tivéssemos saído às ruas.

Mas não! Todos estamos a esperar que o caso se resolva por si só.

É bom que refresquemos nossa memória: muitos foram presos, torturados, exilados, sumidos, mortos, alquebrados e espezinhados em sua dignidade para que essa frágil democracia brasileira se instituísse como patrimônio nosso e como nosso maior projeto de sociedade.

Assistir ao que esses estudantes estão passando, sem descruzar o braço, não passa de indiferença criminosa.

Façamos algo.

E que o nosso desespero, uma vez mais, denuncie que nosso mundo é cada vez pior por conta dos bons braços que, “indiferentes”, permanecem cruzados aqui, ali e em todo lugar.

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*Wilson Correia é Doutor em Educação pela UNICAMP e Adjunto em Filosofia da Educação na UFRB.